Resenhas - O Galo de Ouro

Luis 16/01/2012

Cantando aldeias
“Cante sua aldeia e cantarás o mundo”.
O mote que segue ilustrando a obra de diversos autores ao redor de planeta, é particularmente interessante quando aplicado aos chamados escritores regionalistas, que despontavam no cenário brasileiro na década de 30. Raquel de Queiroz, por ser mulher e pela pouca idade por ocasião de sua estréia, com o “O Quinze”, foi, de longe, a mais inusitada dentre os seus companheiros de geração, que incluíam Jorge Amado, José Lins do Rego, Graciliano Ramos e , embora muita mais dedicado à política que à literatura, José Américo de Almeida.
Muito já se falou de “O Quinze”, obra clássica, pule de dez nas listas de vestibulandos e que pode ser uma síntese do tema maior abordado ao longo da obra da autora cearense : os sofrimentos e angústias do homem nordestino, tanto no seu caráter social (se aproximando de Amado), quanto psicológico (seara de Graciliano).
O que poucos sabem, é que Rachel nos raros momentos em que se afastou dessa atmosfera, ainda assim, a autora manteve uma linha tênue de ligação entre as suas obras mais típicas. “O Galo de Ouro” é um exemplo claro dessa premissa.
O livro foi escrito sob encomenda, para sair em capítulos pela Revista “O Cruzeiro”, no ano de 1950. Seu cenário é a Ilha do Governador, então um bairro afastado da região metropolitana do Rio de Janeiro (em tempos pré-Linha Vermelha e de uma incipiente Avenida Brasil, então chamada de Variante) que serve como símbolo do Rio suburbano de então, repleto de malandros, sincretismo religioso, jogo do bicho, policiais corruptos. Uma mistura folclórica que, a princípio, teria pouca ou nenhuma relação com o árido Nordeste da esfera ficcional da autora e, é justamente aí, nessa receita de unir elementos estranhos à sua formação para construir um grande romance que se disfarça de folhetim, é que está a mágica da ficcionista.
O personagem principal é Mariano, que logo no início, perde a jovem esposa em um acidente, ficando com uma filha recém nascida para criar. As tentativas de refazer sua vida, trabalhando em vários empregos e se aventurando em um novo casamento, é o drama que move “O Galo de Ouro”. Mariano, em seu sofrimento de excluído social, nada fica a dever às criações de Jorge Amado e Graciliano, que, no fundo, embora ambientadas a milhares de quilômetros da Ilha do Governador, contam a mesma história, focada nas crenças e esperanças do homem do povo.
A maestria de Rachel de Queiroz permite também comparação com Nelson Rodrigues, mestre do mundo ficcional suburbano, que também fez uso do roamnce-folhetim para apurar os dramas da gente comum.
Um livro raro, de uma autora consagrada, que mesmo longe de sua aldeia, cantando terras alheias e personagens estranhos, canta, magistralmente, o mundo.

Marcia 24/07/2022

Minhas impressões sobre o livro
Leitura concluída e muito gostosa. Adorei!!
O livro se passa na Ilha do Governador-RJ da década de 50. Nessa leitura eu aprendi e conheci muita coisa como os costumes, modo de vida, crenças, lutas, amor,decepção, resignação, religião, mundo dos bicheiros, policiais, amizade, companheirismo e emoções. O livro chama Galo de ouro porque fala de galo de briga. Essa parte é difícil de ler, mas brigas de galos existiu e infelizmente ainda existe. Um mundo que era totalmente desconhecido para mim.
Esse é o primeiro livro dela que leio e é o único que se ambienta no Rio de Janeiro. Os demais livros da escritora se passam no Nordeste.
Adorei a leitura! É um livro com uma escrita que prende nossa atenção.
A gente começa e não quer parar de ler.
Valeu!!
Recomendo a leitura. Procurem ler livros escritos por mulheres, vamos valorizar nossas escritoras ????
Sinopse da editora: "Rachel deixa a terra em que nasceu e vem para o Rio. E vai morar na então bucólica, tranqüila, distante Ilha do Governador. E nasce, em 1950, O Galo de Ouro, história de uns quarenta capítulos, um outro chão, o submundo carioca, mães-de-santo, terreiros, policiais e bicheiros, uma realidade nova, fugidia e áspera."

Haulnny 06/10/2021

O que seria do pobre sem um hobbie para dar sentido em sua vida?
Violência domestica normalizada, mortes, traições, desemprego, tempos difíceis e hobbies. A vida no subúrbio carioca, segundo Rachel de Queiroz, na década de 30/40.

Esse é o único romance de Rachel de Queiroz que não se passa no nordeste, mas sim na Ilha dos Governadores, Rio de Janeiro. Local em que ela morava na época em que escreveu o livro.

A história traz um recorte da sociedade carioca de baixa renda daquela época. O jogo do bicho que era tão popular e visto como um emprego de ascensão social para pessoas humildes. O candomblé, religião muito popular no Rio de Janeiro. E todos os preconceitos e problemas sociais que assolavam a sociedade e que infelizmente ainda insistem em existir oitenta anos depois.

Acompanhamos a vida de Mariano. Um homem infeliz com a vida que leva. Já "velho" e com um emprego ruim, uma casa cheia de bocas para alimentar e nenhuma esperança de ascensão. Nós acompanhamos sua vida desde jovem-adulto até o momento atual. Vemos todas as fases da vida de uma pessoa sem muitos recursos, mas que assim como a maioria deseja desfrutar de tudo que a vida lhe oferece por direito. E também vemos como a vida não é muito justa com essas pessoas, que por mais que trabalhem, mais ficam sem. A desigualdade social é um tema pungente durante todo o livro, mesmo que para os desatenciosos possa passar de modo velado.

A única coisa que traz certa felicidade à vida de Mariano é seu amor por galos de briga e seu sonho em se tornar conhecido no meio de rinhas de galos. A vida pode nos tirar o tempo e levar nossos objetivos, mas sempre encontramos alguma coisa para no entreter e para fugir de toda a amargura que o cotidiano pode nos causar. Mariano teve uma vida dura. Muitas desilusões, injustiças e falta de oportunidades, mas ainda havia motivos para se alegrar - seus hobbies.

Rafaelle 24/03/2012

O Galo de Ouro
Não podia ser diferente. Sendo da minha Rachel de Queiroz tinha que ser 5 estrelas.

Rodrigo.Junta 29/10/2019

Esse custou 56,10 cruzados a quem o comprou de primeira mão. Não encontrei nenhuma marca, registro ou dedicatória (que secretamente investigo) que denuncie o antigo leitor. Poix bem! Simbora! Um romance de 40 capítulos publicados em revista na década de 50. 1 Folhetim. Uma história comum, parecida com qualquer uma que você conhece. É o subúrbio, é a pobreza e a simplicidade que compõem o cenário. É também a falsa moral, o jogo, a desgraça e o crime. E já dizia É o Tchan: "pau que nasce torto nunca se indireita". Sabe aquele desejo que vc tem que o outro mude por vc ou por qualquer outra razão que justifique uma melhora de conduta? Então, a tia Rachel ta lembrando aqui que isso não vai acontecer (ponto de vista do livro). E digo mais, lá no fundo, em colaboração, satanás te deixa uma dúvida que te rói por dentro como um rato idoso que rói lentamente o seu estômago cantarolando "ela não mudou". E aí, algum amigo seu ou sua mãe vai falar: eu avisei. Então, tem esse caso aqui. As personagens vivem situações corriqueiras tais como: Um atropelamento, umas mortes, umas puladchenhas de cerca, uns tapinhas do marido bêbado e coisa e tal. As pessoas vivem com pouco e sonham com pouco e fazem dos seus problemas, o meio de vida. E nisso tudo, o que mais se havia de menos (olha Renato Russo aqui!(que merda)) era o amor.

Joao Ricardo 07/07/2022

Deu saudade quando acabou
É o tipo de livro que envolve você como uma casa confortável. Os personagens me cativaram muito. Rachel descreve com maestria uma Ilha do Governador que não existe mais, a ponto de você ser transportado para aqueles espaços. A estrutura com capítulos curtos é outra artimanha que prende. Um dos meus livros prediletos.

Daniel 13/10/2019

Não Me Deixes!
Resenha no link abaixo!

site: https://blogliteraturaeeu.blogspot.com/2019/10/o-galo-de-ouro-de-rachel-de-queiroz.html