Morte e vida severina

Morte e vida severina João Cabral de Melo Neto




Resenhas - Morte e Vida Severina


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BJekyll0 12/10/2023

é difícil defender, só com palavras, a vida,
[...] ainda mais quando ela é esta que vê, severina.
Morte e vida severina foi a ligação do modernismo lógico com o regionalismo concreto e tradicional no Brasil.
Socialmente, foi a denúncia da pobreza do povo, que buscam morrer em qualquer canto porque sempre serão Severinos.
Como próprio poema diz: " Somos muitos Severinos /iguais em tudo..."
Não é uma resenha que vale a pena fazer se for para ser curta. Basta dizer :
Leia!
O poema é duro e genial.
A edição da editora Alfaguara é belíssima e traz um pequeno texto do Chico Buarque, que musicalizou o poema para o teatro.
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clara 09/10/2023

Morte e vida severina
Eu sinto como se tivesse morrido e renascido lendo esse livro assim como o severino. um livro espetacular, nos traz a sensação de afilação junto com o severino, eu me senti sem esperança por ele a cada parte do livro, a medida que ele encontrava com algum severino que morreu ou conversava com outra pessoa eu me perguntava se ele realmente iria conseguir no final. a associação com o nascimento de Cristo a esse nascer de esperança torna essa história mais linda e mais emocionante. quando a criança, uma representação simbólica de Jesus, nasce, um pingo de vida cresce em severino, em que mesmo com toda aquela miséria e com toda aquela pobreza ainda sim há uma esperança, a esperança de uma nova vida. um livro com poemas cativantes e eu recomendo muito.


?E se somos Severinos

iguais em tudo na vida,

morremos de morte igual,

mesma morte severina:

que é a morte de que se morre

de velhice antes dos trinta,

de emboscada antes dos vinte,

de fome um pouco por dia.?




?Pois, aqui, em Limoeiro,

com seu trem, sua ponte de ferro,

com seus algodoais,

com suas carrapateiras,

persiste a mesma sede,

ainda sem fundo, de palha ou areia,

bebendo tantos riachos

extraviados pelas capoeiras.?





?Vira usinas comer

as terras que iam encontrando;

com grandes canaviais

todas as várzeas ocupando.

O canavial é a boca

com que primeiro vão devorando

matas e capoeiras,

pastos e cercados;

com que devoram a terra

onde um homem plantou seu roçado;

depois os poucos metros

onde ele plantou sua casa;

depois o pouco espaço

de que precisa um homem sentado;

depois os sete palmos

onde ele vai ser enterrado.?




?Vou pensando no mar

que daqui ainda estou vendo;

em toda aquela gente

numa terra tão viva morrendo.?



?É uma luta contra a terra

e sua boca sem saliva,

seus intestinos de pedra,

sua vocação de caliça,

que se dá de dia em dia,

que se dá de homem a homem,

que se dá de seca em seca,

que se dá de morte em morte.?



?Nenhum dos mortos daqui

vem vestido de caixão.

Portanto, eles não se enterram,

são derramados no chão.

Mortos ao ar-livre, que eram,

hoje à terra-livre estão.

São tão da terra que a terra

nem sente sua intrusão.?




?só morte tem encontrado

     quem pensava encontrar vida,

     e o pouco que não foi morte

     foi de vida severina?



?E chegando, aprendo que,

     nessa viagem que eu fazia,

     sem saber desde o Sertão,

     meu próprio enterro eu seguia.

     Só que devo ter chegado

     adiantado de uns dias;

     o enterro espera na porta:

     o morto ainda está com vida.?




?E não há melhor resposta

     que o espetáculo da vida:

     vê-la desfiar seu fio,

     que também se chama vida,

     ver a fábrica que ela mesma,

     teimosamente, se fabrica,

     vê-la brotar como há pouco

     em nova vida explodida;

     mesmo quando é assim pequena

     a explosão, como a ocorrida;

     mesmo quando é uma explosão

     como a de há pouco, franzina;

     mesmo quando é a explosão

     de uma vida severina.?
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Bia 06/10/2023

Esse livro já estava na minha lista há muito tempo e eu simplesmente amei! Embora seja um livro curtinho, seu conteúdo é gigante, mostrando toda a força e conhecimento da língua que o autor possui.
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giovanna00brito 02/10/2023

Da série de livros que entraram na minha lista por influência da literatura ensinada nas escolas, acredito que ainda este ano irei completar a TBR de vestibular no caso kakakkakaka.
Apesar de não ser uma leitura tão superficial, não que a escrita deixe a história dessa forma, reflete muito sobre a sociedade brasileira da época, tanto quanto foi necessário uma "adaptação" da história de Jesus para que a migração não fosse um tema tão polêmico, que gerasse preconceito na época.
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Ruth130 01/10/2023

Morte e vida severina
Bem... achei um livro bom, mais também achei ele um pouco difícil de entender, tiveram vários momentos em que me sentir muito perdida em quanto lia.

Mas fora isso João Cabral retratou muito algumas partes como(não lembro exatamente quando) os três presentes que na verdade simboliza os três Reis magos.

E por fim achei uma história bem triste sobre Severino e muito outros Severinos que não tiveram a mesma sorte que ele na vida.
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Vktory 30/09/2023

"Vários poetas podem habitar o mesmo poeta. Às vezes, em pacífica e tácita convivência, outras em aberto conflito."

Antônio Carlos secchin - morte e vida severina, ano 60
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Jorge 28/09/2023

A vida vestida da sua mais dura pele.
De tempo em tempo o Nordeste brasileiro é assolado por longos períodos de estiagem que destroem as plantações, adoecem as pessoas e extinguem os mananciais de água. A região específica das secas é o sertão, que abrange o interior de vários estados. O povo sertanejo é forçado a emigrar dessas regiões, passando por privações, sede, fome, viajando a pé sob o sol escaldante, em busca da zona de brejo onde a seca não atinge, ou de cidades maiores, mais importantes, capitais. Esse advento tão recorrente tornou-se o tema principal de um movimento literário chamado ciclo de romances da seca, no qual se destacam vários escritores nordestinos.

Entre eles está o pernambucano João Cabral de Melo Neto, que contribuiu para o movimento com diversos poemas regionalistas, sendo o mais famoso deles o seu auto de natal: Morte e Vida Severina. Nesse poema o leitor acompanha a peregrinação de um retirante chamado Severino, e suas reflexões sobre as muitas faces da morte que existe à sua volta. E também sobre o espetáculo que é a vida, mesmo essa vida estando vestida com a sua mais dura pele.
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Maria 26/09/2023

Vida Severina
No começo eu não estava entendendo nada, mas conforme a história dói passado eu fui entendendo oque estava acontecendo. O livro eu achei que é legalzinho e que eu mais gostei foi o final pq eu achei bonito e triste ao mesmo tempo.
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Thayane28 25/09/2023

Vida Severina
Que verdadeiro clássico. O autor foi de uma sensibilidade, em pôr em versos as angústias e os anseios da vida de um retirante.

Nos trouxe à várias reflexões sobre a vida, o seu sentido e o seu fim.

Quantos Severinos, filhos de tantas Marias e tantos outros Zacarias estão por aí na lida da vida se perguntando se não vale mais saltar fora da ponte e da vida?

Quantas pessoas já estão vivendo sem esperanças? Esperando o fim dos seus dias? Ou tantas outras estão buscando um refúgio uma chance em meio às batalhas da vida?

Completamente encantada com essa poesia de altíssimo nível com engajamento social, uma raridade que transcende os viés do tempo.

Tantas décadas depois, em meio ao tão bem trançado de sensibilidade me arrebentou em lágrimas.

Fantástico
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marquin 23/09/2023

Minha pobreza tal é      que não tenho presente melhor:      trago papel de jornal      para lhe servir de cobertor;      cobrindo-se assim de letras      vai um dia ser doutor.
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lililu 15/09/2023

O livro é muito bom
Lembro que quando comecei a ler eu não estava entendendo muito, mas conforme a leitura ia fluindo eu compreendia melhor.
Os poemas são muito focados na vida do povo pernambucano. Contém muitas referências culturais e geográficas,
O autor retrata o sofrimento do povo nordestino de forma crua e direta. É o retrato do retirante sertanejo, lutando pela sobrevivência em versos encantadores.
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brookbaby0 15/09/2023

Morte e vida severina
Leitura obrigatória para a faculdade. Ótimo para ser trabalhado em sala de aula com os alunos. Um clássico nordestino.
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Cadó 10/09/2023

Morte e Vida Severina (resenha)
Traz a história do sertanejo severino que, fadado à morte severina, se deixa guiar pelo rio Capibaribe, na busca por uma vida um pouco mais tardia.
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Pandora 09/09/2023

De Morte e Vida Severina eu tinha visto a adaptação para a TV, dirigida pelo Walter Avancini no início dos anos 80. Lembro que me impactou bastante, até hoje reverbera em meus ouvidos Funeral de um Lavrador, musicada por Chico Buarque a partir do poema: “é a parte que te cabe deste latifúndio, é a parte que querias ver dividida”.

No prefácio de Braulio Tavares aprendi que Morte e Vida Severina é a terceira parte de uma trilogia poética sobre o Rio Capibaribe [1], que nasce na Serra do Jacarará e percorre um longo caminho até encontrar-se com o Rio Beberibe e desaguar no mar. A primeira parte, que não está neste livro, é O cão sem plumas e a segunda, O Rio. Na primeira a voz é do poeta, na segunda do Rio e na terceira uma pluralidade de personagens que o retirante Severino vai encontrando em sua jornada às margens do Capibaribe.

O trabalho de João Cabral em O Rio é maravilhoso; não só ele percorre geograficamente o curso do Capibaribe, como vai nos contando a história dos povoados pelos quais vai passando. Por favor, assistam ao vídeo ‘Capibaribe em 360° - da nascente à foz”, de Eric Laurence, realizado por meio de captação de recursos da lei Aldir Blanc Pernambuco (link ao fim deste texto), de preferência, junto ao poema. É uma viagem incrível, dá vontade de ir a Pernambuco agora! Fiquei muito emocionada.

“Outra vez ouço o trem/ao me aproximar de Carpina./Vai passar na cidade, vai pela chã, lá por cima./Detém-se raramente,/pois que sempre está fugindo,/esquivando apressado/as coisas de seu caminho./Diversa da dos trens/é a viagem que fazem os rios:/convivem com as coisas/entre as quais vão fluindo;/demoram nos remansos/para descansar e dormir;/convivem com a gente/sem se apressar em fugir.” - pág. 28.

Já Morte e Vida Severina é pura constatação da vida e morte do povo nordestino do agreste, sofrido, cansado, mas esperançoso. Afinal, a vida se renova a cada nascimento.

“é difícil defender,/só com palavras, a vida,/ainda mais quando ela é/esta que vê, severina;/mas se responder não pude/à pergunta que fazia,/ela, a vida, a respondeu/com sua presença viva./E não há melhor resposta/que o espetáculo da vida:/vê-la desfiar seu fio,/que também se chama vida,/ver a fábrica que ela mesma,/teimosamente, se fabrica,/vê-la brotar como há pouco/em nova vida explodida;/mesmo quando é assim pequena/a explosão, como a ocorrida;/mesmo quando é uma explosão/como a de há pouco, franzina;/mesmo quando é a explosão/de uma vida severina.” - pág. 132/133.

Ah, gente, isso é lindo demais!

Também compõem esta edição o livro Paisagens com Figuras, com poesias sobre Pernambuco e Espanha, incluindo um poema para seu amigo, também poeta e artista plástico, Joan Brossa. E por fim o largo poema Uma Faca Só Lâmina, dedicado a Vinicius de Moraes e repleto de metáforas, bem diferente dos outros escritos, que me abstenho de comentar, pois minha compreensão não o alcançou.

Livro para os apreciadores de versos e para os não apreciadores também.


SOBRE O AUTOR:
João Cabral de Melo Neto nasceu no Recife, em 1920 e passou parte da infância em cidades às margens do Capibaribe. Em 1942 foi com os pais para o Rio de Janeiro. Primo de Manuel Bandeira e Gilberto Freyre, foi, além de poeta, diplomata, tendo passado grande parte da vida na Espanha, o que influenciou bastante sua obra, bem como trabalhou em outros países da Europa, África e América Central. Chegou a ser acusado de subversão pelo Itamaraty e afastado junto a outros diplomatas, retornando após recorrer ao STF. Fez parte da ABL e da Academia Pernambucana de Letras e foi premiado diversas vezes, inclusive com o Camões. Parte da Terceira Geração Modernista do Brasil, a Geração de 45, ficou conhecido por fazer uma poesia dita cerebral, com bastante rigor estético, objetiva e comunicativa. Faleceu aos 79 anos, no Rio de Janeiro.

NOTAS:
[1] O Rio Capibaribe - rio das capivaras, em tupi - é um rio de grande extensão (270km), que percorre exclusivamente o estado de Pernambuco. Nasce na Serra do Jacarará, no agreste, na divisa dos municípios de Jataúba e Poção, e é em parte rio intermitente (desaparece em épocas de estiagem, ficando nove meses submerso), em parte perene (a partir do município de Limoeiro). Atravessa vários bairros e pontes de Recife até desaguar no Oceano Atlântico. Possui cerca de 74 afluentes e banha 42 municípios. Ao longo do Capibaribe, em razão do solo de massapé, surgiram os primeiros engenhos de cana-de-açúcar, posteriormente substituídos pelas usinas. A Petribu, por exemplo, está ali desde o século XVIII. Hoje o rio sofre com a degradação ambiental e está repleto de entulho, lixo e lama; mal se veem capivaras em suas margens. Mas há algumas ações pró rio: em Glória do Goitá, o SERTA, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) forma pessoas, especialmente as que vivem da agricultura familiar, aptas a produzir preservando os recursos naturais; no Recife, um grupo de estudantes está tentando, atualmente, recuperar trechos da mata às margens do Capibaribe, plantando espécies vegetais nativas; e há os que limpam trechos do rio por conta própria. Fontes: Wikipédia, G1, Toda Matéria, Ferdinando de Sousa, Algomais, Petribu, Pesquisa Escolar e canal Gilberto Geraldo.

Algumas adaptações de Morte e Vida Severina:
Primeira montagem teatral feita pelo grupo Norte Teatro Escola do Pará - final dos anos 50;
Montagem teatral no teatro TUCA - PUC, dirigida por Roberto Freire e musicada por Chico Buarque - 1965;
Filme, unindo as duas últimas partes da trilogia, dirigido por Zelito Viana - 1974;
Especial para a TV Globo, dirigido por Walter Avancini - 1981;
História em quadrinhos, feita pelo cartunista Miguel Falcão, posteriormente adaptada para animação 3D - 2010.

site: https://youtu.be/eHHKeTtD3wo?si=POv2Ir9zJaSgY0jc
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