Sem Filhos

Sem Filhos Corinne Maier




Resenhas - Sem Filhos


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Tamyres 02/04/2023

Esse livro fala muito sobre ela kkkk
Certo, muitos dos argumentos que ela usa são válidos e eu concordo. Mas muitas vezes eu senti como se tivesse lendo um diário de uma mãe/mulher que fracassou na vida e acha que o motivo foi ou é os filhos.
Enfim cada um com com sua decisão e opinião, mas não me convenceu de não ter um filho um dia.
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Daniele 21/03/2021

Cruel ou verdadeiro?
A maternidade é romantizada, fato. Nesse livro a autora vai além, passa por todas as dores; física, mental e psicológica, e discute algo que eu chamaria de "o inferno de SER mãe/pai" (mais mãe do que pai). Não sobre simplesmente ter seu tempo dedicado a outro ser, mas sobre a obrigação de dedicar o seu tempo a outro ser. A pressão em ser um exemplo, em saber ouvir, saber o que dizer, pisar em ovos para não causar traumas, se autoquestionar se está sendo uma boa mãe, aguentar com um sorriso no rosto coisas que simplesmente o desanimam e causam tédio.
Gostei bastante, mas é preciso ler com um olhar bem crítico. Ao mesmo tempo não deixei de sentir pena (?) da autora, que é mãe, e diga-se de passagem, corajosa.
Marcio 22/05/2021minha estante
TUDO na vida gera pontos positivos e negativos. A maternidade, idem...




K-Roll 04/02/2021

Das 40 razões eu só concordei com 10.

Eu esperava muito mais dessa leitura. Via como algo a criticar a imposição da maternidade para as mulheres, mas recebi mais uma guerra contra a maternidade em si. E olha que eu não estou nem um pouquinho afim de me tornar mãe.

Um dos piores argumentos para mim foram:

6. Saiba manter seus amigos.
9. O filho: Um estraga-prazeres.
12. ?A criança é uma espécie de anão cheio de vícios e com uma crueldade inata?
19. Seu filho obrigatoriamente o decepcionará.
20. Ser uma mãezona, que horror!
23. As famílias são um horror
34. Ser mãe ou ter sucesso: É preciso escolher.


Acho que a autora tem algumas questões pessoais com os pais que deveriam ser levados a terapia.
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Kaline.Kelli 21/12/2020

Gostei muito
Após a leitura continuo querendo filhos claro heheheh, mas uma leitura muito válida, reflexiva, divertida em alguns momentos, muito boa mesmo.
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Ângelo Von Clemente 30/03/2019

Tinha de ser francesa.
Já faz certo tempo desde que pude concluir a leitura de tal "ensaio. "
Algo talvez curioso se revele no fato de eu o ter adquirido aos doze anos, aproximadamente, embora só o tenha lido seriamente no ano passado, uns nove anos depois. Somente o nome e a proposta do livro, pela apresentação provocante e altamente subversiva, me havia cativado de um jeito imediato, irônico, e precoce.

Admito que, com o tempo, houveram duas tentativas de efetuar tal leitura, mas nunca lograram êxito aos 14/15 anos, visto que ocorria abandono de minha parte, por encontrar um abismo que me era inexplicável na época, entretanto que hoje sou capaz de bem discernir. Existia um quê de superficialidade extrema no discurso, na linguagem, no que era elaborado como base argumentativa da obra que a tornavam uma aberração de tão maçante e insuportável!

Com muita veemência eu digo: Trata-se, por parte da referida autora, de uma pseudo-provocação que nada mais é que panfletária , tendenciosa, e de uma pobreza de espírito digna de lamentação. Longe de ser uma porta voz que transgride um sistema de opressão, que seja dito muito nitidamente: Dessa senhora eu só pude captar um alicerce argumentativo sofista e demagogo, que chega até mesmo a insultar os verdadeiros motivos, e receios daqueles que temem e optam por não colocarem filhos neste mundo.
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DomFarias 11/08/2017

Corinne Maier em "Sem Filhos - 40 Razões Para Você Não Ter" lista de forma curta, direta e debochada motivos para desestimular o desejo por um rebento, expõe cenários de como a mulher perde espaços na vida pessoal, social e profissional após a maternidade. Traz reflexões sobre o papel da mulher na sociedade, e de como um filho tira a capacidade de evolução. Pelo tom descontraído o livro é muito fácil de ser lido, e curto, certamente fará você tentar encontrar mais razões. Um bom livro para comentar com os amigos e repensar de que forma a responsabilidade de ter uma criança pode impactar na sua vida, e se o valor a ser pago compensa.
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Bruno Oliveira 01/04/2016

(Leia o texto original aqui: https://aoinvesdoinverso.wordpress.com/2016/04/01/resenha-sem-filhos-corinne-maier/ )

Em vários sentidos e contextos a gravidez constitui motivo de comemoração: os avós se felicitam pela própria continuidade, as mães exibem suas barrigas como troféus e os pais são parabenizados pelo sexo bem feito. Todos querem cumprimentar quem trouxe um facho de luz a este mundo sombrio e conferir com seus próprios olhos a novidade que nasce. Ter filhos é uma maneira de se integrar socialmente e se ligar a um valor, um rastro de otimismo e fé no futuro que tem seu ápice no nascimento da criança, por isso, poucas posturas são mais polêmicas que o questionar desse valor e há poucas pessoas mais ostracizadas que aquelas que decidiram não procriar.

Deus ordenou que Noé povoasse o mundo e sua voz ecoa até hoje. Convém questioná-la?



"Vida que morre e que subsiste
Vária, absurda, sórdida, ávida,
Má!

Se me indagar um qualquer
Repórter:
Que há de mais bonito
No ingrato mundo?
Não hesito;
Responderei:
De mais bonito
Não sei dizer. Mas de mais triste,
De mais triste é uma mulher
Grávida. Qualquer mulher grávida."

Manuel Bandeira, Entrevista

Este pequeno livro tem como objetivo desmotivar (no sentido de tirar a motivação) pais em potencial que ainda se perguntem se vale a pena ter filhos

Assim se explica o panfleto divertido de Corrine Maier. Sem pretender defender o fim da maternidade e da paternidade meramente, a autora, em pouco mais de cento e cinquenta páginas, analisa e discute algumas das razões mais utilizadas na defesa da procriação. Há boas razões endossando a procriação ou apenas cedemos a imperativos sociais e biológicos?

A discussão de "Sem filhos" se encaminha por quarenta (curtos) tópicos em que vários lugares comuns são confrontados e algumas boas ideias debatidas. É bom que se diga que não se trata de nenhuma obra-prima, nem de um tratado de filosofia familiar, mas apenas de um livro divertido que coloca uma discussão válida.

Deste modo, a sistematicidade das linhas à seguir é mero fruto de minha obsessão por ordem e de meu oportunismo de usar resenhas para organizar reflexões. Bem dizendo, em vez de analisar criticamente o livro com a preocupação de separar o que ele diz daquilo que penso sobre ele, tentarei reconstruir suas discussões a partir de meu próprio ponto de vista a respeito delas.

Assumo desde já a culpa pelas falhas dessa empreitada e deixo os méritos para a autora. Preparem seus tomates.



"Na Idade Média, a morte de uma criança era menos importante que a perda de um cavalo" - Luc Ferry, em entrevista à Superinteressante

Os medievais europeus acreditavam vigorar certa ordem no mundo decretada pela própria divindade dentro da qual cada coisa ou pessoa encontraria seu lugar (e, é claro, ficaria lá até morrer), sendo que assim como existia uma organização na física ou no mundo selvagem também deveria existir uma ordem social e um lugar natural para cada um ocupar. Como a ordem era fixa, a identidade também era, bastava alocar cada coisa em seu respectivo lugar para a conhecer, sendo esse o tipo de pensamento que tornava aceitável que um camponês passasse toda a vida sem conhecer nada além do perímetro do feudo um mundo de menos de dez quilômetros povoado por pessoas que vivenciavam as mesmas coisas e estavam submetidas aos mesmos poderes, e nenhum horizonte para além disso. Afinal, quem questionaria a existência do mesmo deus para todos, a soberania do senhor, a servidão do escravo, em suma, os elefantes de sempre sustentando os pilares do mundo?

Nesse pequeno universo, cada conceito relevante na organização da vida social papa, rei, pai portava um significado perene e irrecusável, expressando as poucas possibilidades de vida conhecidas e praticadas ali. No microcosmo familiar, por exemplo, pai, mãe e filhos cumpriam sem hesitação seus papéis na harmonia do lar, uma vez que era o próprio verbo divino que decretava o lugar de cada coisa e ninguém ousaria duvidar dele.

Com o declínio do mundo medieval, contudo, os feudos viraram burgos que viraram cidades repletas de estranhos, de espaços em que pessoas diferentes e de origens diversas passaram a conviver umas com as outras. Forçadamente, é claro. Um novo mundo nasceu dos incontáveis choques de identidades, das novas configurações sociais e fez com que, no convívio constante da diferença, novos relacionamentos fossem construídos a partir do encontro com o outro e não mais a partir de uma grande ordem comum.

Fere nossa dignidade moderna imaginar que possamos ter nascido para morrer no mesmo emprego ou no mesmo estamento, como se a vida transcorresse numa pequena maquete, por isso, preferimos crer que temos algum poder de escolha e fazemos surgir em cada uma de nossas ações a certeza de que escolhemos livremente. Ao construirmos relações seja com as pessoas ou com coisas por meio de ações motivadas apenas pelo arbítrio num mundo em que a ordem, se existe, é constantemente questionada, pessoalizamos essas relações e passamos a valorizar tremendamente a individualidade que as suscita.

Cresce assim o espaço do eu em cada ação: as obras de arte passam a receber assinaturas, inventa-se o direito autoral e a figura do gênio, surge o ideal social do self made man e os lugares-comuns que reforçam que o importante é o que você faz e não quem você é e que nenhuma ordem constitui impedimento para que sejamos qualquer coisa que escolhamos ser. Em se tratando disso, até inventamos de casar com quem gostamos e de experimentar demoradamente o outro (aliás, outros) antes de fazermos isso, afinal, o que pode ser mais cafona que um casamento arranjado, não é?

A Idade Moderna trouxe novos imaginários, alguns deles bem emancipadores, todavia, o fim de uma noção de ordem também nos legou angústias.

Na impossibilidade de uma participação comum numa perenidade superior de um mesmo céu pairando sobre todos fomos impedidos de aspirar qualquer ideal de perpetuação. A ordem do mundo ruiu, o firmamento desabou, e não foi apenas deus quem morreu, mas nós também, esmagados pela finitude. Sem ordem, nossas relações passaram a transcorrer ao sabor do mero arbítrio, parecendo se resumir a um capricho no vazio da existência que não tem sentido ou duração. Como se perpetuar se sobre a fluidez das coisas temos apenas um parco poder de escolha? De que maneira construir relações fortes e duradouras, estender-se para além dos anos de idade e conquistar qualquer coisa maior que o emprego medíocre e o diploma desprezível? Parece impossível. Sem uma ordem para dar significado ou perenidade às nossas ações não podemos desejar nada que já não esteja no mundo e que não participe da finitude dele, sendo cada vez mais fácil naufragar no medo da vida animalesca ou sem sentido.

Conquanto nos falte um deus que guarde nossas almas e sua ausência seja irreversível, ainda nos resta algo no interior desse mundo oco, que é continuar significando a vida por meio da prole. Por mais que não acreditemos numa ordem para o mundo e que não compartilhemos a mesmas noções e valores que aqueles ao nosso redor, mesmo assim podemos perpetuar nossa existência (talvez nossas próprias essências) através de nossas crianças. Para o mundo moderno, o filho deixa de ser uma consequência natural da vida e se torna uma forma de salvação, um modo de fazer o eu perdurar malgrado nossa finitude. E poucas coisas podem ter mais valor que ele.

Lembro, inclusive, que em novembro do ano passado um menino de dois anos foi picado por um escorpião no interior de São Paulo e, mesmo sendo socorrido, não resistiu. Não bastasse isso, alguns dias depois os pais se suicidaram tomando veneno. Foram enterrados juntos. São mortes emblemáticas e não há quem não as compreenda, sendo fortíssimo em nós o sentimento de que é preferível morrer que viver uma realidade em que o filho esteja morto.



"Não há pai nem mãe a quem os seus filhos pareçam feios" - Cervantes, Dom Quixote, capítulo XVIII

À medida em que a criança adquire valor o espaço da infância cresce e o espaço da maturidade recrudesce. A consequência disso é que enquanto há alguns séculos a figura do adulto diferia significativamente da figura da criança, fosse nos gostos, nas roupas ou qualquer outro costume, atualmente há tanta semelhança entre ambos que nem um nem outro conhecem bem seus limites as mães se vestem como as filhas por invejarem sua juventude, os pais querem ser jovens para cortejar adolescentes e, contraditoriamente, controlam os direitos sexuais de suas filhas, os filhos mandam na casa enquanto enlouquecem por não terem quem os coloque limites, e assim por diante. Até a pedofilia está em alta como nunca, aliás. Para o bem e para o mal, todos querem ter suas próprias crianças.

A infância tem sido para nós uma espécie de ideal de felicidade e pureza que recordamos com carinho, um tempo em que as pessoas amavam umas as outras e todos eram felizes. Tamanho tem sido nosso apreço por ela que fazemos da criança um contraponto ao mundo adulto, associando-a à valores de pureza e decência moral que supostamente inexistiriam nos amadurecidos, como se ao não terem a experiência dos mais velhos fossem também melhores que eles.

Obviamente, trata-se apenas de nossa velha tendência de idealizar o passado e achar que, coincidentemente, no tempo em que tínhamos menos consciência do mundo ele era também melhor. Sabemos bem que qualquer criança que não seja contida acaba virando ainda na infância um pesadelo ambulante. Todas as vilanias do adulto estão similarmente na criança até onde ela pode cometê-las e, tanto quanto nós, elas necessitam ser contidas e educadas.

Apesar disso, a valoração da criança tem grande repercussão e diversos grupos tentam obter algum benefício disso. O número de exemplos vai ao infinito: há aqueles que supostamente representariam a ciência e pretendem nos aconselhar sobre o melhor modo de educar filhos (aparentemente, respondendo ao nosso desejo de dar o melhor para as crianças e de fazê-las viver cem ou duzentos anos, mesmo que às expensas do planeta); mas há também aqueles que, dependendo do que é legal em cada país, pretendem simplesmente lucrar com a utilização desse valor, como as clínicas de fertilização (e por que não? as de aborto), as produtoras de brinquedos, de filmes e desenhos infantis, os bancos de esperma, etc.

Nem mesmo a política ficou de fora desse processo, bastando considerar, como exemplo disso, que ainda é preferível um presidente cujo mandato o obrigue a ficar quatro ou seis anos longe de suas crianças a um presidente solteiro, na verdade, a distância até torna o sacrifício mais bonito. Decerto, existem diversos outros exemplos, como a responsabilização dos jovens europeus pela criação de futuras gerações de trabalhadores (incumbidas de ocupar os postos mais baixos do mercado antes que os imigrantes ocupem), ou mesmo, em nosso próprio país, a recente luta pelo reconhecimento legal de sua união que, curiosamente, mostra que os casais LGBT compartilham os valores dos heterossexuais, como é o caso da criação de filhos.

Enfim, seja qual for o caso a se considerar, por ser se prestar a manipulações religiosas, políticas e comerciais de todo o tipo, a criança permanece relevante no debate público atual, existindo diversas razões para discutir o que devemos fazer com elas.



"Os pais fazem dos filhos, involuntariamente, algo semelhante a eles, a isso denominam educação, nenhuma mãe duvida, no fundo do coração, que ao ter seu filho, pariu uma propriedade; nenhum pai discute o direito de submeter o filho aos seus conceitos e valorações." - Nietzsche, em Além do bem e do mal.

A prole representa um custo financeiro terrível para qualquer casal. Além de requerer gastos mensais com alimentação, saúde e vestuário, ela tem diversas necessidades específicas que contabilizam altas somas as quais poucos de nós tem coragem de pôr no papel; todavia, mesmo custando tão caro, ter filhos é um direito e em nenhuma democracia do mundo a pobreza constitui motivo para que ele seja revogado. Podemos custear nossos filhos? É uma questão que facilmente deixamos de lado em função dessa garantia legal, em geral, segue-se a vida com o que a vida oferece e o assunto finda aí.

Com isso, embora nossas crianças precisem de uma boa educação pela qual não possamos pagar, podemos colocá-las no sistema público de ensino e torcer que aprendam aquilo que precisarão em seus futuros subempregos, e embora elas necessitem igualmente de boa alimentação e não possamos comprar nada além do mais barato e nem mesmo tenhamos instrução suficiente para mantermos, nós mesmos, uma boa alimentação, podemos entupi-las com industrializados e iguarias altamente calóricas que, de um jeito ou de outro, as manterão vivas, por fim, embora nossos filhos também necessitem de entretenimento de boa qualidade e isso requeira critérios que desconhecemos e valores de que não dispomos, podemos colocá-los em frente a TV ou simplesmente deixar que encontrem diversão de graça nas ruas.

Para cada necessidade cara que uma criança tem há uma alternativa barata e limitadora que as famílias humildes podem pagar de modo a nunca ficarem sem filhos. Nenhuma pobreza, nenhuma dificuldade subtrai o direito das pessoas à reprodução, mesmo que seja à reprodução de si mesmo e de suas condições sociais. Marx, inclusive, notou muito bem isso quando afirmou que: a idade média é a história animal da humanidade, sua zoologia, quer dizer, é a história dos bois que geram bois, dos porcos que geram porcos, dos camponeses que geram camponeses e assim por diante

É significativo que o filósofo pense assim porque, em se tratando da política, a prole produz obediência e acomodação. Por girarem em torno da proteção da criança, as famílias passam a sustentar aspirações uniformes que motivam comportamentos parecidos, quase sempre convenientes para a estabilidade do Estado. Qualquer pai pensará duas vezes antes de sair de seu emprego e nem lhe ocorrerá entrar em passeatas pedindo transformações políticas em seus dias de folga. De maneira semelhante, a mãe é naturalmente algemada ao lar por conta das exigências biológicas e sociais da maternidade, sendo que em pouco tempo se tornará serva em seu próprio lar e de seu próprio filho, a quem logo mais deverá obediência.

Apesar disso, nenhum pai rejeita esse suplício e a maioria deles está mais que disposta a ter uma vida difícil pelo bem das crianças. Resta saber que bem pode vir à custa de sacrifício.



"Uma sociedade em que a vida se limita ao ganha-pão de cada dia e à reprodução é uma sociedade sem futuro, pois sem sonhos. Ter um filho é a melhor maneira de se evitar colocar a questão do sentido da vida, pois tudo gira ao seu redor: é um ótimo tapa-buraco da busca existencial. Meu filho, minha batalha, como cantava Daniel Balavoine; o que é muito bonito, mas se você não tiver outras batalhas além dessa, sua vida se reduz realmente a muito pouco. O filósofo Kojeve dizia que o animal se define por esgotar suas possibilidades existenciais na procriação. Muitos pais, hoje em dia, não estão longe da animalidade" - Corrine Maier, Sem filhos, página 106.

Por perceberem suas proles como seres de grande valor, é comum que os pais criem grandes expectativas a respeito delas e que façam sacrifícios para garantir que brilhem. Sem hesitar eles comerão menos e trabalharão excessivamente por toda a vida, se preciso, inclusive pelo prazer de verem a si mesmos como bons pais.

As crianças serão avisadas disso, certamente, não existindo filho no mundo que não ouça dos pais os sacrifícios que eles teriam feito por si.

Entretanto, por que há necessidade de se sacrificar? Por que os pais ressaltam tanto o próprio sofrimento já que, supostamente, ele viria de bom grado? Eles não estavam prontos para a responsabilidade que assumiram e agora pagam o preço dessa irresponsabilidade? Ou será que o filho é um peso?

Pelo menos no que diz respeito ao Brasil é possível responder tal questão sociologicamente: como a maioria de nossos pais são proletários, ou seja, pessoas cujo único bem é a prole, eles tem pouco a nos oferecer além do sacrifício pessoal. Mas há, é claro, um custo para todo sacrifício e ele dificilmente é pago sozinho. Cedo ou tarde os sofrimentos que os pais infligem a si mesmos recaem sobre os filhos e, conquanto as crianças levem com orgulho o sacrifício de seus pais adiante, é simplesmente injusto que os pais vivam mal apenas porque escolheram se reproduzir. Alguns deles até usam filhos como desculpa para explicar sua falta de ímpeto ou fracasso vida, afirmando que não puderam fazer nenhum movimento contrário ao seus destinos porque tinham crianças para cuidar, todavia, se as possibilidades de vida dos pais se esgotam na reprodução, o que eles esperam prover aos seus descendentes exatamente? Os pais que sacrificam beleza, anos de trabalho, dinheiro, que se isolam dos amigos e se limitam a ser pai e mãe, deixando de viver as múltiplas experiências oferecidas pela vida, embora possam ter orgulho de seu feito, oferecem aos filhos referências paternas limitadíssimas. E ainda esperam criar um novo raio de sol

Pouca gente sai ilesa da educação que recebe em casa. A família ó pilar da civilização dificilmente corresponde ao ideal que temos dela, pois concentra desafetos, invejas, violência doméstica e inimizades fulminantes. Aprendemos com ela nossas doenças e loucuras, bem como algumas virtudes, com isso, estamos fadados a uma vida pelo menos tão significativa quanto a de nossos pais, talvez mais, talvez menos, mas pelo menos igual.


Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria Machado, Memórias póstumas de Brás Cubas, capítulo CLX

Pessoalmente, passei a pensar sobre paternidade e maternidade somente nos últimos anos à medida em que aprendi mais sobre Educação, percebendo a relação entre família e contexto social. A maioria dos pais que conheci sustentavam discursos que reduziam sua relação com os filhos à sentimentos nobres, como se fizessem cada uma de suas escolhas por amor aos pequeninos, contudo, com o tempo passei a notar que tais discursos estavam permeados de imperativos políticos e sociais que nem sempre eram do conhecimento desses pais, o que me motivou a conhecer melhor o assunto.

Quando vejo hoje a juventude tão depressiva e derrotista a tomar ritalina e fluoxetina como se fossem balas, o alto número de suicídios e transtornos mentais entre eles, e uma multidão de adultos frustrados lhes servindo de exemplo, me sinto inclinado a perguntar: afinal, queremos filhos para quê?

Ora, mesmo que seja possível dar respostas magníficas à essa questão, e acredito que várias pessoas as tenham na ponta da língua, creio que deveríamos colocar seriamente tal dúvida diante de nós antes que sejamos levados pelas circunstâncias como se elas não fossem históricas, sociais e políticas, mas apenas particulares.

Nesse sentido, o livro de Corinne Maier acerta ao tocar num tema tão polêmico e problematizar os motivos banais que saem de nossa boca para justificar escolhas que nem sabemos bem se escolhemos. É uma pena que ele não explore a relação entre procriação e miséria, tão familiar a nós brasileiros, e não há dúvidas de que esse é um livro francês para franceses que, por vezes, só consegue ser implicante e fraco, entretanto, na maior parte do tempo ele se sustenta e garante várias reflexões interessantes. As extrapolações para nosso contexto ficam por nossa conta.

Minha opinião sobre a procriação, que suspeito não ser importante na ordem cósmica do universo, é a seguinte:

1. Acho que existe uma única boa razão para ter ou não ter filhos: se você quiser, tenha; se não quiser não tenha.

2. Apesar disso, caso você tenha alguma consciência de si nessa vida, talvez possa considerar outras razões que o seu desejo pessoal ao criar outro humano.

3. Pessoalmente, eu considero duas delas. A primeira é do âmbito sentimental: penso que o amor é um requisito da procriação e que, dentro de alguns limites, não é mérito de ninguém amar o próprio filho. Se você não puder amar sua prole, simplesmente não tenha filhos, mas se puder, não pense que isso te enobrece, amor é só o começo da longa relação que você construirá com sua prole. A segunda é do âmbito prático: se, além de amor, tudo o que você puder oferecer ao seu descendente for arroz, feijão e escola pública de má qualidade, reconsidere se esse é mesmo um bom momento para colocar outra pessoa nesse mundo injusto.

E seja feliz.

site: https://aoinvesdoinverso.wordpress.com/
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Suelen 15/04/2015

polemizando...
O curto livro de Corinne Maier – Sem Filhos – 40 razões para você não ter, trata da construção de uma opinião curta e grossa sobre não ter filhos.

Eu não conhecia a autora e o livro me foi emprestado por uma colega que também adota a posição ‘’childfree’’, expressão utilizada pela autora no livro, e me disse que eu deveria fazer essa leitura. Em pesquisa rápida pela internet, descobri que Corine foi apelidada pelo New York Times de “heroína da contracultura”. Essa introdução se faz necessária considerando a opinião da autora direta sobre o assunto não ter filhos, e sim ela é mãe de dois.

Exposto isso, o que podemos encontrar no livro como diz já o subtítulo são 40 razões para não ter filhos. Não vou aqui listar todos os 40 itens, porém rapidamente adianto que Corine listará entre os motivos incômodos para não se ter filhos como: o sofrimento do parto, amamentação, liberdade que a mãe deixa de ter, sono, correria do dia a dia, gastos... entre outros as apectos, tornando-o um livro bem polêmico.

Corine tem uma opinião bem ríspida sobre o assunto e em muitos momentos debochada, portanto se você que está lendo esta resenha para decidir se lê ou não o livro, mas é de certa forma sensível a opiniões que podem ser consideradas até politicamente incorreta, não indico que você leia, pode haver uma revolta muito grande quanto à maneira como ela refere-se ao assunto – crianças/filhos.

Impressão:

Caso também, você vai ler esse livros e entender que poderá te influenciar na decisão de te filhos, já adianto, então você não terá.

Apesar de a autora ter aquele discurso bastante anticapitalista, que pra mim me irrita um pouco, devo confessar que em muitos momentos concordo com ela quanto ao desejo exacerbado de muitas pessoas nos dias de hoje por crianças, aquela “babação”, com isso eu me empolguei em ler porque é muito bom quanto encontramos uma opinião igual a nossa.

Também conversando com pessoas próximas, obviamente 99% das pessoas não vão concordar que ler um livro deste tipo é algo “correto” “bonito”, como me disse um conhecido: “o papel aceita tudo, isso ai é besteira”. Bom pode ate ser para ele, mas posso dizer que em muitos aspectos concordo com a posição do livro e muitas vezes esses acontecimentos me irritam e não consigo ter como um norte pra mim o fato da necessidade de ter filhos, de superproteger demais, de adular demais crianças, de criar uma “lei da antipalmada” enfim, certas coisas não tem necessidade de ser, enquanto criança não fui colocada num pedestal e não envolvida em uma redoma de vidro para ser intocada, como são as crianças hoje em dia, e entendo que isso me fez ter a força a personalidade que tenho para encarar o mundo.

Se eu vou ter filhos ou não? Não sei, mas uma frase que está no livro e me marcou é: “filho não é um direito nem uma necessidade. Ele é simplesmente... uma possibilidade.”

site: http://vivalivraria.blogspot.com.br/2015/04/resenha-livros-sem-filhos-corinne-maier.html
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Adelia 03/07/2014

Um livro que estimula a reflexão
Este é um livro escrito por uma mãe, o que já chama atenção de cara. Uma mãe falar em desfavor da maternidade? Na época em que o li, busquei na internet informações sobre a autora e soube que ela recebeu muitíssimas críticas no lançamento da obra, o que é natural porque se trata de um livro polêmico.
Na minha opinião, as pessoas deveriam ler esse livro despidas de preconceitos e reservas. O mais interessante do texto da Corinne Maier é fazer a gente refletir, pensar "fora da caixinha" sobre um tema tão complexo como a maternidade/paternidade. Em alguns momentos acho que ela exagerou um pouco ao falar das questões envolvendo crianças, o trabalho que elas dão etc, mas em outros momentos ela levanta questões interessantes de serem pensadas... principalmente para as mulheres, que ainda são cobradas e criticadas quando optam por não ter filhos. Esse é o grande mérito do livro: tocar em pontos difíceis de serem tratados na nossa sociedade, que ainda tem a maternidade como a porta da plenitude, a garantia da felicidade da mulher.
Eu, sinceramente, gostei do livro. Dei boas risadas, principalmente nos primeiros capítulos, e além disso pensei bastante. Não acredito que ela convença alguém que queira ter filhos a não tê-los, mas para quem está na dúvida... talvez seja o que faltava para decidir não tê-los.


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Debora 02/06/2014

Sem filhos: 40 razões para você não ter - Uma razão para você ler.
Um livro bem escrito.

Um livro que contrapõe ao que a sociedade espera que você pense sobre ter filhos e ao próprio instinto reprodutor humano, com argumentos plausíveis citando estudos, referências bibliográficas e exemplos de casos reais.

Em alguns trechos a autora exagera, força. Acho que são nessas horas que o instinto fala mais alto. Me senti um pouco irritada com ela em alguns momentos.

No mais, acredito que não vá convencer ninguém a não formar uma família - até porque um livro não seria capaz de impedir um desejo tão forte. Mas, com certeza, não maquia a realidade e te prepara para o que, fatalmente, irá acontecer a sua vida quando tiver filhos.



Fábio Luís 03/06/2014minha estante
Não li o livro ainda mas acredito que a autora tentou defender sua tese até o final, por isso forçou um pouco a barra.
Valeu pela resenha!!




Lili 31/05/2014

Interessante
"A sociedade industrial exige uma população estupidificada, resignada a efetuar um trabalho desinteressante e a procurar realização apenas nas horas previstas para o lazer. A escola é a sua perfeita antecâmara."

Não se engane com o título. Eu entendi esse livro muito mais como uma crítica social do que o assunto que o nome sugere.
Até a metade do livro eu fiquei indignada muitas vezes. Como mãe que sou, não posso senão achar absurdas certas observações que ela faz. Ao mesmo tempo, concordo com algumas coisas, apesar de achar que ela exagera bastante, de maneira chocante e desnecessária. Respirei fundo e decidi continuar a leitura. Pesquisei sobre a autora, li uma ou duas entrevistas dela e acho que passei a entendê-la um pouco melhor. Na segunda metade do livro, ela encontrou seu caminho e escreveu várias coisas que todos, e principalmente os pais, deveriam ler.
Analisando o título, acho que está "errado". Na minha opinião, as pessoas realmente não deveriam sofrer tanta pressão para ter filhos e a sociedade deveria simplesmente deixar em paz quem não os quer. Mas não pelos motivos que ela expôs. Quem não quer ter filhos por esses 40 motivos está se privando de uma experiência maravilhosa por enxergar os problemas com uma lente de aumento. E por atribuir às crianças problemas que na verdade são do capitalismo, da sociedade moderna, do feminismo ou do machismo, etc. Ok, meu filho só tem dois anos e eu talvez ainda venha a concordar um pouco mais com ela. Nesse caso, admitirei o erro e mudarei de opinião sem problemas, mas até agora minha visão é essa.
Pessoas que querem ter filhos: eu posso dar 40 razões para que continuem a querer tê-los, facilmente. Só não tenham com a ilusão do mar de rosas da maternidade, porque realmente ele não existe.
Pessoas que não querem ter filhos: não tenham. Sejam felizes assim. E eu vou tentar fazer minha parte para que mais pessoas entendam que vocês não são seres do mal por isso.
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Jaíra Moreno 15/12/2013

Desabafos de Corinne
A impressão que tive foi que a escritora é bem revoltada com crianças. Achei que o livro fosse ser mais interessante, onde a escritora contasse mais suas experiências de vida, de uma forma mais leve ou humorística. Mas resumindo, ela expõe 40 razões para não ter filhos de uma forma um pouco amarga, com muito arrependimento por ter tido filhos. Ao mesmo tempo gostei dela, porque ela foi corajosa de se expôr dessa forma, falando o que 99% de pais por aí pensam mas não tem coragem de expressar.

Acredito que o que Mayer escreveu é verdade, a questão de que quando você se torna pai, você se anula em prol de um "ser" que será o centro de sua atenção e de seus esforços. A questão do consumismo quando se tem uma criança. Os inúmeros tabus que rondam os pais em nossa sociedade, a cobrança pela perfeição na criação de uma criança, (caso contrário a culpa será sempre deles), enfim...

Gostei bastante da sinceridade da autora, mas não indicaria para qualquer pessoa ler.



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Daniel 07/12/2013

Filhos = Problemas
Faz um bom tempo que eu andava querendo ler esse livro, mas foi só após uma promoção que eu decidi finalmente compra-lo. Confesso que dei muitas risadas ao ler, o humor de Corinne Maier é bem sarcástico e quebra totalmente com o senso comum, aliás, ela não só vai contra a maré como também ridiculariza os que optam por esse caminho (segundo Maier, um caminho medíocre, cheio de infelicidade e o pior de tudo, sem volta).

Minha esposa nunca quis ter filhos, já eu confesso que fiquei tentado algumas vezes mas ainda assim posso dizer que nunca foi algo que desejei com muito afinco. E achei interessante Maier dizer que o desejo de ter filhos corresponde muitas vezes com a própria falta de perspectivas do casal. Notei que nas poucas vezes em que essa vontade de ter filhos surgiu em mim foi justamente em momentos assim, onde eu me encontrava entediado ou atrelado a famosa "zona de conforto". Era só criar novos projetos e planos que a idéia de trazer outro ser humano ao mundo evaporava por completo da minha cabeça (ponto para Maier).

O livro possui algumas questões que me incomodaram também, tais como a frequente análise psicanalítica (análise essa totalmente furada, já em desuso e decadência, mantendo sua força somente na Argentina e na própria França), a frequente comparação entre crianças e cães (todos sabem que cães, do contrário das crianças, são muito mais legais, leais e bondosos), assim como sua critica aos filmes da Disney (como pode alguém não gostar dos filmes da Dinsney?????).

Enfim, o livro é provocante e nos desperta para a reflexão contra o senso comum que diz (e a sociedade cobra) que todos devemos ter filhos, que é uma coisa linda e que só assim um casal vai ser realmente realizado, blá, blá, blá. Conversando com amigos que tiveram filhos pude notar que geralmente os motivos do pq de terem feito essa escolha me parecem sempre muito egoístas, girando sempre em torno de "ter alguém para cuidar de mim quando ficar velho" (como se isso fosse uma garantia) até o absurdo "passar meus genes adiante" (só se for os genes responsáveis por beber cerveja e falar bobagem no boteco). Enfim, são muitos os motivos pelo qual fazem os casais optam por trazerem mais pessoas para esse mundo, cada vez mais lotado, mas nenhum dos motivos me parece muito nobre nem muito responsável. Se eu tinha algum resquício de vontade de ter filhos esse livro os fez sumir, não só por seus argumentos, mas por ter me ajudado a desafiar esse senso comum e olhar a minha volta mais criticamente e ver como as crianças podem ser pé no saco e transformarem seus pais em meros zumbis. Filhos? To fora!
vicki4you 02/03/2021minha estante
Olá ,
como você está? Meu nome é Srta. Vicki Dickson, vi seu perfil hoje e me interessei por você, quero que envie um e-mail para meu endereço de e-mail privado (vdickson200@gmail.com) porque tenho um assunto importante que quero compartilhar com você




Rod 28/10/2013

Fiquei surpreso ao ver um livro com um tema tão delicado ter sido publicado. Ainda mais na França.
Corinne Maier é uma mulher corajosa.
Ela fala por experiência própria e não por simples teoria, o que torna maior o fascínio por essa leitura.
De início eu discordava piamente de 90% do que era discutido por ela.
"Deve ser mais uma amargurada com a vida, não é possível!", pensava.
Mas a partir do capítulo 25 o tom que até então era leve e discutível, se torna bem sério e deve ser levado em consideração sim.
Imagino o que ela escreveria se morasse no Brasil... talvez não achasse a França tão ruim assim.
Não digo que ela me convenceu a não ter filhos, mas digo que me deixou repensando bastante em adiar esse momento.
Quem sabe para sempre.

site: http://blackdragondomain.blogspot.com.br/
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