AleReads 11/12/2023
Você não é os papéis que desempenha
Já percebeu que para cada pessoa na sua vida você possui um conjunto único de assuntos, expectativas, demandas, interações, cuidados/desprezo? Sendo assim, como podemos definir que somos uma mesma pessoa sempre? Como não perceber que estamos cumprindo determinados tipos de papéis?
A cada momento alternamos de personagem: a filha, a mãe, a esposa, a namorada, a funcionária, a amiga. Perspectivas de nós mesmos que construímos para lidar com o mundo exterior, mas que, pasme você, apesar de não se tratarem do mesmo personagem, partilham da mesma fonte. Estamos o tempo todos nos desdobrando em novas versões, que interagem com o mundo de um jeito único mas que possuem a mesma procedência.
E se quiséssemos acessar à fonte geradora desses operacionais? Onde ela está escondida e como chegar até lá? O silêncio é o atalho. É a partir dele que entramos em contato com a raiz, com a nascente. Essa obra nos mostra que, uma vez que compreendamos essa matriz, os eventos trágicos e alegres passam por nós da mesma maneira: sem que nos identifiquemos com eles, sem que eles sejam capazes de influenciar aquela nossa natureza que está protegida, imaculada, reservada.
Swami Dayanand Saraswati, nessa compilação das 6 palestras que fez no Brasil, nos ensina a identificar a origem dos papéis que cumprimos, os quais são os verdadeiros responsáveis por nosso esgotamento mental e nossas frustrações diárias. O fenômeno da não-identificação, ao mesmo tempo que nos permite visualizar a realidade última dos eventos e gerar a compreensão do todo, cessa o nosso sofrimento. Aprimorando a nossa capacidade contemplativa e desenvolvendo o silenciar da nossa mente é que podemos entrar em contato com o cerne do nosso ser. Há a estabilização de um estado mental impossibilitado de se deixar influenciar pelos personagens que criamos, os quais são sempre idealizados sob a necessidade de administrarmos nossas interações no dia a dia.
"O mundo não é capaz de perturbar essa pessoa. Nada pode entrar em mim sem uma percepção, sem um pensamento; e os pensamentos não me perturbam, pois eu tenho a visão do silêncio que existe antes e depois de cada pensamento, eu vejo claramente que sou esse silêncio".