Leonardo.H.Lopes 03/05/2024 O retrato da polícia que mataÉ preciso ter estômago e coragem para encarar a leitura desse livro. Em uma brilhante escrita jornalística, Caco Barcellos retrata o resultado de anos de pesquisa em jornais, necrotérios, arquivos da polícia e de tribunais para traçar o retrato da polícia que mata.
O livro tem como fio condutor a morte de três jovens de classe média de São Paulo em 1975 durante uma operação conduzida por uma unidade das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), uma divisão especializada da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Esse acontecimento se tornou um símbolo dos muitos casos de mortes inexplicáveis perpetradas pela polícia e detalhados por Caco.
São histórias de dor, sangue, opressão, falsidade, brutalidade e violência perpetrada por aqueles que, investidos de autoridade, deveriam proteger a população e não chaciná-la. O resultado da conduta violenta de alguns policiais militares de São Paulo entre os anos 70 e 90 causou o fuzilamento da maioria de inocentes. Aliás, mesmo os criminosos mortos não deveriam sê-lo. Bandido deve ser preso e levado a julgamento pelo sistema, pois essa é a institucionalidade.
É um dos livros mais fortes que li ultimamente, tão indignante quanto 'Antes Que Anoiteça', de Reinaldo Arenas.