@retratodaleitora 16/03/2020Com a anexação da Áustria ao Reich alemão no fim da década de 1930, crianças são levadas e condicionadas a abraçar ideais nazistas, acreditando em cada palavra, inclusive sobre seu sangue ariano ser o mais puro, e o ódio pelos judeus propagado por Hitler e seus seguidores é o ódio com o qual alimentam a Juventude Hitlerista. Um dos integrantes é Johannes Betzler, que se agarra ao sonho nazista inocentemente, mas com o tempo e o correr da guerra fica cada vez mais obcecado com a raça pura que tanto almejam.
Percebendo atitudes estranhas de seus pais, que não compartilham de sua devoção, Johannes descobre que eles estão escondendo uma jovem mulher judia atrás de uma parede falsa em sua própria casa. Mutilado pela guerra, física e psicologicamente, o garoto não denuncia o crime de sua família, mas fica totalmente obcecado por Elsa Kor, a mulher que ele, passado o susto, ajuda a manter em cativeiro. Primeiro, escondida para não ser executada; depois, mantida refém por um cada vez mais insano Johannes.
“O céu que nos oprime” foi uma leitura densa, pouco fluída, pois sendo narrado em primeira pessoa por Johannes, só sua visão nos é revelada. Nem é preciso dizer se tratar de um narrador não confiável, não é? O personagem, que começa com uma inocência infantil que pode emocionar o leitor, cresce um homem inescrupuloso, incoerente, que acredita nas próprias ações, que é indiferente ao holocausto e que coloca suas fantasias e loucuras em frente a tudo.
Essa transformação poderia ter sido um ponto alto no livro, mas a forma como a autora escolheu desenvolver essa estória foi, para mim, totalmente não convincente e, por isso, a leitura se arrastou por essa trama sombria sem me envolver de fato. Para mim, foi um livro que tinha um potencial interessante (e foi tão bem aproveitado no cinema!) mas que se perde da metade para o final.
Portanto, não esperem uma história no livro como o que encontramos no trailer do filme, pois a carga sombria é muito maior e os alívios cômicos, inexistentes. É uma história de loucura e obsessão no meio da Áustria nazista. Todo o mais fica em terceiro plano ou não é desenvolvido de fato. Não foi um livro para mim, infelizmente.
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