Gestapo

Gestapo Sven Hassel




Resenhas - Gestapo


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Marlon Teske 27/10/2010

Nós também lutamos!
antes de me ater ao livro falar um pouco de seu autor. Sven Hassel descreveu a Segunda Guerra Mundial de maneira crua e realista, com uma visão única de quem realmente presenciou os acontecimentos da década de 40. Não temos aqui um romance escrito sobre uma pesquisa histórica. Hassel viveu no front, ele foi a guerra. Ele era um nazista, foi um soldado do Exército Alemão a quem serviu no período de 1937 até o fim da guerra, em 45.

Ele mostra que apesar dos horrores da guerra, os alemães que nela lutaram não eram monstros inumanos desprovidos de emoção (ou meras coisas para se atirar, como na maioria dos jogos em primeira pessoa onde os nazistas se tornaram alvos humanos clássicos). Travam-se de homens e mulheres com desejos, sonhos e vontades. E a maioria deles estava tão tristes e apavorados com a guerra quanto o resto do mundo.

Gestapo narra uma parte desta sua vida de soldado na pele de oito companheiros sobreviventes da 5ª Companhia do 27º Regimento Blindado. Os últimos oito que restaram após um ataque das tropas russas. Mas não havia glória na derrota, e os oito apenas regressaram à Alemanha - mais calejados, preparados e um pouco menos humanos - para aguardar novas ordens.

Citando um trecho no livro, numa interpretação um tanto quanto livre: “A primeira coisa que aprendemos na guerra é mijar nas próprias botas“. Não há um herói dentre os oito soldados, tampouco alguém querendo bancar o herói. Tudo o que eles fazem é seguir as ordens recebidas, e tentar sobreviver aos ditames (nem sempre muito inteligentes) de seus superiores.

A história não se preocupa muito em ser linear ou empolada. Ela é nua e crua. Sua linguagem é feroz, chula em vários pontos, mas incrivelmente familiar. Você não consegue deixar de se sentir envolvido com a velocidade do texto e se ver compartilhando com os personagens os momentos em que eles se davam ao luxo de rir, insultarem-se e blasfemar.

E o bacana é que não se trata de uma história de companhia militar “holliwodiana” onde temos o bonzão, o pateta e o personagem-alvejado-no-início-do-filme. O grupo é imprevisível. Em um momento, o capturam um bando de refugiados russos, noutro, auxiliam este mesmo bando a fugir das ordens de enforcamento de um general alemão que jamais colocara seus pés no front.

Enfim, Gestapo é uma história de contrastes, de escolhas inevitáveis de homens inseridos num sistema hostil de guerra. E no ar ressoa a pergunta que para mim é um dos norteadores da história: Até que ponto você está diposto a trair ou lutar por sua pátria mesmo indo na direção contrária aos seus princípios?

Cada um dos oito soldados respondeu a esta pergunta moldando-se à guerra da sua forma. Mesmo que isso vá contra tudo o que eles eram antes dos combates. Sapateiros, músicos, agricultores. Soldados. De navalhas e pistolas em punho, eles avançam levando dentes de ouro furtados dos cadáveres nos bolsos num novo mergulho ao inferno do combate no front.

Lido em Fevereiro 2009
Diego 10/02/2010minha estante
Ótima resenha. Parabéns.


MarcusASBarr 02/12/2015minha estante
Uma visão textual que despertou meu interesse sobre a obra e "história" do autor, que é traçada por ele em cada título. Excelente! Parabéns.




Marques 07/01/2016

Comecei a ler acreditando que falaria sobre a Gestapo em si e seu modus operandi, mas me surpreendi duas vezes com a obra.

Primeiro porque fala sobre a Segunda Guerra sob as vistas de soldados alemães de uma companhia de desonrados.
Segundo porque o autor foi um soldado durante a Guerra. Isso é impressionante! Ainda mais porque ele não poupa críticas ao sistema implantado na Alemanha Nazista e como os soldados sabiam ser doentio.

Ao amantes de História e aos revisionistas, livro recomendadíssimo.
Daniel Dias 15/07/2016minha estante
Bela resenha, acendeu em mim a vontade de ler. Obrigado!


Helio 14/08/2018minha estante
Muito bom seu comentário!




Luiz Miranda 18/08/2019

Estupidez da guerra
Hassel era dinamarquês e se alistou como soldado na Alemanha de Hitler. Sobreviveu a guerra e foi condenado na Dinamarca a 10 anos de prisão por traição. Após a pena, agora supostamente arrependido de seus crimes, escreveu 15 livros sobre o dia a dia de um soldado nazista.

Li 2 desses livros esperando pulp fiction convencional e me deparei com um contador de histórias habilidoso, capaz de reproduzir detalhes, comportamentos e situações da vida militar, como só quem viu a coisa de perto seria capaz.

Seria uma leitura insuportável se ele tentasse suavizar os nazistas ou prestasse qualquer espécie de tributo, mas passa longe disso, os soldados de Hassel são desajustados de toda espécie, loucos liderados por psicopatas piores ainda.

Inteligente, com um implacável humor negro, o escritor não deixa nenhuma dúvida sobre a insanidade sem propósito de tudo aquilo. Enquanto que O Batalhão Maldito, minha leitura anterior, foca no combate contra os russos, Gestapo da mais espaço a inúmeros casos da rotina da caserna.

Quem tem alguma experiência com militarismo vai rapidamente entender a pegada do escritor, que narra situações esdrúxulas demais para serem fruto de imaginação. É o famoso absurdo que só pode ser verdade. Confesso que fiquei impressionado com essa visão exclusiva sobre a 2ª Guerra Mundial.

4,5 estrelas
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