Resenhas - O Homem Despertado

Cesinha 20/01/2021

Um filósofo contemporâneo e brasileiro que não tem medo de se entitular assim
O que me instigou a comprar esse livro, do autor que já conheço por suas falas e entrevistas, foi o fato de não encontrar uma bibliografia ao final do livro (coisa que sempre faço para escanear o repertório do livro). Pensei "puxa, esse cara não usou nenhum filósofo de 500 anos atrás como escudo?". Essa é a famosa diferença entre o filósofo e o historiador de filosofia (aka diplomados em filosofia). Ao começar a ler percebi que há óbvias referências à William James, Dewey e Peirce por ser um livro que trata da filosofia pragmatista, bem como Kant e Platão, mas somente para apontar seus erros na visão do autor, nunca como um atestado de salvo-conduto para prosseguir numa ideia. Ideias essas apresentadas inúmeras vezes com o auxílio de dicotomias ou tríades (como se fossem tripés) para expor certa rastreabilidade das ideias (como o autor chegou nisso). Achei interessantíssimo!

A imaginação a que o autor se refere não é fantasia, mas sim, como está na página 138, é uma forma de antever o que costumamos abordar apenas quando uma crise acontece: "A imaginação faz o trabalho da crise sem crise, tornando possível para nós experimentar a mudança sem sofrer a ruína". É "o insight sobre o que é preciso para usar a teoria contra o destino".

E se quiser conhecer o autor pela sua franqueza, eu encerro a resenha com esse trecho da página 183: "Todo problema da vida humana consiste nisto: como vamos reagir a essa nossa situação no mundo sem permitir que sejamos subjugados pelo desespero e pelo desafio, e sem nos entregar às digressões que matam o tempo, amesquinhando-nos e fazendo-nos morrer muitas pequenas mortes enquanto continuamos a viver?"