Aisha Andris @AishandoBooks 10/07/2020
Uma leitura válida, mas não curti muito o desenrolar do romance
Meu intuito é sempre fazer resenhas sinceras, que transmitam minha real opinião acerca do que leio. Dito isso, preciso confessar que “Bravura” foi o livro que menos gostei entre os mais de vinte que li da Diane Bergher até agora. Eu não consegui me conectar muito com o casal protagonista, talvez por causa do começo da relação entre eles.
Adoro trocas de farpas, e isso foi legal até, mas aquela atração inicial não me convenceu. Não sei explicar, mas não curti vê-los partindo da briga pro beijo assim do nada. Aliás, um beijo roubado que achei completamente despropositado no contexto em que ocorreu. A Alexia não morria de amores pelo marido, mas ela tinha acabado de ficar viúva (dois meses é pouquíssimo tempo, na minha opinião), não acho que corresponderia a um homem que detestava até aquele momento. E não achei uma atitude muito honrada do Stanley roubar um beijo de uma mulher enlutada, por mais exasperante que ela fosse e por pior que fosse a opinião que tinha acerca do falecido marido.
Por outro lado, eu gostei muito dos temas trabalhados na história. As autoras conseguiram mostrar bem como era difícil ser mulher naquela época, principalmente quando estavam numa condição vulnerável como a viuvez, afinal as mulheres eram ensinadas a buscar um marido de quem dependeriam em tudo, mas o que fazer quando o perdiam, especialmente em condições inesperadas como a abordada na trama? Além disso, vemos a importância da conquista dos direitos trabalhistas que temos hoje. É claro que não é o ideal ainda, mas foi um avanço enorme se comparado ao que existia anteriormente.
Além disso, gostei muito da nossa mocinha. Alexia é uma mulher forte e admirável, que sempre soube se virar bem, por mais difíceis que fossem as condições de sua vida. Ela cresceu sozinha num orfanato, mesmo vindo de uma família aristocrática que sabia de sua existência e, inclusive, custeou sua estadia no estabelecimento. Ali, Alexia adquiriu gosto pela costura, e poderia ter tido uma carreira promissora no mundo da moda, se não tivesse se apaixonado por Marvin e pela ideia de formar uma família com ele. Ainda assim, ela conseguiu conciliar suas duas paixões, sendo uma dona de casa e mãe exemplar (depois de várias abortos, teve uma garotinha linda) e também abrindo um armarinho para vender suas criações. E quando perdeu o marido, ainda encontrou tempo para se juntar às demais viúvas e lutar por uma indenização justa para as mulheres que ficaram desamparadas após perderem seus companheiros de forma tão trágica.
Stanley também tem uma história difícil, tendo perdido o pai de forma trágica muito jovem, o que levou a mãe a virar prostituta para poder dar uma vida digna ao filho, mas conseguiu vencer na vida com muito trabalho duro e o apoio de um amante influente da mãe. Isso e uma grande decepção amorosa o tornaram um homem duro e, muitas vezes, insensível aos problemas dos outros. Só que conhecer Alexia irremediavelmente mudará sua forma de ver as coisas…
site: https://aishando.home.blog/