Heroínas Desta História

Heroínas Desta História Carla Borges...




Resenhas - Heroínas Desta História


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Pandora 14/09/2021

A ditadura militar no Brasil durou 21 anos, de 1º de abril de 1964 até 15 de março de 1985. Iniciou-se com o golpe militar que derrubou o governo democraticamente eleito do então presidente João Goulart. Tinha caráter autoritário e nacionalista e teve no comando Castelo Branco (1964-1967), Costa e Silva (1967-1969), Garrastazu Médici (1969-1974), Ernesto Geisel (1974-1979) e João Figueiredo (1979-1985).

Em 13 de dezembro de 1968 foi emitido o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que já em seu preâmbulo se contradizia, afirmando que o golpe de 1964 (chamado no texto de Revolução Brasileira), visava assegurar “autêntica ordem democrática, baseada na liberdade, no respeito à dignidade da pessoa humana, no combate à subversão e às ideologias contrárias às tradições de nosso povo (…)”. Liberdade de quem? Dignidade humana de quem?

Nas 15 histórias deste livro - algumas muito conhecidas, outras não - 15 mulheres contam como perderam, durante estes nefastos anos, pessoas que amavam, algumas delas torturadas e mortas, outras desaparecidas. Algumas destas mulheres morreram sem saber realmente o que aconteceu.

É uma leitura muito, muito difícil, quando se tem o mínimo de humanidade e empatia.

“Quando o garoto entrou na sala da direção da escola, percebeu a tragédia. A diretora, uma pessoa conservadora, estava com os olhos marejados. O padre, que trazia a notícia, também. De início, ele falou em acidente. Luciana, então com 11 anos, perguntou se o pai estava bem. Santinho respondeu: “O pai da gente morreu”. O choro desabou em todos. - pág. 315.

Porém, há os que não têm.

“Tinha uma freira que dizia: “Por que não mataram antes? Era comunista, durou muito.” - pág. 316.

Para além do assassinato, que já é dificílimo de aceitar, há a impunidade, que mata pouco a pouco quem fica. E quem fica ainda escuta de alguns que foi bom, que foi bem feito, que se torturou pouco, que se não matou, devia ter matado. E há quem peça a volta da ditadura, o fechamento do congresso, a punição e o cerceamento da liberdade. Dos outros, claro. Afinal, nada acontece com quem anda na linha. Só morrer atropelado pelo trem.

Primeiro levaram os negros
Bertolt Brecht (1898-1956)

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


O projeto gráfico desta edição é muito bom, fonte e espaçamento excelentes. Os destaques coloridos dão clareza ao texto. Todas as histórias são acompanhadas de fotos.
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Christiane 24/07/2021

São décadas de silêncio rompido, seja por proteção, para seguir em frente ou por uma política de esquecimento que encobre os crimes da ditadura civil-militar. São mães, esposas , mulheres que estiveram à frente da luta contra o regime militar. Mulheres que perderam filhos, maridos, irmãs e irmãos, que sofreram e lutaram e as que enfrentam o regime em busca de notícias e depois a imensa luta ao direito da certidão de óbito. Algumas bem conhecidas por não terem se calado como Clarice Herzog e Eunice Paiva ou Zuzu Angel que já não pode estar aqui, pois foi silenciada. Outras que nunca ouvimos falar. Mulheres simples e outras de classe média, não importa, todas são mulheres e protagonistas de nossa história que precisam ser ouvidas.
Este livro nos traz algumas delas, vamos ouvi-las.
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