Rodrigo | @muitacoisaescrita 08/12/2020
O feminismo decolonial tem ocupado destaque na derrubada da concepção da mulher hegemônica — pensada como branca, cis, heterossexual, pequeno burguesa e oriunda do centro capitalista (da “civilização”) — presente nas teorias e práticas feministas. Em nome da “ordem” e “progresso”, a partir da elaboração de homem universal e o que seria civilização, vários países em África, Ásia e na América foram colonizados. Similarmente, mesmo que não no mesmo período, pode-se dizer que foi construído o conceito universal de “mulher”, servindo, portanto, para ocultar outras formas de opressão, como o racismo e imperialismo.
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O livro é divido em três partes. Nesta resenha, irei falar sobre dois textos das duas primeiras partes. A terceira parte é composta de obras de arte, daí optei por compartilhar nos stories algumas delas.
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O artigo de Lélia Gonzalez (“Por um feminismo afro-latino-americano”) que abre a coletânea é mais um de seus esforços para elaborar sua concepção de amefricanidade, com o objetivo de levar em consideração — ao criar teorias, tecer críticas, propor estratégias de luta, etc — o passado histórico do povo amefricano. Para Lélia, o feminismo brasileiro, enquanto teoria e prática, desempenhou papel fundamental nas lutas e conquistas. No entanto, não deu a devida atenção às questões raciais, mantendo, portanto, “uma visão de mundo eurocêntrica e neocolonialista da realidade”. Enquanto em outros países a questão racial foi utilizada como forma de se unir e lutar contra à colonização, na América Latina foi diferente. Isso não quer dizer que não houve, por exemplo, um movimento abolicionista ou outras estratégias de resistência pelos povos escravizados, mas que a questão racial foi amansada pelas elites, que declaravam uma suposta “harmonia de raças”, uma “democracia racial”. Nesse sentido, a ideologia do branqueamento foi bastante usada (ver imagem 2). Daí a necessidade, para Lélia, de um feminismo afro-latino-americano que articule “raça, classe, sexo e poder”.
[resenha publicada no meu Instagram Literário @muitacoisaescrita; confere lá a resenha completa e alguns trechos do livro: https://www.instagram.com/p/CH3Ol3WD_As/]
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