A marca humana

A marca humana Philip Roth




Resenhas - A Marca Humana


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Diego 09/02/2021

Assunto bem atual
Gostei do livro.
Não é aquela obra de arte que te transmite um prazer aliado à sensação de pertencimento à espécie humana, mas é um bom livro, que trata dos assuntos ?raça? e ?racismo?, a partir do ponto de vista norte-americano, por um ângulo diferente e bastante interessante!
De certa forma, a obra me trouxe à mente a figura de Michael Jackson.
Recomendo a leitura, vale a pena!
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Maria 17/06/2022

A marca humana
Foi meu primeiro contato com o autor. Este livro me despertou diversos sentimentos ao longo da leitura. Até o meio do livro, a leitura fluiu, o enredo me prendeu e os assuntos abordados são muito interessantes e importantes. Depois senti uma queda no ritmo, parecia que a leitura estava truncada, arrastada. Penso que o livro é muito denso, muito introspectivo e talvez eu não estivesse tão preparada para tanto. No final, a leitura voltou a engrenar e fiquei impressionada com a conclusão do livro.
Acho que daqui uns anos valerá uma releitura.
Rafael 17/06/2022minha estante
Também foi meu primeiro Roth e, depois dele, nunca mais parei...




Angelica75 29/10/2022

Muito bom - 4,0
Parte da “Trilogia Americana” o livro traz Coleman Silk, o professor e reitor da faculdade Athena em Massachusetts, aguerrido e competente no que fazia. Um pequeno deslize usando um termo considerado racista e ofensivo desencadeia várias pequenas tragédias sendo a principal delas a sua demissão, escorraçado da vida acadêmica. Professor Coleman tem um segredo referente à sua própria origem. Toda essa situação é o mote para Roth fazer suas críticas ao falso moralismo dos norte-americanos. Entra então o mesmo personagem de Pastoral Americana, o escritor Nathan Zuckerman que é procurado por Coleman para escrever um livro sobre toda a situação, pedido que ele recusa no começo mas, vira amigo de Coleman e depois disso aceita.

Daí em diante entra o prazer voyeurístico de ver como Roth consegue mostrar as idiossincrasias de todos que aparecem. A família original de Silk, que sabe o maior segredo dele. Delphine Roux, a professora francesa que o persegue. A esposa que falece após o desgosto da expulsão acadêmica. A amante de 34 anos, Faunia, faxineira da Athena, sem instrução, que o arrasta para mais um escândalo. O ex-marido de Faunia, um ex combatente do Vietnã, crucial também na trama. São altos e baixos, reflexões profundas, outras nem tanto, e exposição desse falso moralismo trazendo uma conexão incrível com o caso Bill Clinton X Monica Lewinski. Tudo muito prazeroso de ler, Roth é assim, não explica tudo totalmente. Sugere que o leitor use sua inteligência.

Em uma das passagens que mais gostei, Nathan Zuckerman diz que, “embora o mundo esteja cheio de pessoas que andam por aí achando que sabem perfeitamente tudo a respeito de nós, o fato é que nunca se chega ao fundo daquilo que se desconhece. A verdade a nosso respeito é infinita. (...) A verdade de cada um é coisa que ninguém sabe, e muitas vezes quem menos sabe é a própria pessoa.”
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Rayssa 21/01/2024

Soco na cara
Nesse livro acompanhamos a vida de Coleman Silk, um professor universitário de 70 anos de idade, cuja vida é virada ao avesso após sofrer graves acusações de racismo contra dois alunos e abuso sexual contra sua amante de 34 anos, Faunia.

Ambientado no final dos anos 90, em um cenário onde uma onda de puritanismo assolava os EUA, oriunda do escândalo sexual que envolveu o então presidente Bill Clinton e sua estagiária Mônica Lewinski, A marca humana é um livro que critica um moralismo corrosivo ao esmiuçar a complexidade humana em toda sua ambiguidade e hipocrisia.

Com uma prosa objetiva e dura, Philip Roth traz uma reflexão refinada e voraz sobre a sociedade norte americana contemporânea. Passando pelo racismo, o puritanismo e o impacto da Guerra do Vietnã, o autor vai traçando uma história brilhante. Seus personagens são criaturas complexas, cheias de idiossincrasias que refletem a hipocrisia de uma humanidade que não perde tempo em apontar os erros alheios, mas nunca olha para dentro de si.

Aliás, cada personagem é muito emblemático nessa obra. Coleman, cuja única forma de se libertar das amarras de uma sociedade racista é negar o próprio ser, negar sua própria negritude. Faunia, vítima de abuso sexual infantil e que acaba vivendo apenas à margem da sociedade, Les, o veterano de guerra que sofre com PTSD, Delphine, uma professora francesa que veio conquistar a América e falha miseravelmente ao pregar um feminismo que ela mesma não acredita, e até o narrador, Nathan, um escritor decadente cuja vida vazia se transforma em uma grande obsessão por Coleman. Todos exercem uma função exata nesse emaranhado de histórias que compõem essa obra.

Embora seja um texto muito preciso, torna-se um pouco repetitivo, motivo que me fez cansar da leitura em alguns momentos. Fora isso, é um livro que impressiona pela sua força e honestidade. Daqueles "soco no estômago" para ser lido com parcimônia, mas de qualquer forma, imperdível.
Fabio.Nunes 21/01/2024minha estante
Excelente resenha. Livro adicionado à lista. Te segui no insta tb


Rayssa 21/01/2024minha estante
Obrigada!




jota 17/05/2013

Humanos, marcadamente humanos
Logo na abertura de A Marca Humana, Philip Roth transcreve um trecho de Édipo Rei, de Sófocles: "ÉDIPO: Qual o rito da purificação? De que modo há de ser feito? "CREONTE: Pelo desterro, ou pela expiação do sangue pelo sangue..." Tragédia à vista? Sim, mas não apenas isso e não apenas uma.

E quando de fato as palavras começam a rolar, lembramos levemente de outro ótimo livro, Desonra, de J. M. Coetzee. Aqui também há um professor, mas judeu, que tem de deixar sua cátedra universitária não acusado de assédio sexual feito o professor sul-africano de Coetzee, mas sob a acusação de racismo contra dois estudantes negros, que apesar de matriculados em sua disciplina não compareciam às aulas. Acusação que vai se revelar, bem mais à frente, uma injustiça. Mas, acima de tudo, uma tremenda ironia.

Bem, num fim de tarde de um sábado de verão do final dos anos 1990, depois de o rádio começar a tocar os acordes iniciais de “Bewitched, bothered and bewildered”, na interpretação de Frank Sinatra, Coleman Silk (setenta e um anos, que recentemente demitira-se de sua cátedra de Letras Clássicas por preconceito racial) convida para dançar seu amigo Nathan Zuckerman (sessenta e poucos anos, escritor e narrador de A Marca Humana). Eles estariam tendo um caso?

E seria por isso - ou por outra coisa - que um dia Coleman recebe uma carta anônima, mas que sabemos que foi enviada por sua colega universitária, a professora francesa Delphine Roux, que diz que “sabe de tudo”? Alguém teria descoberto o segredo que Coleman vai revelando aos poucos, apenas para algumas pessoas que cruzam seu caminho? Isso acontece somente na segunda parte do livro (são cinco partes) e resenha alguma pode contar acerca de sua opção de vida sob pena de tirar um pouco o impacto dessa revelação.

A história de A Marca Humana se passa na década de 1990 e nela há fartas referências à política americana, mais exatamente ao presidente Bill Clinton e seu affaire com a estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky. Tudo mais ou menos nessa época em que se começou a usar enfaticamente a expressão “politicamente correto”. Mas o ambiente universitário americano também recebe grande destaque de Roth.

Além de Coleman Silk, Nathan Zuckerman e Delphine Roux, A Marca Humana traz marcantes personagens como Faunia Farley, faxineira analfabeta que nutre paixão por corvos, o ex-marido dela, Lester Farley, ex-combatente no Vietnã e para quem toda pessoa de olhos puxados é um inimigo em potencial e Ernestine Silk, também professora e irmã de Coleman. E outros interessantes personagens secundários.

A história de cada um deles está aqui, todos inapelavelmente marcados, não por um sinal, mas pela marca humana em si: por onde passamos, como diz Roth através de uma personagem, “(...) nós deixamos uma marca, uma trilha, um vestígio. Impureza, crueldade, maus-tratos, erros, excrementos, esperma — não tem jeito de não deixar. Não é uma questão de desobediência. Não tem nada a ver com graça nem salvação nem redenção. Está em todo mundo. Por dentro. Inerente. Definidora.”

E depois de muitas histórias embasadas em política, sexualidade, questões éticas e étnicas, depois de mais de quatrocentas páginas lidas, vem o aguardado final. Não que ele seja surpreendente, mas é diferente: parecia que o livro ia acabar de um jeito, mas acaba de outro. Um final que não deixa dúvidas sobre a genialidade de Philip Roth ao nos contar suas histórias brilhantes. A Marca Humana é um livro brilhante. Muito diferente deste despretensioso resumo, na verdade, uma louvação a Roth.

Lido entre 08 e 16/05/2013.
jota 26/05/2013minha estante
Há livros que não desgrudam facilmente dos leitores após finda a última página e muitas obras de Phlip Roth são assim. Fiquei vários dias com a história e os personagens me buzinando a mente mas não vou reler A Marca Humana. Então acabei vendo o filme de 2003, Revelações, com Anthony Hopkins e Nicole Kidman nos papeis principais. Hopkins está balofo demais para o papel além de que é uma cara muito conhecida para atuar como Coleman Silk, as coisas não se encaixam, ainda mais quando conhecemos o Silk jovem e lutador de boxe. O mesmo acontece com Kidman, bela e conhecida demais para o papel de Faunia Lester. Que não é exatamente uma mulher sensual como Nicole - Faunia está mais para um animal sexual (tanto é que, entre outras coisas, é apaixonada por Príncipe, um belo corvo de um aviário). Diminuiram sensivelmente a participação da complexada (ou complexa) professora francesa Catherine Roux na trama, rejuvenesceram inapropriadamente Nathan Zuckerman (papel de Gary Sinise), eliminaram todas as histórias do Vietnã, que têm a ver com a paranoia de Lester Farley, o ex-marido de Faunia, etc. Mas tenho de reconhecer que uma cena capital para entender o comportamento de Coleman Silk funciona melhor no cinema, pois você está vendo ali, na totalidade, aquilo que no livro só pode imaginar ? é quando o professor Silk convida o escritor Zuckerman para dançar ao som de Fred Astaire, Cheek to Cheek. Que no livro é outra canção, ?Bewitched, bothered and bewildered?, interpretada por Frank Sinatra. E vamos para o final: a tensão do Epílogo é bastante acentuada no livro; no filme é uma cena um tanto rápida, embora contenha o essencial, ironia e um clima de ameaça. Bem, Revelações (direção de Robert Benton) não é uma adaptação cinematográfica à altura de A Marca Humana, e mesmo que você não tenha lido o livro vai achar que não apenas falta alguma coisa ao filme, mas também que seu desenvolvimento parece um tanto artificial.




Carla 16/06/2020

“A verdade a nosso respeito é infinita. Tal como as mentiras” (Philip Roth)
Esse foi o meu primeiro contato com o ganhador do Prêmio Pulitzer de Ficção, Philip Roth, e confesso que foi difícil me curar da ressaca literária causa por essa obra.

Não sou capaz de descrever a mistura de sentimentos que a leitura desse livro me causou. Na verdade, ainda agora – meses após a leitura – me é difícil pensar em palavras capazes de capturarem a amplitude emocional dessa obra.

Pois bem. Em “A marca humana” conhecemos a história de Coleman Silk, renomado professor universitário de letras clássicas. Sua história nos é contada de trás para frente, a partir do momento em que a carreira do professor se esfacela após um comentário que, fora de contexto, é considerado racista, e acaba por lhe afastar da universidade.

Desse fato em diante, a vida inteira de Silk se deteriora. E é a partir de então que passamos a tomar conhecimento da vida pregressa do professor agora rejeitado pelo círculo acadêmico e, igualmente, pela própria família, especialmente após se envolver com uma faxineira da universidade, com metade da sua idade.

Na medida em que a leitura avança, vamos conhecendo melhor a personalidade de nosso protagonista, seu passado e sua moral, e experimentando seus dilemas e vivências.

A obra tem a capacidade de nos fazer refletir sobre a condição humana, sobre nossas potencialidades e nossa falibilidade. Em mim, a leitura causou desconforto e inquietude, e me fez refletir a respeito das inimagináveis consequências de pequenas escolhas a longo prazo.

Além disso, a história de Coleman Silk me fez pensar muito a respeito da sociedade em que vivemos, assolada pela hipocrisia e pelo puritanismo. Ao mesmo tempo que condenamos veementemente o racismo, ainda fazemos muito pouco para combatê-lo de fato. Nesse viés, a obra me deixou um questionamento: quem poderíamos ser, aonde teríamos chegado, como estaríamos, enquanto sociedade, caso tivéssemos nos livrados dos preconceitos que nos amarram e nos reprimem?
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Daiane316 27/09/2023

A marca humana
Estou impressionada com a qualidade do texto nessa primeira obra que leio do Roth.
Em A marca humana, o autor escancara essa perniciosa marca como algo a ser extirpado da sociedade moderna e do mundo que defende direitos igualitários, sem se preocupar em abolir a prática imperialista e preconceituosa.
É uma obra que ecoa após leitura e certamente deixou a sua marca.
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ElisaCazorla 29/07/2015

Estratégias de sobrevivência social
Foi um verdadeiro desafio terminar este livro porque o ritmo e estilo do autor não me agradaram. O tema é interessante, a história é interessante, o autor é enfadonho. As 60 primeiras páginas são ótimas e criei muitas expectativas sobre o andamento do romance. No entanto, depois disso, o livro passa a se tornar muito chato, arrastado, com reflexões muito longas sobre temas e assuntos que parecem não ter tanta importância com o todo - até poderiam estar ali, mas em alguns parágrafos, não em dezenas de páginas! O autor se demorar demais em reflexões sobre o caso entre Bill Clinton e Monica Lewinsky, sobre os corvos, sobre um ex-combatente deprimido enfrentar um restaurante chinês, e mais, muito mais, sobre Clinton e Clinton e corvos!!! Se sobreviver a tudo isso e chegar na página 390 até a página 440 então teremos alguns momentos interessantes novamente mas, a esperança de ter lido um bom livro já não existe mais.
Para mim foi difícil estabelecer laços de empatia ou até simpatia pelos personagens. Não me agrada o clichê de um livro ter como narrador o próprio autor escrevendo este mesmo livro. O tema, repito, é interessante e poderia ter sido muito bom se não fosse o estilo literário do autor. Outros leitores podem gostar.
Daniel Assunção 04/01/2016minha estante
Li Casei Com Um Comunista e Indignação do Roth. Como você disse, nos dois casos foi uma leitura meio penosa, arrastada, certa crueza que apertava, especialmente no segundo. Porém Casei com um comunista foi uma expansão e tanto pra minha mente, um dos livros que mais me conscientizou até agora. =)


ElisaCazorla 27/01/2016minha estante
Seu comentário de me deixou bastante curiosa! Quem sabe eu não dê uma chance para o Roth. Obrigada =]


Debora938 29/08/2018minha estante
Senti a mesma coisa que você. O início sensacional e depois muito enfadonho, descritivo. No final melhora. Foi o primeiro livro de Philip Roth que eu li e .E desanimei de ler outros.




Geisi.Ferla 24/05/2021

Cancelamento
Tão atual pra esta era de redes sociais. O professor decano Coleman sofre um ?linchamento? de reputação por um termo compreendido erroneamente e vê sua brilhante carreira atacada. Em paralelo várias narrativas sobre sua vida privada vão sendo ?descortinadas??
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Valério 05/06/2017

Denso
Philip Roth escreve tão bem seu "A marca humana" que se torna mesmo difícil verificar qualquer peso de suas ideias sobre os temas abordados. Racismo (ou a gritaria estéril em volta do tema, como ocorre muitas vezes) é um dos temas principais. Um professor universitário é acusado de racismo em uma classe de aula.
Visivelmente uma acusação leviana (como tantas vezes vemos hoje em dia por questões como racismo, homofobia, etc - onde tudo que se fala é condenável), a vida do professor se vê completamente destruída. Pelo menos até entendermos o que é destruição e que, muitas vezes, a destruição é necessária para a criação.
Mesquinhez, recalque e inveja se utilizam muitas vezes dos discursos politicamente corretos para atacar as pessoas e tentar derrubá-las da felicidade e sucesso que alguns vêem como um desaforo.
Um livro para pensar muito, durante muito tempo.
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Gladston Mamede 05/01/2022

Que leitura surpreendente. Furta-nos a atenção, sequestra-nos. Uma narrativa de estrutura bem própria, diversa do comum, mas com um resultado fantástico. Simplesmente amei.
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Melissa Padilha 10/12/2013

Escrever sobre um livro como A Marca Humana, não é uma tarefa fácil. Nada fácil aliás.

Philip Roth é um escritor estadounidense de origem judaica, hoje com 80 anos, vencedor do prêmio Pulitzer pela obra Pastoral Americana e considerado um dos mais importantes escritores da segunda metade do século XX. É conhecido principalmente pelos seus romances, como Pastoral Americana, O complexo de Portnoy e O homem comum.

Acho que todos já tivemos aquela experiência de tomar um soco no estômago de leve, aos poucos, é como se esse soco fosse dado em câmera lenta, em pequenas doses, em pequenas linhas, letra a letra ... Philip Roth faz isso em A Marca Humana.

O livro conta a história de Coleman Silk, um judeu, decano de uma universidade nos Estados Unidos, que se depara com uma grande confusão, é acusado por 2 alunos negros de tê-los agredido com uma palavra, "spooks", que em inglês na sua tradução literal remete a algo como "assombração", porém foi utilizado durante o início do século XX nos Estados Unidos, como uma forma de agressão verbal a negros. Coleman utiliza a palavra em sala, para designar dois alunos, que nunca tinham aparecido em sua aula. Essa confusão ao longo das primeiras linhas mostra-se como um grande mal entendido (e posteriormente uma grande ironia).

Entretanto, esse mal entendido, causa da demissão do decano que modernizou a universidade e era tão aclamado e competente na posição que ocupou durante anos. Isso causa uma tempestade na vida de Coleman, trazendo a tona velhas e novas questões na sua vida.

O livro é narrado por Nathan Zuckerman, uma personagem que aparece em diversos livros de Roth. Nathan se torna amigo de Coleman, após um pedido desesperado de que Nathan escreva sua história. E assim acontece, se tornam amigos e Zuckerman é responsável pela narração da trajetória de Coleman.

O livro se passa na década de 90, começa narrando o acontecimento no governo de Bill Clinton, sobre a revelação do caso que o ex-presidente teve com sua estagiária na época, Monica Lewinsky, história essa que é o pano de fundo do livro. A história é um vai e volta na vida de Coleman, mas não só na dele, ao redor dele várias histórias são também narradas, como a de Faunia Farley a "amante" de Coleman, do seu marido Les Farley, do próprio Zuckerman e de tantas outras pessoas que entram e circundam a vida de Coleman e o ajudam a traçar seu destino.

A escrita de Roth é dura, categoricamente simples porém densa e profunda. É a história de pessoas marcadas e que marcam a vida de outros. É a história de nossos pequenos e grandes segredos que preferimos ignorar e manter escondido numa gaveta qualquer.

Roth trata de forma muito aberta a questão do politicamente correto e do puritanismo tão comum nos EUA. O livro trata de segredos que mantemos, percepções que temos e os julgamentos que fazemos a partir dessas suposições. É um livro da alma humana, dissecada e jogada na nossa frente de forma crua e muito simples.

Roth vai de encontro as principais questões da sociedade, política, sexo, etnias, questões éticas, guerra, os maus de uma sociedade que mais se esconde do que se mostra, que finge mais do que é honesto consigo e com os outros. É uma história brilhante a qual não estou fazendo nem o minímo da reverência que ela merece.

Alguns poderiam dizer que esse livro faz um crítica, mas eu acho que Roth não pretende isso, ele pretende mostrar, revelar essas pequenas idiossincrasias humanas, faze-las vir a superfície de cada um de seus personagens. É mais um revelar do que um criticar, tudo que se passa no livro. Roth traz a tona nossas marcas, nossos segredos que temos medo de revelar, as marcas humanas que deixamos em cada um que passa por nós e que eles mesmo deixam em nós.

É um livro brilhante, daqueles que você termina e já quer reler, daqueles que você termina de ler e ficado parado, pensando e analisando se conseguiu absorver tudo que o livro pôde proporcionar.

Com certeza, uma das minhas melhores leituras já feitas.

site: http://decoisasporai.blogspot.com.br/2013/12/a-marca-humana-de-philip-roth.html
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laís 04/03/2015

Melhor descrição: "um soco no estômago"
A Marca Humana é um daqueles livros que você lê e pensa "ainda bem que agora eu encontrei você". Terminei ontem mas ainda não consegui desapegar de cada personagem, de cada história, de cada marca humana que as personagens deixam na vida dos outros (e na minha).
Phillip Roth escreve magistralmente bem, o livro conquista mais pela escrita simples, sem pudor, e pela reflexão que cada vida, cada situação traz pra quem lê, e como li aqui no Skoob, a melhor comparação para o livro é "um soco no estômago". As reflexões que Roth traz sobre os mais diversos temas abordados no livro é uma violência à mente cheia de definições, conceitos e opiniões formadas: é um soco no estômago que vem sem avisar, mas que por fim a gente gosta e quer tudo de novo.
Obrigada Philip Roth, ainda bem que agora eu encontrei você.
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N.Barbosa 23/11/2016

Roth não decepciona
Somos humanos, marcadamente humanos. A vida, por mais que digam o contrário, é um emaranhado de fios tecidos com as relações, experiências adquiridas e o resultado da somatória de inúmeras outras variáveis que influenciam a existência. Com uma linguagem simples, porém densa e profunda, Philip Roth constrói uma daquelas narrativas que conseguem prender a atenção não apenas pelo roteiro, mas, pelo significado que é possível abstrair das entrelinhas da história. Coleman Silk, um professor universitário, tem a vida revirada após utilizar uma palavra para se referir a alunos que faltavam em suas aulas. Mal sabia ele que eram negros. Sua mulher morre em decorrência da situação da acusação de racismo contra o esposo. A partir daí, uma série de eventos mexe radicalmente o destino de Coleman. Conhece a faxineira analfabeta de 34 anos Faunia Farley e todo o universo complexo dessa personagem carregada de cunho dramático e erótico. O livro é contado pela ótica do escritor Nathan Zuckerman, alter-ego de Roth. Ao ir costurando os fatos, ao escavar o passado de cada um dos personagens, os mistérios por trás de cada ação e as marcas deixadas são pistas essencialmente humanas. As cortinas caem, a linha tênue entre o público e o privado é rompida e, por fim, Roth aponta para o absurdo de tudo isso quando diz: “Essa é a vida. É assim mesmo”. Confesso que ainda estou atordoado com a leitura. Histórias entrelaçadas que fundem e se confundem com as marcas humanas em cada um de nós.
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Adriano 25/08/2020

Gênio da literatura contemporânea americana
Gênio da literatura contemporânea americana.

A marca humana (2000) ao lado de Pastoral Americana (1997) e Casei com um comunista (1998) compõe a grande trilogia de Philip Roth sobre a vida na América do pós-guerra.

Meu preferido continua sendo Pastoral Americana mas os outros livros são sensacionais.

A crítica ao moralismo corrosivo, publicado em 2000 mas serve perfeitamente para o tribunal de opiniões e histeria coletiva de 2020.


"Há verdades e verdades. Embora o mundo esteja cheio de pessoas que andam por aí achando que sabem perfeitamente tudo a respeito de nós, o fato é que nunca se chega ao fundo daquilo que se desconhece. A verdade a nosso respeito é infinita. Tal como as mentiras. Preso entre uma coisa e outra, pensei. Denunciado pelos pretensiosos, escorraçado pelos santarrões ? e por fim exterminado por um louco furioso. Excomungado pelos salvos, pelos eleitos, pelos eternos evangelistas dos costumes do momento, e por fim eliminado por um demônio implacável. As duas exigências humanas encontravam seu ponto de encontro nele. O puro e o impuro, com toda a sua veemência, em ação, tendo em comum a mesma necessidade do inimigo. Cortado ao meio, pensei. Cortado ao meio pelos dentes hostis deste mundo. Pelo antagonismo que é o mundo."
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