Laninha 02/02/2024
A morte é tão inevitável quanto o amor
A morte é tão inevitável quanto o amor. Para além do envelhecimento, VHM aborda de maneira pontual e dolorosa temas como vulnerabilidade, amor e perda na perspectiva de um idoso que já não vê mais sentido na vida, mas também resiste à morte.
"Precisava deste resto de solidão para aprender sobre este resto de companhia".
O desenvolvimento do senhor Silva ao longo da história é admirável, porque ele mantém o humor sarcástico e jeito teimoso de idoso, mas abre espaço para um novo tipo de amor: o amor entre amigos, uma segunda família, que o permite construir suas últimas boas memórias. Pouco a pouco, o senhor Silva, tão fechado para a vida, se entrega para ela como uma criança que só quer brincar mais um pouco.
Meu único problema com esse livro foram os muitos personagens, cada um acompanhado de muitas histórias e detalhes maçantes. O livro é tão sentimental quanto bruto, então minha percepção sobre essa obra é um pouco conflituosa. Sinto também que me faltou bagagem para entender alguns contextos históricos, mas nada que tenha afetado completamente minha experiência com a leitura.
A máquina de fazer espanhóis nos faz refletir sobre coisas que evitamos pensar. Todos carregamos um pouco do senhor Silva dentro de nós. Carregamos tanto medo e angústia, até o momento em que percebemos:
"As histórias bonitas aconteciam por acaso, a vida tem de ser mais à deriva, mais ao acaso, porque quem se guarda de tudo foge de tudo"