Luiz Miranda 11/10/2022
Inferno Tropical
Um dos melhores livros que li em 2020 foi Pssica, experiência literária rara e de grande impacto. Na época pensei, será que o Edyr Augusto consegue manter essa intensidade em outros trabalhos? Pois bem, acabei de ler Belhell e posso assegurar tranquilamente que mais uma vez o escritor figurará no meu top 10 do ano.
150 páginas velozes como um raio, telegráfico, zero gordura. Começa apresentando pequenos núcleos aparentemente desconectados, que logo vão ter seus destinos irremediavelmente cruzados. É sobre o submundo da violenta cidade de Belém do Pará, seus tipos peculiares, desigualdades e crimes.
Começa com um personagem secundário, agora traficante, narrando sua história a um escritor, onde desfilam jogadores profissionais, policiais, milicianos, políticos, prostitutas, high society, drogas, traições, dinheiro e o coração de todas as subtramas: um cassino clandestino chamado Royal. Como se não bastasse, ainda temos a presença misteriosa de um serial killer.
A escrita de Edyr é um espetáculo a parte: observador astuto dos tipos paraenses, ele consegue um texto divertido, violento e de uma urgência absurda. Nada de aspas ou travessão, é ponto seguido de ponto e você montando tudo na cabeça a mil por hora. Visceral!
Taí um trabalho que merecia ser best-seller, põe no bolso a grande maioria dos escritores de literatura policial e não falo só de Brasil, não. Se é tua praia, leia pra ontem.
4 estrelas