Maria19642 01/10/2023
"Adeus, ó duas vezes amado! A Túrin Turambar turún' ambartanen: mestre do destino de quem o destino é mestre!"
Cerca de dois meses atrás, quando eu terminei “O Silmarilion”, eu pensei em não ler nenhum outro material de Tolkien até o final do ano. Não me leve a mal, eu adoro o universo dele, mas pensei que precisava de um tempo para que a Terra Média não se tornasse saturada na minha cabeça. Mas aí eu vi uma arte que atiçou a minha curiosidade e decidi começar mais um, o último da terra média desse ano.
Eu não me arrependi dessa decisão, a propósito. Comecei odiando Túrin e seu destino, mas isso logo se transformou em pena. Pena por sua infância, por seu orgulho, por sua teimosia. Chegou um momento da narrativa em que eu estava rezando para não acontecer mais desgraça nenhuma, mesmo que eu soubesse que o pior ainda viria.
Sinceramente, não sei se posso superar esse livro. A temática é maravilhosa e a narrativa é perfeita. Tolkien apresenta crescimento de personagens, como o Andróg, te dá esperança e a destrói e te faz gostar de um protagonista prepotente, orgulhoso, teimoso e maldito(literalmente). Os personagens são perfeitamente humanos e, mesmo os elfos, apresentam as facetas reais do ser humano. Não existe maniqueísmo, exceto no caso de Morgoth.
O que mais me chama atenção são as ironias dramáticas. SIM, PLURAL. O livro está repleto de “previsões” que à primeira vista parecem inocentes, mas que se desdobram e se tornam fundamentais durante a narrativa. Fatos que passam despercebidos, como a discussão com o Saeros e a influência do Sador na infância de Húrin, e que vão crescendo lentamente.
O livro me gerou um desconforto tão grande que eu não consegui deixar de ler e, sinceramente, ainda bem que eu li agora, porque em outro momento talvez eu não tivesse dado tanto valor a ele quanto estou dando agora. É um dos melhores livros de Tolkien. Muito bem construído, muito interessante e muito bonito(as gravuras só ajudam na leitura).