A máquina de fazer espanhóis

A máquina de fazer espanhóis Valter Hugo Mãe




Resenhas - A Máquina de Fazer Espanhóis


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Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

A máquina de fazer espanhóis, Valter Hugo Mãe – Nota 10/10 🔝🔝🔝
Arrisco dizer que esse é um dos meus livros favoritos! A escrita de Valter Hugo Mãe é sempre brilhante, extremamente poética, como se cada palavra tivesse sido pensada e repensada antes de ser incluída no texto. Nessa obra, o autor aborda de forma muito sensível – e com certo toque de humor – a velhice do ser humano. Tamanha é a profundidade com que a narrativa é construída, que o leitor se sente como se estivesse “dentro” da cabeça do protagonista, partilhando com ele a solidão, os anseios, a impaciência e as angústias trazidas pelo acúmulo dos anos. Um verdadeiro ensaio sobre a velhice! Leiam!

site: https://www.instagram.com/book.ster
@freitas.fff 06/08/2022minha estante
Finalmente lendo! Comprei esse livro depois de ver uma de suas indicações no Instagram, obrigado. Já amava VHM, mas que bom que me deu o start de lê-lo hoje. Já está sendo li(n)do.




Arsenio Meira 20/04/2013

O protagonista deste romance genial é António Jorge da Silva. Com 84 anos de idade, Silva perde sua mulher, Laura, e eis que a engrenagem lírica que norteia o livro surge em sua plenitude.

A morte não era esperada, apesar da idade avançada de sau companheira, e para aumentar ainda mais tristeza, Silva pensava ou assim desejava não precisar ter que viver um dia sequer sem a esposa depois de passarem juntos 48 anos, terem dois filhos, terem sobrevivido tranquilamente os dias em que Portugal vivia sob a ditadura salazarian. Juntos, haviam sobrevivido, e juntos, pensava o nosso querido Silva, haveriam de morrer.

A perda foi dolorosa, sentida com indignação, e em meio a essa melancolia toda, o velho é internado em um lar de idosos em Portugal.

Silva pouco se esforça para se adaptar à rotina do lar e conhecer os outros internos, muito menos abandonar a amargura sentida pela morte da esposa. Falta-lhe disposição para passar a velhice a rememorar bons momentos da vida ou criar novos sem Laura, que esteve com ele por toda a vida, nada mais tinha importância.

No lugar da sabedoria e do respeito que se aplica aos idosos, Silva enxerga o declínio da saúde e a perda das faculdades mentais à noite, ele imagina corvos e outros pássaros negros a atacarem-lhe na cama, atormentando-o. Mas aos poucos, ele passa a construir amizades com alguns dos outros internos, como o senhor pereira, e com médicos e enfermeiros, como Américo e doutor Bernardo.

Os dias no lar se passam assim, observando uns aos outros, adivinhando-lhes as histórias e lembrando as suas próprias, analisando a condição de velho, esperando em um local específico a morte iminente. Mas silva, jamais esquecido da dor causada pela morte de laura, desfia páginas e mais páginas não de lamentação, mas de consciência da perda e da injustiça de ter que se manter vivo quando preferiria não estar:


com a morte, também o amor devia acabar. acto contínuo, o nosso coração devia esvaziar-se de qualquer sentimento que até ali nutria pela pessoa que deixou de existir. pensamos, existe ainda, está dentro de nós, ilusão que criamos para que se torne todavia mais humilhante a perda e para que nos abata de uma vez por todas com piedade. e não é compreensível que assim aconteça. com a morte, tudo o que respeita a quem morreu devia ser erradicado, para que aos vivos o fardo não se torne desumano. esse é o limite, a desumanidade de se perder quem não se pode perder.


Dentro da feliz idade, silva e seus companheiros conhecem também o Esteves, o mais velho do asilo, prestes a completar 100 anos e personagem de um momento histórico da literatura de Portugal. Diz-se, e eles acreditam, que Esteves é o homem sem metafísica do genial poema de Fernando Pessoa (TABACARIA), causando admiração dos demais por ter convivido na mesma época, e por algumas vezes no mesmo lugar, que o consagrado poeta português frequentava.

A presença destes homens no asilo leva-os a um caminho de reflexões sobre a velhice, o que lhes resta no fim da vida e o que viveram nos tempos críticos da política portuguesa. Embora todo o livro tenha uma carga melancólica marcada pela morte e o medo de morrer tanto no presente quanto no passado narrado por silva -, as conversas desses velhos são animadas, repletas de risos, como se fossem jovens rapazes a praticar traquinagens escondidos. Riam-se da Dona Leopoldina e Dona Marta, duas velhas medrosas e malcriadas do asilo, dos médicos e enfermeiros, da fé de alguns na igreja que silva deixou de ter quando seu primeiro filho morreu no parto e de si mesmos.

"A máquina de fazer espanhóis" é uma leitura emocionante, e uma das suas virtudes é não arrancar do leitor lágrimas ou pena; o enredo jamais parte para o caminho piegas do sentimentalismo useiro e vezeiro em situações do mesmo naipe. É uma emoção fincada na razão, na lucidez com que Silva detalha a sua inconformidade com a morte de laura e sua permanência na memória, como lida com a obrigação de continuar vivo e superar a perda e um passado que lhe marcou como cidadão.

E toda a técnica narrativa de Valter Hugo Mãe só tem a contribuir para a experiência de leitura, a falta de exclamações e interrogações, por exemplo, levam o leitor a se conectar ainda mais com o narrador para compreender a intensidade daquilo que ele narra. Quem virou fã do autor tem sua admiração justificada, pois o romance vale mais do que 5 estrelas.
Daniel 14/05/2013minha estante
Um livro de fato extraordinário. E tantas boas resenhas por aqui que desisti de escrever a minha, seria redundante. Só gostaria de destacar (também já fizeram isso) a caprichada edição da Cosac Naif: os abutres que tanto assombram a consciência do narrador encontraram forma estilizada na capa pelas mãos de Lourenço Mutarelli, que também assina a excelente sinopse na "orelha" da capa.


Arsenio Meira 14/05/2013minha estante
É isso aí, Daniel. A Cosac Naif capricha mesmo. Salvo engano, até comentei a respeito de uma determinada observação que você fez; acho que foi sobre a Rocco, que - não raro - "entrega" a essência dos livros que publica nas "orelhas", repletas de spoilers e etc. Ao contrário disso, como vc bem notou, a Cosac Naif imprime arte à obra de arte, neste caso literária.


sonia 31/10/2013minha estante
Bem, graças ao comentário do Daniel notei que a capa é feita de abutres estilizados - o que eu estava vendo nela eram naurônios...acreditem ou não!


Arsenio Meira 31/10/2013minha estante
Oi Sonia,
Acredito. Eu também não havia notado, rsrs... Mas o Daniel não só captou, como revelou a autoria, do Lourenço Mutarelli, cuja obra literária ainda não conheço, mas pretendo conhecer.


Sonia.Marques 24/10/2019minha estante
o que é velhice para o senhor Silva?
Qual personagem fala que Portugal é uma maquina de fazer espanhois? e por que ele falou isso?
Por que para alguns personagens, ainda era melhor Portugal estar subordinado a Espanha?



Marcelo.Alencar 24/09/2021minha estante
Poxa, Arsenio. Como gostaria de ter te conhecido. Suas resenhas são fantásticas. Uma pena. Mas seu legado ficou aqui, em cada obra magistralmente comentada. Salve! Inacreditável que tenha partido.




Madu 04/10/2021

?????
Li esse livro por indicação do meu professor de literatura do segundo ano.
Em poucas palavras esse livro é um ensaio sobre a velhice humana.
Me fez questionar a minha vida e o que será que mim quando ficar velha.
Me emocionei e refleti demais.
Meu livro favorito.
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Carolina.Gomes 13/01/2022

A paródia da vida
Não tinha ideia do que me esperava, quando embarquei nessa leitura coletiva. Já tinha lido, de VHM, o filho de 1000 homens, mas esse livro é muito mais profundo e poético.

O tema abordado por Mae é a velhice e a solidão que acomete aqueles que vão sobrevivendo às perdas dos entes queridos. É o que acontece com o Senhor Silva, um senhor de 84 anos que perde a esposa com quem convivera e fora feliz por 48 anos. Após a morte da ?sua Laura?, Senhor Silva é colocado num asilo e lá passa a conviver com outros idosos e aprende a encontrar, naquele convívio, um novo sentido para continuar vivendo o resto de vida que lhe cabe?

Eu confesso que não estava preparada para ser confrontada com fantasmas que nem sabia que estavam em mim. Me senti vulnerável e tive medo da velhice, da decrepitude, do esquecimento de mim, dos fatos e dos outros? a sensação de abandono e desalento do personagem me deixou angustiada. Além de perder a mulher, senhor Silva perde o convívio familiar e também sua dignidade.

Com uma linguagem poética, o autor aborda de forma racional e ao mesmo tempo emotiva, aspectos importantes da existência humana.

Não estamos preparados para envelhecer nem para ver envelhecer quem amamos? tampouco estamos preparados para a morte esse destino igualitário e inexorável que aflige todo ser humano.

Foi uma experiência literária emocionante. Um livro lindo, triste e necessário.
Recomendadíssimo!
Laura.Novelli 13/01/2022minha estante
Adorei!!! Certeza que tem gatilhos pra mim, mas vou tentar ler! :)


Carolina.Gomes 13/01/2022minha estante
Lau, tem gatilho p todos. ?


Laura.Novelli 13/01/2022minha estante
Pois é!! :'(


Joao 13/01/2022minha estante
Resenha maravilhosa, Carolina! ?


Carolina.Gomes 13/01/2022minha estante
Obrigada, John! No calor da emoção?


Joao 13/01/2022minha estante
São as melhores resenhas, Carolina :D!


Thamiris.Treigher 14/01/2022minha estante
Uau!!!


Eliza.Beth 14/01/2022minha estante
Fiquei com muita vontade de ler ??




Leila de Carvalho e Gonçalves 13/10/2020

O Bom Fascista
de autoria do português valter hugo mãe, a máquina de fazer espanhóis encerra a tetralogia das minúsculas que tem como proposta abordar os ciclos da vida, isto é, infância, juventude, maturidade e velhice. para quem ainda não a conhece, os outros livros são respectivamente nosso reino, o remorso de baltazar serapião e o apocalipse dos trabalhadores.

aliás, o peculiar título da tetralogia refere-se a exclusão de todas as letras maiúsculas dos textos, assim como exclamações, interrogações e outros sinais de pontuação com exceção do ponto, da vírgula e do hífen. Segundo o autor, ?essa escolha atenta para a natureza oral das histórias e reconduz a literatura à liberdade primeira do pensamento. as minúsculas também aludem a uma humildade gráfica ou utopia de igualdade, isto é, uma certa democracia que, ao equiparar as palavras, deixa ao leitor definir o que deve ou não sobressair?.

resumidamente, a máquina de fazer espanhóis narra a história de antônio jorge da silva, um barbeiro bastante idoso que depois de enviuvar, vai morar num asilo conforme decisão da filha. sozinho, ele é obrigado a reconsiderar a vida e descobrir novos interesses para o tempo que lhe resta.

com um pé na poesia e pouca ação mas recheado de metáforas e reflexões metafísicas e políticas, a narrativa é inspirada no poema tabacaria, de fernando pessoa, e surpreende ao abordar a morte, o luto e a velhice com suas limitações. surpreende, pois o romance foi lançado em 2010, quando valter hugo mãe completou 39 anos e apenas entrava na meia idade. são preciosas as considerações do protagonista, em especial, sobre a complexa convivência longe da esposa, amor de uma vida inteira, e sua dificuldade de permanecer ateu no final da vida.

outro enfoque curioso é o do ?bom fascista? e como essa questão se relaciona com antônio e demais personagens. em linhas gerais, ao contrário das pessoas que lutaram contra a ditadura salazarista, o bom fascista aplica-se aos portugueses que se omitiram ou até mesmo ajudaram ao regime em nome da sobrevivência pessoal e da família.

finalmente, seria inaceitável concluir o comentário, sem mencionar a instigante máquina de fazer espanhóis. ela reporta a perda identitária e surge durante uma conversa entre os moradores do asilo: ?portugal ainda é uma máquina de fazer espanhóis. é verdade, quem de nós, ao menos uma vez na vida, não lamentou já o facto de sermos independentes. quem, mais do que isso até, não desejou que a espanha nos reconquistasse, desta vez para sempre e para salários melhores?.

não sou nada.
nunca serei nada.
não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim
todos os sonhos do mundo...
(tabacaria, fernando pessoa)

nota: nova edição com interessante prefácio de caetano veloso. não deixe para trás.
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Luciana.Tolentino 29/03/2021

Um livro sobre o fim.
Esse é o segundo livro de Valter Hugo Mãe que leio e fico maravilhada!
Livro inteiro impecável. Ler Valter Hugo Mãe é uma das coisas mais prazerosas que fiz esse ano.
O livro conta a história de seu Silva que foi para um asilo após a perda de sua esposa.
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FM 28/02/2020

Incomodo
Não digo que este tenha sido o melhor ou o pior livro que eu tenha lido até hoje.
Mas eu não consigo me recordar de algo que tenha me causado tanto incomodo, angustia e melancolia, como a obra de Valter Hugo Mãe. Talvez , Ensaio sobre a cegueira de José Saramago, a sensação de incomodo que o livro provoca.
É fácil indentificar nos diálogos , in
ternos, do Sr Silva, que provavelmente já vivemos em nosso âmago, tudo gira em torno do tempo, e assim como cada um dos indivíduos desse mundo, os indivíduos de A máquina de Fazer Espanhóis, buscam aquilo que seja plausível "a o seu tempo", e não mais aquilo que os fez chegar até aqui ou aquilo que vira depois.
Compreender essa mensagem, é algo que depende do que se viveu até o presente momento da vida, não apenas dos personagens, mas também de cada um dos leitores.
Bia França 05/01/2021minha estante
Obrigada pelo comentário, vou lê-lo em outra oportunidade. Não é o momento, em plena quarentena, de mergulhar em algo tão incomodo.




Leandro190 26/02/2023

Prosa poética
O livro é lindíssimo. A escrita de Valter Hugo Mãe é linda, a proposta gráfica e estética é fantástica. E o tema explorado é primoroso. Pra não ficar só "chovendo no molhado" digo que o livro é um tratado sobre a vida, sobre o amor e em alguns momentos sobre a falta de amor. A escrita é um primor de delicadeza e ele encontrou um jeito de falar sobre a morte que nunca tinha visto. É certo que continuarei lendo seus livros. São gostosos como um abraço!
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alicefnevs 25/01/2023

poética sensacional
AMO literatura portuguesa e brasileira e valter hugo mãe é com certeza um primor de escrita! um livro totalmente pensante, muito reflexivo e principalmente com uma escrita poética que é uma delícia de ler. pretendo ler mais do autor com certeza
Rafael.Borges 25/01/2023minha estante
Homens imprudentemente poéticos é muito bom, recomendo




Danilo 27/04/2023

Convergência etária
Numa entrevista com Bial, Carla Madeira diz que ao escrever seu novo romance, a autora aposta numa polifonia de múltiplas idades, o que me leva a imaginar a complexidade de se envolver inúmeras experiências no momento de criação das personagens. Experiências. Essa é base de criação. Em A Máquina de Fazer Espanhóis, VHM inicia dedicando o livro ao seu pai que não chegou a viver a terceira idade. Foi assombroso perceber e sentir os medos, os desprendimentos dos antigos e apego ao novo cotidiano, as dores das perdas e as lutas, principalmente as auto-lutas.
Silva parece uma criança ao contrário, que mesmo depois de ter vivido algumas experiências de perda, se vê virgem do saber viver depois da partida de Laura. Para Silva, Laura era a sua vida e nem seus filhos lhe trariam sua vontade de acordar. Enviado a um abrigo para idosos, acompanhamos os primeiros últimos passos desse senhor de 82 anos que não tem vexame em expor tudo que sente, pelo menos não para o leitor.
Em um conjunto fluente de todos os anseios da velhice, foi interessantíssimo perceber o perceber. Depois dos anos, o tentar ir com mais calma faz com que se consiga ter atenção ao tempo, ao que ele faz conosco, por dentro e por fora. É como se ao longo da vida todas as esferas pragmáticas (social, cultural, política, familiar, econômica) estivessem sempre por ali e aos poucos dar-se conta e tenta-se alinhar tudo na tentativa de ter uma vida mais equilibrada e feliz por assim dizer. No fim, a sensação que fica, é que essas esferas vão nos empurrando, mesmo sem que percebamos, muitas vezes nos fazendo agir no automático e sem a menor consciência das consequências das nossas ações, convergindo tudo no fim da vida, nessa última linha onde nenhuma dessas esferas parecem fazer sentido e, fracos que somos, buscamos alento nas lembranças de prováveis gestos que tenham causado algum bem em alguém em algum lugar.
Belo, sensível, duro, político, vivo, apesar dos clichês e frases de efeito.
Zé Guilherme 28/04/2023minha estante
Ai meu Deus, que resenha linda! ?


Danilo 28/04/2023minha estante
Amigo, você é tudo ??




Bárbara 31/12/2020

Um poema sobre a solidão
Inicio esta resenha destacando o título do livro e o nome do autor, ambos grafados em letras minúsculas, por opção mesmo do autor, numa ideia magistral de aproximar a escrita da oralidade, compondo a "tetralogia das minúsculas". Durante toda a obra, não há uma letra maiúscula. Confuso? Um pouco, para quem não esperava encontrar tal forma de escrita. Todavia, com o avançar das primeiras páginas, a leitura passa a ser dinâmica e, sinceramente, isso não me atrapalhou. Isso será assunto de um post em breve, fiquem de olho!

Logo no início, conhecemos o Antonio Silva, um senhor de 84 anos que passa pela triste situação de perder sua esposa, com quem era casado há quase 50 anos. De uma hora para outra, além da dor da perda do amor de toda uma vida, foi levado (diga-se, deixado) num asilo, o "Lar da Feliz Idade", munido apenas de uma sacolinha e suas memórias.

O texto é um verdadeiro poema do início ao fim. Melancolia, tristeza, revolta, luto são temas recorrentes na escrita, com diálogos espetaculares que nos levam a inúmeras reflexões sobre a vida. Instalado num quarto com grades na janela, a teimosia de não querer ter mais alegrias na vida que lhe resta (pois lhe falta Laura, e isso é muita coisa) faz com que esse senhor seja visto como chato ou, como o próprio autor chama, "casmurro". Todavia, a convivência com pessoas da mesma idade - com histórias de vida diferentes e tortuosas quanto a dele - levam o senhor Silva a ter amizade com alguns personagens, como o senhor Pereira, o Silva da Europa, o centenário Esteves, entre outros.

É uma obra tocante, que trata de temas como abandono, morte, memória, solidão, nossas próprias omissões, mas também amizades e amor. Fala também do período da ditadura de Salazar (que vigorou em Portugal de 1932 a 1974), e de como o país foi afetado. É um livro reflexivo, em que a maior lição talvez seja a de que nunca deixamos de aprender, por mais velhos que sejamos, a vida sempre ensina, e que sempre vale a pena ser vivida. E, ainda que com o coração repleto de saudades, há sempre espaço para o novo, para o aprender.

site: http://www.instagram.com/leiturasdebarbara
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spoiler visualizar
Marcos 24/06/2021minha estante
Nossa, fiquei emocionado só de ler sua resenha


Lerinha80 24/06/2021minha estante
Oi, Rocha. Esse livro é muito tocante! Valter Hugo Mãe tem uma escrita poética que eu gosto bastante. ??




Bebela 26/01/2021

Tocante
Valter Hugo Mãe e sua sensibilidade nos mostra o universo de um asilo. A forma que ele descreve as vidas e as relações ali criadas nos fazem pensar.

Me emocionei muito nessa parte: ?Precisava deste resto de solidão para aprender sobre este resto de companhia?


Sempre vale muito a pena ler Valter Hugo Mãe.
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Paty 28/01/2014

Em toda a narrativa o que mais me emocionou foi a língua. Foi o brincar com as palavras, foram os sons das palavras, a maneira de escrever como se fala, como ouvimos, como a gente da rua se expressa, cheia de poesia embutida nas sílabas cantadas. Este sim foi, acima de tudo, o meu maior prazer nessa leitura.
Igor Jota 28/01/2014minha estante
Você descreveu suas impressões de uma forma tão cativante que somente me resta colocar na pilha de futuras aquisições!


Arsenio Meira 28/01/2014minha estante
Perfeito. E eu, que gastei sei lá quantos parágrafos, e não consegui dizer o essencial, kkkk. É sério. És a nossa Graciliano Ramos das resenhas, Leminski, e por aí vai. (Graciliano dizia em dois parágrafos o que milhares de escritores só conseguem dizer com duas páginas.)




day t 26/04/2021

Forte, bonito, denso, triste
Acho que essas quatro palavras resumem bem tudo o que senti lendo A máquina de fazer espanhóis. Um livro que fala sobre velhice, abandono, amizade, sociabilidade, medo, remorsos, família, posicionamento político diante da vida... valter hugo mãe tem um poder muito massa de fazer a gente sentir o que o personagem narrador sente. Há angústia, a raiva, mas também um poderoso reconhecimento de que a vida não para, e que há sempre a oportunidade de descobrir coisas novas, amizades novas. Fazer uma limonada com os limões da vida. O autor conseguiu me teletransportar pra um asilo, pro ritmo, pra vivência de idosos que tem essa experiência. Foi assim com este livro e tb com O paraíso são os outros, onde consegui ver pelo olhar de uma menina de 7 anos.
Me vieram várias reflexões sobre vida, morte, adoecimento, envelhecimento... pensei muito sobre minha mãe que está entrando nessa jornada da vida. Não foi um livro de fácil leitura, apesar da fluidez. É um livro denso, sensível, desses que a gente precisa de um tempo pra respirar e digerir.
Sobre a escrita: ser uma leitora e fã de Saramago fez com que o terreno estivesse mais plano, hahaha mas num primeiro contato talvez outras pessoas estranhem.
Enfim, livro ótimo. Curti demais e recomendo!!!
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