Resenhas - Conversa sobre o tempo

Lodir 23/07/2010

Uma inteligente conversa.
Quando conheci esse livro, ele naturalmente me chamou a atenção, já que tinha o nome de Luis Fernando Veríssimo na capa, um dos meus autores preferidos. Quando procurei ler sobre o que ele se tratava, tive um surpresa agradável: o livro trata-se de uma proposta inovadora, onde a editora Agir coloca dois intelectuais e escritores para uma conversa fabulosa que renderia um excelente livro, e realmente rendeu.

Em "Conversa Sobre o Tempo", temos Veríssimo e Zuenir Ventura frente à frente com Arthur Dapieve, onde esse último serve de entrevistador e mediador da conversa. Nunca tinha ouvido falar de Zuenir até descobrir esse livro, mas apesar de não ter lido nenhuma obra dele, pude adquirir um pouco de admiração por sua pessoa, depois desse livro todo de entrevistas.

Em uma fazenda isolados por 4 dias, os três passam todo o tempo conversando sob um gravador; os temas já estavam combinados, mas naturalmente fugiram o tempo todo. Veríssimo mantêm sua fama de que fala pouco, e Ventura está sempre roubando a cena, falando pelos cotovelos deixando pouco espaço para os outros. Quando Veríssimo fala, no entanto, são sempre palavras interessantes. Ele não é muito de dar entrevistas e nunca encontrei uma decente com ele. Foi bom, então, poder ler um livro nesse estilo com ele, onde descobri muita coisa interessante da vida desse escritor que já li quase toda a obra, e por quem tenho uma grande admiração.

Há muitas revelações sobre a juventude dos dois, incluindo amores, sexo, a época de escola, o início de carreira... Gostei da parte sobre os amigos e a família. Conhecemos mais da relação de Luis com o pai, Érico. A parte de futebol é um pouco cansativa, ao menos para alguém que, como eu, não gosta do assunto. Política também deve ser vista assim por quem não se interessa, mas é um momento do livro essencial para compreender quem são esses dois escritores, sua vasta cultura e inteligência. A parte final, sobre morte, ganha destaque por ir além desse assunto: além de descobrir o que eles pensam sobre a morte já próxima, temos uma ótima discussão sobre religião e superstição.

Enfim, é realmente uma conversa sobre o tempo, sobre o passado e uma recapitulação da vida desses dois senhores que já são velhinhos. Para quem é fã de um deles ou até mesmo de nenhum, será um ótima leitura por tratar-se, na verdade, de um longa e inteligente conversa ou entrevista. Para quem é fã de algum deles, trata-se de uma grande oportunidade de conhecer mais do seu autor preferido, mas dessa vez fora de textos de ficção. Recomendado.

Well.Barros 06/05/2021

Podcast à moda antiga.
Uma conversa entre 2 amigos, guiada por um terceiro. Um podcast para degustar com os olhos.

Ed Siqueira 30/06/2011

Um relato de pé de alpendre
Dois amigos encontram um terceiro para falar sobre a vida. Os cuidados com a família e o trabalho, as expectativas sobre o país, o que viram, o que esperam ver, o que deixarão de ver.

Que os amigos sejam o cartunista (e escritor) Luis Fernando Verissimo e o escritor (e jornalista) Zuenir Ventura, e seu terceiro amigo seja o especialista em arte, cinema e cultura (e jornalista) Arthur Dapieve, é mera coincidência, importante é o modelo, de uma conversa entre amigos, mais importante que as curiosidades biográficas de uns e outros.

CONVERSA SOBRE O TEMPO é um relato de pé de alpendre, de capoeira, de mesa de bar, conversa aberta e valiosa ao relembrar que ninguém caminha sozinho, nem por propósito, nem por acidente.

Thiago 02/07/2011

Calmaria
É uma conversa sobre o tempo - vejam bem - sem (muitos) remorsos. O livro cativa em vários momentos. São dois corações conhecidos vistos de uma outra forma. É um formato diferente também, com a mediação do A. Dapieve. Queria um pouco menos de timidez por parte dos entrevistados. Mas talvez nem seja essa a palavra - eles já alcançaram a serenidade pra tratar de quase todos os assuntos da vida.

Lorran 31/01/2011

Conversa sobre o tempo
Conversa sobre o tempo é, antes de um bom livro, uma boa ideia. Juntar expoentes de determinada área para debater , ou conversar, se preferir, sobre temas específicos é algo que sempre chama a atenção.

Esse foi o primeiro livro do que pretende ser uma série de encontros mediados pelo jornalista e escritor Arthur Dapieve. Mas a promessa dessa série é mais empolgante do que o primeiro livro em si.

É claro que ler uma conversa sobre assuntos diversos entre Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura e Arthur Dapieve não é algo que deva ser ignorado, mas Conversa sobre o tempo acaba sendo apenas isso: um grande e erudito bate-papo.

O clima de amizade e cordialidade deixa pouca margem para discordâncias, o que é sempre um efeito catalizador de boas discussões - no bom sentido da palavra. E nisso creio que os próximos livros devam ser mais eficientes.

De qualquer forma, sempre valerá a pena ouvir - ou ler - as opiniões de figuras tão importantes para a nossa literatura, como Luis Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura. Além disso, os dois capítulos finais do livro - sobre política e morte - na minha opinião, valem o livro.

"Não se pode viver permanentemente angustiado com a condição humana. Tem que viver como se isso tudo tivesse sentido. " Luis Fernando Veríssimo

Rui Alencar 04/11/2012

Pag.89..."família unida sim, reunida jamais"...
ZV - É uma piada. Porque sempre achei que as reuniões, as efemérides como Natal e Reveillon, sobretudo Natal, tém uma coisa melancólica, muito triste. Nestes momentos, têm uma coisa melancólica, muito triste. Nestes momentos, surgem discussões.

Pag.153...ZV - "quarenta anos deixam você mais conservador"; LFV-"...consiência social persisitente é só uma tentativa de não mostrar a idade"....LFV- "Quem não é da esquerda antes dos trinta anos é porque não tem coração.Quem não é de direita depois dos trinta anos é porque não tem cabeça"

ZV - É claro que o conceito de esquerda mudou, dos anos 60 para hoje. A referência era na verdade a revolução, a crença na revolução. Todo mundo acredtava na possibilidade de você transformar o mundo de uma hora para outra. Essa utopia, essa ilusão, realmente isso terminou. ...Agora, ao mesmo tempo, se ser de esquerda significa você querer a transformação social, você lutar contra as injustiças, contra essas distâncias indecentes que existem no Brasil, é evidente que continuo de esquerda.

Mateus 04/03/2016

Ao abrir as páginas de “Conversa Sobre o Tempo”, fui transportado para uma varanda imaginária, na qual sentado em uma cadeira de balanço, ocupei o papel de ouvinte dos diálogos, debates e risadas entre Zuenir Ventura e Luis Fernando Veríssimo. Na conversa mediada por Arthur Dapieve, os escritores falam sobre a infância, a trajetória no início da carreira, lembranças de amigos e familiares, comentários políticos e abstrações acerca da morte. Isso tudo banhado de sentimentos diversos, ou humor ácido e a ironia para descontrair o bate-papo. Enfim, uma boa pedida para aquele momento em que surge as dúvidas de qual título ler em seguida ou um mero descanso entre sagas literárias.

site: http://blogdialogos.com/2016/02/13/cinco-leituras-surpresas-em-2015/

Josi 07/06/2011

O livro é o resultado de uma entrevista dada conjuntamente pelos escritores. A leitura flui rápida e dinâmica, e nos deixa perceber ao menos um pouco do vasto e rico universo da vida desses homens, tão vasto e interessante quanto a literatura de ambos.

vanessa 29/09/2011

Papo dentre amigos
Um papo simples e agradável, mostra o lado mais comum e humano dos autores e amigos lfv e zv ,.sem grandes revelações, dando ênfase a valores. Gostoso.

KatiaMaba 02/07/2013

Um bate-papo que eu gostaria de ter participado ao vivo e a cores.

Recomendo a leitura e releitura da obra "Conversa sobre o tempo" por que simplesmente é uma provocação imperdível.

De forma aberta, as vezes escancarada, quatro temas importantíssimos para o nosso dia a dia "Amizade, Paixão, Política e Morte" são palcos de um bate-papo por trás da imagem de escritor Zuenir e Verissimo.

Os temas que mais chamaram a minha atenção foram Amizade e Morte.
O primeiro por concordar com a maioria das opiniões e até por refletir por pontos antes não amadurecidos.
O segundo por muitas vezes eu não concordei, mas, certamente este é o ponto alto dos bons bate-papos.

Abraços,
Kátia Regina Maba