spoiler visualizarHel 26/07/2023
Sabe quando você realiza um antigo sonho mas ele não é o que você esperava? Foi exatamente isso que aconteceu comigo quando finalmente tive O Pastor de Nuvens nas mãos. Pelas resenhas que vi ainda na adolescência, imaginava uma história de fantasia do tipo A História Sem Fim, mas com alguma crítica social, e me vi às voltas com uma sátira da antiga Guerra Fria dos anos 80. O problema é que o livro não tem profundidade suficiente para interessar o público adulto e a linguagem é arrastada e maçante demais para as crianças e adolescentes de hoje. Praticamente me obriguei a ir até o fim, mas não posso dizer que a história não tenha seus méritos.
Heitas Nelgar é um homem que um dia acorda em uma árvore de um mundo estranho semelhante a um tabuleiro de xadrez. Exceto por seu nome, ele não lembra quem é nem de onde veio. Mal tem tempo de refletir sobre a própria situação e é apanhado por um emissário do Rei Álvaro, sob a acusação de espionagem. Como ele usa roupas coloridas, enquanto todos no reino se vestem de branco, e tem um comportamento diferente, só pode pertencer ao inimigo. O Rei Álvaro, a Rainha Clara e sua corte o enxergam como uma ameaça mas, em vez de matá-lo, decidem mandá-lo para o país inimigo, como embaixador. Chegando lá, a situação de Heitas não é muito melhor. Os dois governos, branco e preto, só se interessam em guerrear um com o outro, seguindo regras rígidas e tomando territórios. Seus peões são fanaticamente devotados à Causa mas, se alguma coisa acontece, são descartados como bonecos. Enquanto isso, os moradores dos países conquistados vivem na miséria, desprezados pelos governos que só se interessam em explorar os recursos. Soa familiar?
Jogado de lá para cá como uma peteca, olhado como um bicho exótico e sem ninguém em quem possa confiar, Heitas se afoga em desespero, até que um bêbado conta a história de um pastor "louco", que conseguiu atravessar a muralha que cerca os reinos. Vendo a lenda como sua única esperança, Heitas fica obcecado em descobrir mais e escapar daquele mundo estéril, mesmo sem saber o que há do outro lado.