A cor da alma

A cor da alma João Rosa




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Angelo Miranda 02/02/2020

Uma história baseada em fatos reais
Há muito tempo tenho reparado que o formato novela - que para alguns é um conto estendido - tem tido pouco espaço na literatura brasileira. Já escutei de alguns escritores de renome que novela é um território explorado por escritores preguiçosos que não tem força e ânimo para empreender em um romance. Outros dizem que falta capacidade, porque a empreitada para a produção de um romance não é algo para qualquer um.

Polêmicas à parte, a novela é um formato que muito me agrada. É uma narrativa ágil, rápida e objetiva. Cenas sucintas com poucos personagens seguindo uma estrutura simples: -problema - clímax - desfecho inesperado - mas que requer do escritor uma agilidade na escrita e uma concisão e clareza que os romancistas parecem que não tem muito. É levada ao máximo a expressão "escrever é cortar palavras", atribuída ao poeta Carlos Drummond de Andrade.

O livro "A cor da alma", recém-lançado pela Dialógica Editora, veio preencher a lacuna nesse tipo gênero literário. Trata-se do 4º livro do versátil Prof. João Rosa, que lançou no passado um livro de poemas e um de contos. Agora, produziu uma novela partindo de um crime de injúria racial em que o professor foi vítima dentro de uma instituição de ensino privado na cidade de São Paulo.

A narrativa, baseada em fatos reais, é mais um ingrediente na desconstrução do mito da democracia racial no Brasil em que muitos falsamente acreditam que sempre existiu. O mais doloroso e difícil é saber que isso ocorreu dentro de uma sala de aula, o espaço, por excelência, de tolerância, respeito, diversidade, debate e discussão, mas bem sabemos que para muitos a educação não transforma e não expande a mente para a diminuição do preconceito, como o que a família Kill Passo, da classe média paulistana, na história, protagonizou contra o negro professor.

Como toda novela, o desfecho é surpreendente e o fim da trama impregna no leitor um gosto de querer continuar acompanhando o negro professor e os seus colegas. Quem sabe, em breve, o escritor João Rosa não dê continuidade a trama e também nos ajude a responder à questão sobre a cor da alma.
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