@vcdisselivros 18/05/2020Uma carta de amor (de terror) para as mulheresVitorianas Macabras mostra que o casamento entre a Darkside Books com a Macabra TV deu certo. Ainda que as duas tenham como base o terror, o livro realça que a caveira tem um grande coração, refletido nas palavras de um discurso empoderado.
?Por que será que escolhemos nos lembrar dos espartilhos e das crinolinas, mas ignoramos a luta e o êxito das sufragistas? E, em uma era que nos deu tantas mulheres formidáveis, por que reverenciamos apenas os homens? ?
Sendo assim, o principal objetivo da antologia é reparar uma injustiça histórica, apresentando aos leitores a vida e a obra de 13 mulheres que enriqueceram a literatura.
Mulheres que estavam além de seu tempo e que enfrentaram as convenções, combatendo o preconceito e as adversidades para conquistar independência financeira e autonomia ao se dedicar à arte.
VITORIANAS
Para o leitor compreender melhor a era vitoriana, o livro traz uma biografia da rainha Vitória, com um breve panorama da tragédia que marcou a vida da monarca, bem como os elementos que foram base para as treze autoras presentes desenvolverem seus contos.
OS CONTOS
Em Vitorias Macabras os contos possuem certa similaridade. Como o palco de fundo é a mesma era, casas assombradas, espíritos vingativos e mistérios se repetem. Ainda assim, a leitura não fica monótona, pois o estilo da escrita de cada autora é algo único, bem como a mensagem a ser passada.
OS PREFERIDOS
Nem tudo são flores, mas assumo que no fim não gostei apenas de dois contos. Entre os preferidos, estão:
- A Porta Sinistra (Charlotte Riddell)
Um rapaz com mania de grandeza aceita a missão de investigar o mistério de uma porta que não se fecha em uma mansão tida como mal-assombrada.
- O mistério do elevador (Louisa Baldwin)
Entre as idas e vindas de um elevador, o ascensorista de um hotel de luxo descobre que nem todos que entram são o que parecem.
- O conto da velha ama (Elizabeth Gaskell)
Revive os acontecimentos sinistros de uma mulher que foi morar com uma criança em uma mansão assombrada por eventos trágicos do passado.
- Onde o fogo não se apaga (May Sinclair)
Após se envolver com um homem casado, mulher descobre o sabor do carma em um romance que dura para toda eternidade.
JOGO ABERTO
A Verdade é que me apaixonei por Vitorianas Macabras. Fui seduzido de tal modo que ficou difícil avaliar a obra como um todo.
A edição perfeita, com o pequeno histórico de cada autora antes do conto, aproxima leitor, que descobre segredos, como os de rivalidade entre algumas delas.
Apesar do livro ser todo escrito por mulheres, senti um pequeno incômodo ao perceber que a maioria dos protagonistas nos contos são homens, no entanto, considerando a época em que foram escritos é possível compreender o raciocínio das autoras, que algumas vezes escreviam sob o pseudônimo masculino para ganhar destaque do que publicavam.
Em suma, se você for fã do gênero e da era vitoriana, leia e se encante.