Ruído branco

Ruído branco Don DeLillo




Resenhas - Ruído Branco


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Daniel 03/10/2013

Paranóia americana
Este livro foi lançado nos Estados Unidos em 1985, e levou o American Book Award. Além disso ele está nas listas de melhores livros de muita gente interessante, como David Bowie.

A história é narrada por Jack Gladney, um professor que vive no interior dos Estados Unidos com sua família tipicamente americana: sua adorável quarta esposa e os filhos de casamentos anteriores. O cotidiano da família é atormentado pelo tal “ruído branco” do título, que simboliza tanto os ruídos de verdade (o som das autoestadas, das propagandas da TV, das máquinas, etc) quanto o ruído da conversa vazia das pessoas; da falta de diálogo entre os membros da família, seus medos ocultos, etc.

De repente a rotina é abalada por uma nuvem tóxica que ameaça a cidade, obrigando todos a evacuarem suas casas. Aí as personalidades de revelam, o que estava submerso de um modo geral vem à tona. O constante tom de sátira à cultura americana (seu consumismo, suas notícias sensacionalistas, suas conversas absurdas, etc) é ao mesmo tempo engraçado e meio aterrorizante. Os personagens são tão humanos (Babette, a esposa), divertidos (Heinrich, o filho mais velho), não há como ficar indiferente a eles.

O leitor minimamente “paranoico” vai se reconhecer em algumas elucubrações dos personagens, e com alguma sorte vai saber rir de si mesmo e do homem contemporâneo.

Vale lembrar que o livro foi publicado uma ano antes do acidente nuclear de Chernobyl, o que tornou a coisa toda perturbadoramente mais próxima da nossa realidade... Meio bruxo esse DeLillo.
Julyana. 04/10/2013minha estante
Bela resenha. :)
Uma coisa que gosto no DeLillo é que a contemporaneidade nele não soa artificial. Também gosto desse modo leve (por vezes divertido) para falar de coisas difíceis.


Arsenio Meira 04/10/2013minha estante
Excelente resenha, Daniel. Gostei deste romance de cara. O tom satírico, que assusta e faz rir, e o pano de fundo contestador (toda sátira é uma forma de contestar) não são fáceis de manejar, ainda mais no meio dessa fauna de personagens que não nos deixa indiferentes, conforme você anotou com precisão.


Daniel 07/10/2013minha estante
A lista dos 100 favoritos do Bowie:
http://www.independent.co.uk/arts-entertainment/books/news/from-homer-to-orwell-david-bowies-100-favourite-books-revealed-8851127.html


Flávio 25/01/2014minha estante
DeLillo, autor de uma obra um tanto irregular, dissipou em mim, com este Ruído doído, patético, grotesco, real e taumaturgo, qualquer tipo de dúvida. É um grande escritor. Resenha que leva, ou deveria levar o leitor ao exemplar mais próximo.




joaoggur 29/12/2023

Um super-mercado pós-moderno.
Meu humor deve ser completamente quebrado. Não sei se foram risadas gregas (aquele riso com pesar, por saber que no âmago da questão há algo profundo e desesperador), mas posso dizer que gargalhei em muitas cenas de ?Ruído Branco?.

Narrando uma família bem peculiar (um marido especialista em Adolf Hitler [Jack]; uma esposa que ensina idosos a se levantarem e a andarem [Babbete]; um bebê histérico [Wilder]; uma menina que chora perante uma cena banal na televisão [Steffie]; uma menina que se interessa pela vida conjugal [Denise] e é claro, o inesquecível Henrich, um adolescente que se tivesse nascido na época grega poderia ser considerado um Socrático), onde nenhum dos filhos é descendente de ambos os pais, Don Dellilo faz uma sátira enorme a pós-modernidade, mesclando elementos ?anos oitenta? (guerra fria; perigo iminente de ataque nuclear..) a uma crítica feroz ao consumismo estadounidense.

Gostei de como o autor criticou o ?American way of life?, principalmente a tudo que baseia-se ao consumismo. Muitas cenas se passam no supermercado, e creio que isso é uma simbologia ao extremo consumo estadounidense (e é interessante como em bem um estilo O Sol é Para Todos, as crianças percebem esse comportamento em seus progenitores).

A questão existencial também é bem forte. Obras existencialistas são sempre melodramáticas, piegas, onde há um excesso de sentimentalismo nas ideias passadas. Essa bolha é furada; a obra é mergulhada em questionamentos existenciais, e não que isso dê um clima fúnebre ao livro.

E os questionamentos supracitados são exacerbados em diálogos. Esse livro é feito para fãs de Quentin Tarantino, se é que me entendem; para gostar de ?Ruído Branco?, deve-se gostar de diálogos. E creio que independentemente se é de seu feitio ou não, a simpatia que adquirimos com os personagens faz com que fiquemos com a atenção presa nas discussões ?filosóficas?. Sem dúvida alguma a habilidade em criar discussões entre os personagens é o ponto alto da escrita, a morada das cenas mais memoráveis (Afinal, está chovendo ou não? // Baratas podem ter câncer? // No espaço é frio ou não é? // O que é o agora? //, São questionamentos banais que, bem desenvolvidos, me tiraram gargalhadas).

Uma excelente e divertida crítica pós moderna.

Favoritado.
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Heytor Vieira 21/01/2023

Uma família vivencia uma catástrofe generalizada. Após um acidente entre uma caminhonete e um trem, um produto químico chamado Niodeno D forma uma nuvem tóxica que paira sobre a cidadezinha onde habitam. A exposição ao Niodeno D pode provocar morte. Os cidadãos são orientados a deixarem suas casas e sair da cidade. No meio do caminho, o protagonista (um professor universitário) sai do carro no qual a família foge para o abastecer e acaba exposto ao componente químico. Quando procura um militar responsável, ele recebe a notícia de que irá morrer.

Um dos aspectos que considero mais interessante nesse livro é que DeLillo ao invés de tratar com o desprezo as modernidades (hoje nem tão modernas assim) as trata como algo sagrado por estarem na casa das pessoas e por fazerem parte de sua rotina, pois a rotina das pessoas é algo sagrado, por fazer parte delas, por ser elas, por ser delas a vida.

É sobre o medo da morte, mas é também a respeito de viver a maravilha que é a vida quando a compreendemos como algo único. E cada um é único. Somos criaturas frágeis e aceitar isso, que somos passageiros é essencial para darmos valor ao que temos e nos ater ao que temos, apreciar a vida, apreciar nossa rotina e todos temos rotinas maravilhosas (ou ao menos mais excêntricas do que julgamos ter), basta querer ver.
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nathaliart 24/08/2022

Sobre a morte
Comecei o livro de DeLillo com a impressão de que seria uma coisa, e acabou sendo outra. Que livro mais maluco! A princípio estava achando interessante as reflexões do narrador e demais personagens (especialmente Murray). Somos apresentados à famílias com suas particularidades e é possível ver como elas são comuns, mesmo em suas "bizarrices".

Após o incidente com Niodene D, uma substância tóxica, acompanhamos todo o despreparo de uma sociedade para lidar com esse tipo de evento, desde o governo até os cidadãos. Nessas horas vemos revelados preconceitos, atitudes mesquinhas e egoístas, além da necessidade do ser humano de se apegar a absolutamente qualquer coisa que possa ajudar na superação da dor.

Minha ressalva foi com relação à terceira parte do livro. Esperava algo um pouco mais catastrófico, mas o autor acabou optando pela via mais "óbvia": adaptação, um pouco de paranoia e talvez repressão. Vi uma certa similaridade com a situação atual em que vivemos; impossível não fazer a ponte. Porém, aquilo que certamente mais chama a atenção é o centro do livro: a morte. O tempo inteiro os personagens se aproximam dela, falam dela, são rondados pela ideia dela, tentam ficar livres dela.

É bem escrito e interessante, recomendo a leitura. Não foi algo que me encheu os olhos, mas acho que vale a pena, principalmente pelas reflexões...
Alê | @alexandrejjr 01/09/2022minha estante
Nathália, ficasse sabendo que a Netflix vai fazer uma adaptação desse livro?


nathaliart 01/09/2022minha estante
Não fiquei, não! Espero que fique bom...




Matheus.Berica 17/02/2023

Até onde você vai pelo seu cagaço de ir de base? Ir de arrasta pra cima? Ir de johnsons baby? Ir de comes e bebes? Ir de jackson five? Ir de comigo-ninguem-pode?

Alguns preferem se meter com pesquisas secretas. Outros decidem investir no peso de ser um matador invés de um morredor.

Outros escrevem um livro excelente sobre isso.

Deve ter alguma coisa criticando o consumismo desenfreado do capitalismo e a hiperrecepção de estímulos tecnológicos no meio também.
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Leila171 16/02/2021

Ruido Branco, publicado em 1985, começa nos mostrando a vida pacífica de uma família americana ?normal? e segue acompanhando a mudança dessa rotina familiar após o surgimento de uma misteriosa nuvem tóxica. O livro tem um ritmo de leitura envolvente e o cotidiano dessas pessoas é um misto de familiaridade e absurdo. Sim, em vários momentos situações absurdas são introduzidas na narrativa sem preparar o leitor, como se tudo fizesse parte da mais ordinária normalidade do dia a dia. O narrador protagonista imprime um ritmo frenético à narrativa, como se estivéssemos imersos em seu fluxo de consciência. Além disso, o autor dá algumas pinceladas de humor ácido para harmonizar com as duras críticas feitas à sociedade ?média? americana, seus hábitos e a imagem que ela cria de si mesma.
Meu primeiro contato com o autor foi só alegria. Leitura muito interessante... super recomendado!!!
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Adriana1161 15/12/2021

Realidade real
O livro é uma crítica à sociedade e à família americana.
É basicamente a história de um professor universitário, chefe de departamento, de uma cidade pequena dos EUA, ministrante da matéria "Hitlerologia".
Foi escrito na década de 80, mas ainda é atual.
Tem uma parte em que o autor faz previsões, e é ótima!
Parecem spoilers de Tchernóbil e de ataques terroristas, ocorridos posteriormente.
Aborda o medo da morte.
Faz algumas citações de livros, como David Copperfield e A morte de Ivan Ilitch, e como é legal já os ter lido!
A última parte é um pouco repetitiva.
É um livro muito louco, de um jeito muito normal! Bem interessante!
Personagens: Jack Gladney, Babette, Wilder, Denise, Steffie, Heinrich, Murray
Local: Blacksmith /EUA - década de 80
@driperini
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Leila 04/11/2022

Passei o dia todo pensando no que escrever sobre Ruido branco de Don Delillo. Confesso que foi mais fácil lê-lo do que agora escrever sobre, rs. É um livro diferentão, com tantos temas embutidos que nem sei por onde começar e com certeza por mais que eu tente, acho que soarei incoerente. Mas vamos lá, tentarei. Acho que antes de mais nada Ruido branco fala sobre o medo da morte e a busca do ser humano para evitá-la, pelo menos para mim essa foi a mensagem mais forte. E o mais legal do livro é a família mista que é formada pelo casal principal e seus vários filhos de diversos casamentos. Personagens de naturezas tão diferentes e interessantes que torna a leitura muito rica e inusitada. Apesar de toda essa miscelânia de personalidades tudo funciona e flui bem naquela casa e isso me encantou demais. Citei inusitado e esse é um termo que podemos aplicar em várias situações dentro da obra, como por exemplo as chamadas consumistas aqui e ali, jingles, propagandas mesmo e tals, uma crítica bem escancarada ao capitalismo americano. . Existem várias outras críticas inseridas e todas muito atuais apesar do livro ter sido escrito nos anos 80. O mote central está baseado em um fato, um acidente industrial ocorrido na Índia. Outra coisa que me deixou chocada foi o tanto de reviravoltas dentro da história, mas que no fundo no fundo se tornam uma coisa só (sim, eu sei, não faz sentido falando assim,rs, você que lute e vá ler para entender). Eu vou fazer outra confissão, não sei se li uma distopia, um romance ou o quê? rs mas só sei que é algo bem fora da casinha e pra lá de legal. Não achei a oitava maravilha do mundo, mas com certeza é um excelente livro e eu quero ler mais obras do autor, porque achei muito muito inteligente todas as sacadas da obra.
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Leo Farias 11/02/2023

Não possui um enredo propriamente dito. É um passeio pelos EUA neurótico da Guerra Fria, em que pais tentam educar da melhor maneira os filhos e acabam sendo desafiados a cada dialogo com eles, crianças e adolescentes tão cheias de conhecimento e ainda assim imaturas, o que também espelha o que são os pais, dois adultos que não sabem lidar com a efemeridade da morte, de se sentirem indefesos.
É tudo muito abrupto e você tem que entender a proposta da obra.
Queria ler mais sobre as aulas do protagonista e é fantástico o momento em que são descritos Hitler e Elvis em uma mesma palestra.
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Josi 17/05/2021

Paranoias e peripécias de uma típica família americana nos anos 80
Inusitado e bastante divertido, Ruído Branco mostra a dinâmica de uma família americana, permeada pela dinâmica do consumismo e às voltas com uma potencial ameaça química pairando sobre a cidade. Traz algumas reflexões bastante densas disfarçadas ali no meio de tanta esquisitice, o que são gratas surpresas ao longo da narrativa. Recomendo!
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Fábio Pinho 17/11/2012

Se arrependimento matasse...
Uma das histórias mais chatas, e com os personagens mais antipáticos que eu tive o desprazer de perder o meio tempo!
Mariana. 03/07/2013minha estante
Enfim achei alguém com a mesma impressão que eu sobre este livro. Curioso que um livro tão 'badalado' não tenha nenhuma resenha positiva por aqui.


Filipe.Lyra 20/03/2016minha estante
Acabei o livro pensando: ou eu sou uma besta e não entendi nada, ou esse livro é muito supervalorizado. Achei uma bela porcaria. Perdi 3 dias da minha vida lendo o livro mais sem sentido depois de Jogo Perigoso, do King.


Neusa 29/04/2018minha estante
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Akkah 11/01/2023

Cacofonia
Lia Ruído Branco no ônibus, colocando o volume dos fones de ouvido no máximo pra abafar o som das conversas, dos carros, dos gritos de criança, pressionava o fone com força na orelha quando algum barulho distraia minha atenção. Até que eu reparei que essa cacofonia estava rolando no livro também, o tempo todo, intermitentemente. E foi por aí que eu fui entendendo a piada.

Aqui conhecemos Jack, um professor universitário e sua família, no mais clássico american way of life. Ele e sua esposa sentem um medo paralisante da morte, da solidão de perderem um ao outro, de saber que estamos todos caminhando para um nada infinito. Esse não é só um medo de morrer igual ao que todo mundo sente, mas uma fobia de fato, e tudo isso fica ainda mais intenso depois que um incêndio de trem libera uma substância tóxica no ar da cidade, que obriga toda a população a abandonar suas casas e procurar abrigos.

Essa obra questiona, satiriza e nos mostra no extremo o nosso mundo capitalista, de hiper mercados, dos gigantescos centros de distribuição da amazon, só que faz isso de uma forma deliciosa, o momento do acidente de trem me lembrou algum livro do King, você ri, se desespera com o acidente, questiona os personagens com um quê de vergonha alheia, tudo isso enquanto pensa sobre o sentido da vida, da morte, da existência, do medo de morrer, do pós vida, e esse ruído branco que sempre está ativo em algum grau de nossa mente.

Latidos de cachorro, música sempre tocando, sons dos vizinhos, carrinhos de mercado, o barulho da rua, o zumbido da eletricidade, os barulhos que nunca, nunca, nunca param. Viver em sociedade é fugir do silêncio, do escuro. “Virar multidão é afastar a morte. Separar-se da multidão é arriscar-se a morrer como indivíduo, a encarar a morte sozinho.“

Essa barulheira toda sempre nos reafirma o calor de gente, que não estamos sozinhos, o sistema segue funcionando, as ondas, as vozes, as correntes, os circuitos, nossa segurança de vida e bem estar e da tranquilidade de viver em uma “sociedade civilizada”, nesse teatrinho inventado onde todos temos um roteiro muito bem definido.

Não preciso nem dizer que Ruído Branco ganhou 5 estrelas no final, obrigado pela viagem.

(legenda da resenha q fiz la no insta @akkah.bookclub)

site: instagram.com/akkah.bookclub
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Marilia 26/05/2021

Para pensar...
Um livro um pouco nonsense mas que nos faz refletir sobre a morte, valores e família.
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Sammy 23/10/2020

Prelúdio de nossos dias

É uma obra imperdível,
quanto mais passa o tempo, melhor é sua leitura da realidade.
Don De Lillo interpreta a alma contemporânea como poucos escritores de nossa época.

O clima de fim dos tempos próprio dos anos 80 se amolda aos dilemas de hoje: excesso de informação e a falta dela são extremos estranhamente próximos que exasperam de forma parecida as angústias humanas em relação ao futuro.

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Juscelino L 30/12/2020

Ruído branco não foi um leitura fácil de primeira, tive que recomeçar depois de lido umas 60 págs., porque o começo achei arrastado e nada empolgante. Na segunda tentativa já vi o livro com outros olhos e gostei de reler o livro porque há partes que o leitor desprevenido pode deixar passar grandes sacadas do autor, são partes que envolvem a vida, a morte, o comportamento das pessoas e o livro inteiro é cheio de disso.
Mas sinto que devo não ter percebido todas a genialidade do livro, também não me "apeguei" a drama principal do protagonista, este tal ruído branco que sonda o personagem do começo ao fim.
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