PorEssasPáginas 24/04/2014
A Cuca Recomenda Os Viúvos - Por Essas Páginas
Todo mundo sabe que a Cuca ama Mario Prata. Assim, amo mesmo, do fundo do coração. Então é ao Pratinha que recomendo quando quero ler um livro que tenho certeza que será bom ou então quando quero ler algo mais leve, com humor, para desanuviar das (várias!) leituras tenebrosas que faço (sim, Dias Perfeitos, eu fiquei tão traumatizada com você que procurei um livro de humor depois da leitura!). Mas acontece que, dessa vez, Os Viúvos, livro da série do detetive Ugo Fioravanti, que começou com o sensacional Sete de Paus… bem, dessa vez o livro simplesmente não atingiu todas as minhas altas expectativas. Foi um livro bom, não excepcional. E isso me deixou bem triste porque, oras, vou dizer novamente: eu amo Mario Prata. Mas nem sempre vamos amar todos os livros de nossos autores favoritos, certo?
Os Viúvos segue a mesma linha de seu antecessor, Sete de Paus. Ambientado com habilidade e precisão na lindíssima Floripa (cidade que amo e, como já fui lá, você realmente vê que o autor sabe do que está falando; mas, afinal, ele mora lá, então tem conhecimento de causa para escrever sobre o lugar), temos um novo caso (ou casos) do nosso conhecido detetive Fioravanti – ou Fiora. Temos também o retorno de seu fiel escudeiro, Darwin Matarazzo, que continua sendo hilário e faz uma orelha como ninguém. Nesse livro, Fiora recebe vários e-mails de um tal E.R.N., que confessa seus crimes e suas desventuras com a Receita Federal. Em meio a tudo isso, Fiora também precisa resolver um caso inquietante sobre os sequestros de bancárias – sim, funcionárias de um banco e, ainda por cima, precisa encontrar uma bunda (mas isso fica a cargo do pobre Darwin, que quase perde a esposa por isso). Ótimos ingredientes para um livro cheio de humor, não?
Sim, mas também, não. A história da mais bela bunda da ilha de Florianópolis parecia divertida e promissora, mas acontece que pareceu apenas uma história inserida ali sem relação com o restante do livro, pura e simplesmente para ser engraçada, e isso não foi legal. A história ficou meio “voando” no livro, sem nunca se encaixar direito. Era como um desvio na trama, não uma subtrama. Rendeu algumas risadas? Rendeu. Mas não rendeu risadas tão boas quanto outros livros do autor.
“- As pregas?
- Sim, minha menina. As pregas, minha filha, dizem muito. Muito! É uma região menosprezada pela ciência, mas é fonte de muitas informações sobre a pessoa.
(…)
- Que bela fossa isquiorretal! O espaço retroesfínctérico…” Página 218
É… não preciso dizer sobre o quê é essa cena, certo? *assovia*
Enquanto isso, a história dos sequestros e de E.R.N. era interessante, mas logo se demonstrou previsível. E, mesmo que estejamos em um livro policial e de humor, ainda estamos em um livro policial e ainda é preciso um mistério que envolva o leitor, e não senti que a trama desse caso me envolveu ou me deixou curiosa. Adivinhei bem cedo o que iria acontecer e não é tão bom assim – pelo menos para mim – adivinhar o final em uma trama policial. Talvez Os Viúvos sofra daquela síndrome dos segundos volumes de séries, não sei… Só sei que Sete de Paus foi bem melhor. E ainda tem o fato do tórrido romance adolescente de Fiora durante a trama que… não convenceu. Preferia o Fiora que só se envolvia com prostitutas, era muito mais a cara dele.
A edição é da Leya, de 2010. É uma edição simples, mas competente. Assim como no primeiro volume, este também é separado em capítulos com os nomes das praias, o que é bem divertido principalmente se você é residente ou já visitou Floripa. As notas de rodapé para apresentar os personagens são muito criativas e interessantes, mas começam a se tornar repetitivas e cansativas depois que você já leu trinta notas de rodapé… Talvez fosse legal se o recurso não fosse utilizado em todos os personagens. Por outro lado, algo muito bacana foi a primeira orelha, onde o personagem Darwin Matarazzo apresenta o livro reclamando do seu mais novo caso – o da bunda perdida, e devo dizer que é uma senhora orelha! Já na segunda orelha estão os dados do autor, com uma fotografia de 1957, da época que ele prestou vestibular para a Escola Militar. É outro detalhe bastante divertido.
“Sexo faz bem para o coração e o pulmão. Dizem que seca até hemorróidas. Além de abrir o apetite.” Página 110
Acho que estou muito exigente ultimamente, confesso. No entanto, mesmo assim, Os Viúvos ainda é um livro que diverte e cativa o leitor, com uma trama engraçada e ótimas sacadas. Ele apenas não é um livro tão bom quanto o que estou acostumada a ler de Mario Prata. O estilo inconfundível do autor ainda está lá, mas não em todo seu grande potencial. Entretanto, como eu adoro o autor, vou continuar recorrendo a ele, pois existem muitos outros livros seus que ainda não li – e um dia lerei todos.
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