spoiler visualizarthaynz_ 25/01/2024
Atmosfera carregada...
O início lento de "O Cemitério" é uma característica típica encontrada em outros trabalhos do Stephen. Então, pra quem está familiarizado com o autor não irá se surpreender, que, os primeiros capítulos "engatinhem" bem lentamente. O enredo só parece começar a ser destrinchado, de fato, após a morte do gato (o que acontece só depois lá do vigésimo capítulo). Com esse acontecimento o livro ganha um ritmo mais elevado, deixando o leitor vidrado e... desconfortável. Explico: desconfortável porquê a morte, de repente, está impregnada em cada página e, a depender do quanto o leitor se permite mergulhar na trama, se sentirá um tanto quanto sufocado. Afinal, os temas discutidos neste livro tocam em feridas, que acredito que, cada um de nós sentiu, ou, um dia sentirá: a dor de perder alguém amado, a dor entorpecente do luto, a impotência que sentimos em face da morte...
Daí, junto da carga emocional têm-se fortemente presente o teor sobrenatural e, a iminente sensação da força maligna circundando Ludlow e suas personagens, que em minha opinião é simplesmente aterrorizante!
Em certos momentos, senti-me exausta durante a leitura. Especialmente na jornada do Louis indo buscar o corpo de Gage pra levá-lo ao cemitério dos micmacs. Jesus, juro que parecia que eu estava junto dele atravessado o pântano, cansado e amedrontado.
Dito isto, o Stephen faz um ótimo trabalho em ambientar o leitor. É possível sentir o peso da coisa toda deslizando maleficamente aqui e acolá. A atmosfera é sem dúvidas, densa, rapaz!
É um bom livro. Mas admito que alguns capítulos me cansaram e quase me fizeram querer pular e ir pra outro, por conta dos inúmeros detalhes. Houve momentos onde achei o livro demorado, porém a levar em consideração os temas discutidos na narrativa, acredito que o fato de ser "arrastado" seja bastante condizente com a trama.
Recomendo a leitura? Com certeza! Me gerou sonhos estranhos, mas isso indica que a narrativa conseguiu me fazer mergulhar em Ludlow, quase como se eu fosse vizinha dos Creeds e Crandalls, fazendo-me sentir uma estranha euforia em seguir a trilha até além dos bosques do "simitério dos bichos".
Não darei cinco estrelas apenas pelo motivo de que alguns capítulos são repletos de detalhes que podem cansar um pouco o leitor. Mas de resto, que livro!
P.s: Seria estranho sentir pena do Church após ele ressuscitar? A forma com que tratavam o gato deixou-me triste (?), principalmente nos momentos em que ele é descrito cambaleante, esbarrando nas coisas, sendo chutado e expulso dos ambientes.
Depois é que fui entender o nível de periculosidade da situação. A coisa que se apoderou do Church e do Gage só não usou o bichano porque ele era um animal irracional, enquanto que o Gage ? apesar de ser apenas uma criança ? detinha racionalidade, assim sendo, a coisa teria os meios necessários para realizar o mal pretendido. Com o Church, o máximo que podia fazer era estripar ratos e pássaros, não podendo ir além.