Gisele Galindo 15/06/2011
Fim ou início?
Preciso deixar claro que Vanessa Bosso é uma grande amiga virtual. Mas, tentarei ser, o máximo que puder, imparcial. Veja bem, tentarei... rs
Em primeiro lugar, 2012 – Uma aventura no fim do mundo, não é nada do que eu esperava. Minha impressão era que se tratava de um livro mais carregado na história, algo mais pesado do que realmente o é.
O enredo leva o leitor por um caminho de destruição em massa. O fim, literalmente, de tudo o que vive na Terra para o surgimento de algo relativamente novo. O livro trata da evolução humana, seja como for. E como pano de fundo o relacionamento amoroso de Liz e Thiago.
Li algumas resenhas pela blogosfera, algumas negativas e deduzo que sejam porque hoje em dia a ideia de 2012 já foi rotulada de algo que envolve ação, desespero e terror. Vanessa traça um caminho diferente, da perspectiva dos que se salvarão, adicionando aí habilidades como a clarividência através de sonhos e por aí vai. Além de desenhar uma linha muito bonita no caminho da espiritualidade. O que pode ocasionar o erro de julgamento, levando a ideia de religião ou até autoajuda. O gênero não é nenhum desses e sim a ficção mesmo. Pelo menos foi o que entendi. E ficção por enquanto, né?! Porque 2012 está chegando... rs, brincadeira.
Sério, o que me incomodou e pode ter incomodado muitos foram vários erros de digitação e de escrita mesmo. Mas, nesse caso, aprendi, não se trata apenas do autor e sim da editora também. Aliás, muito mais da editora. Não importa se foi paga ou não, quando uma empresa coloca seu nome no produto precisa garantir a qualidade do mesmo. Afinal, seu nome está em jogo.
Falo agora como jornalista formada e escritora. O autor, independentemente do ramo de sua escrita, seja jornal impresso, revista, livro ou até trabalho de conclusão de curso (foi onde mais aprendi sobre isso), necessita de um revisor. Isto é fato! Não adianta querer fugir disso. Pois, ele já leu e releu o trabalho por mais de mil vezes (exagero a parte), e isso se chama VÍCIO DE LEITURA, com certeza muitos errinhos passarão, inevitável. Pois bem, é aí que entra o revisor para, com a “cuca” fresquinha, arrumar e deixar o texto ainda melhor.
Bom, voltando a 2012, o livro de Bosso, isso não foi bem feito. Sim, ela me disse que foi sua primeira obra, isso leva muitos descontos. Inexperiência, gana (que também atrapalha um pouco), entre tantas outras coisas. Se fosse uma obra independente (sem editora), mais desconto ainda. Mas, há uma editora, lamentável.
Ok, desabafei um pouco, sim, porque já li outros livros nacionais, publicados por editoras, inclusive resenhei um aqui no blog (dispensa comentários), que sofreram a mesma perda. Nossa, teve até um que li e me reservei o direito de não resenhar nada, não valia nenhum pouco a pena (também dispensa comentários, além de tudo não era apenas as falhas da editora, mas a história era ruim mesmo). Tudo isso prejudica e muito a literatura nacional. O que faz com que os leitores procurem mais ainda a internacional. Mais uma vez: lamentável!
A partir deste ponto, se você ainda não leu 2012 – Uma aventura no fim do mundo, pare, pule para o final ;)
SPOILER
O livro tem passagens que o leitor (eu no caso) fica assim: ain, que fofo... Como na passagem da despedida de Liz e Cauê ou quando ela se encontra em “sonho” com Thiago. Já em outras partes nos causa revolta com certas atitudes narradas de alguns (maioria) seres humanos. Caramba, quanta aceitação diante da morte! E como assim acreditar na palavra de seres nunca vistos antes? Aliás, como aceitar a morte de bilhões de seres humanos? Será mesmo que o planeta não tem mais jeito? Sempre há uma solução. Mortes de inocentes não podem ser aceitas de tal forma... ou podem? Quem julga? E quem criou os ETs??? Hehe Enfim, questionei-me muito durante a leitura.
Uma questão que restringi o público nessa obra é a “religiosa”. Sim, porque querendo ou não, acaba-se falando em Jesus no final. Então, diria que o livro se pauta 90% em espiritualidade sim, mas também tem um pezinho na religião (Jesus, Noé...), mesmo em se tratando apenas de apontamentos na narrativa. O que me faz pensar: quanta criatividade!!!!
FIM DO SPOILER
Existem trechos que causam reflexão. Afinal, será que aconteceria assim mesmo? Sim, porque se fala muito em fim do mundo coisa e tal, por isso é impossível não se ver ou imaginar o mundo passando por tal feito, como no livro. Lendo, muitas vezes me peguei depois imaginando que em qualquer momento um ataque terrorista em massa aconteceria ou algum evento altamente catastrófico da natureza viria. Espera aí, isso já aconteceu... É, a obra de Vanessa não está tão longe assim da realidade.
Bem, há os extraterrestres, que ainda não tiveram sua existência comprovada, mas vai saber, não é?!
Sim, Vanessa Bosso utiliza de muita criatividade, inquestionável, pois uniu em uma mescla bem interessante, fatos e “fatos”, além de usar dessa capacidade toda para estabelecer um futuro solucionável para a decadência humana.
Particularmente, não é uma história que me agrada ao extremo. A obra é leve, gostosa de ler e eu prefiro as histórias que contenham ação para valer. Mas, sei que muitos leitores amam enredos deliciosos como esse.
Aliás, como a vida é engraçada. Porque, antes de conhecer a Van nos canais virtuais, já havia visto o livro em livrarias, se não me engano foi na Saraiva de Curitiba ou Lojas Americanas, não me recordo exatamente aonde. O interessante é que jamais imaginaria que um dia teria contato com a autora e muito menos seu livro autografado. A emoção diante desses fatos é tamanha que dispensa palavras.
Agora deixarei de lado a imparcialidade (já deixei não é mesmo? Mas, agora escancararei sem receio ou vergonha alguma) e digo que Vanessa Bosso é um talento, mas não somente na escrita, como também ser humano, pois só quem imagina e cria uma história tão singela (apesar de trágica), possui uma alma límpida e cativante.
Muito obrigada pelo prazer de ler um pouquinho do que você é e cultiva.
;)
bjs***