Joviana 03/02/2016História, testemunhos e sangueSangue? Realmente se encontra bastante por aqui. Mas ele não serve de alimento.
C.C Humphreys se debruça diante da tarefa de construção de um Drácula real, personagem histórico cujos crimes, abusos e loucura não foram poupados em cada página. Humphrey constrói um anti-herói sem redimí-lo de seus pecados. Assume para si a difícil tarefa de colocar o vilão em posição de protagonismo, retirando dele o carisma necessário para nos deixar confusos sobre se o amamos ou não. Qual o resultado disso tudo? Bom, seguem as minhas boas e más impressões:
Pontos positivos do livro:
- Este é um bom livro. Na verdade um livro muito bom. Gosto da edição da editora Record, com páginas amareladas, letras em relevo e uma bela ilustração em tons de verde e vermelho. As cores dos olhos de Drácula como exposto no livro. Belíssima e chama atenção logo de cara. O interior vai manter o capricho, por isso, nada a reclamar nesse sentido, pelo contrário.
- A leitura segue com surpresas interessantes, a história evolui e tem uma virada bastante impressionante no seu término. Se está com ele em mãos e se prepara para começar a lê-lo, vai encontrar um dos melhores prólogos que eu já vi serem escritos. Ele fará mais sentido e se tornará mais sensacional ao fim da leitura. Acredite. A pesquisa histórica do autor transparece a cada nova frase escrita, percebe-se um cuidado na construção da narrativa e estrutura da obra. Isso é uma das coisas que realmente valorizo em qualquer trabalho literário. É fácil ler o livro, você se interessa pelos seus personagens, realmente interessantes e bem construídos.
Pontos negativos do livro
- A primeira coisa que devo citar como realmente ruim, é a tradução. Em vários momentos as frases ficam desconexas, palavras faltam, são escritas de forma confusa, enfim. Deixa MUITO a desejar. Entendam, apesar de acontecer várias vezes, a tradução consegue não estragar a experiência literária, mas ela parece tentar.
- Vlad não é um personagem com o qual você vai terminar o livro com um forte sentimento de empatia. Existem personagens "maus" que conseguem ter esse apelo, mas o Drácula histórico de Humphrey não é um deles. Em nota explicativa (e muito boa por sinal) no fim do livro, o autor explica que não procurou enaltecer Drácula, ou julgá-lo duramente por seus atos vis. Ele deixa que nós leitores, decidamos por nós mesmos. A ausência de um protagonista que possamos "torcer por", é estranha, mas também não estraga a leitura, é apenas uma coisa que aconteceu comigo pela primeira vez.
Em uma análise geral, Vlad: A Última confissão é um bom livro, com um belo projeto gráfico, história interessante, pontos altos realmente incríveis embora traga uma tradução que deixe a desejar e momentos um pouco monótonos talvez devido a uma certa indiferença que senti pelo destino do protagonista nas páginas finais.
Recomento fortemente para todos que querem conhecer o Drácula fora do âmbito do mito, entrar de cabeça na história e ler um bom livro!
Joviana Marques
Clube do Livro JF