Claire Scorzi 12/10/2022
Doce Amargo
Publicado pela primeira vez em 1913, um ano antes da morte do autor, O Bosque das Ilusões Perdidas firma-se como um clássico moderno.
Parece uma história simples - mas será? Passagem da infância à vida adulta, fala de amor, amizade, perdas... E quanto mais eu me lembrava do livro após terminá-lo, mais ainda eu encontrava.
Símbolos? A passagem da infância à vida adulta, a festa - maravilhosamente narrada, talvez o melhor momento do romance - que dura dias representando, talvez, o ápice dessa infância e inocência que está partindo. Além: a perda da inocência. A ideia de que a felicidade é sempre efêmera neste mundo. Ou, que esperando a felicidade - aquilo que a simboliza - podemos perdê-la, e a nós mesmos, quando desistimos de aguardá-la, e de nos guardarmos. E que cometemos erros que sempre terão consequências, não importa o quanto tentemos fugir delas, ou adiá-las - elas nos encontrarão.
O que se foi, não pode ser recuperado, porque nós mudamos, e para pior; e o tempo não volta.
Quanto à ideia de que a felicidade é efêmera neste mundo, o próprio autor deixa uma alusão: neste mundo não se alcança felicidade perfeita, só instantes felizes. Como nos lembrou a escritora Gertrud von Le Fort, "Felicidade, só no Céu; justiça, no inferno; na Terra, há a Cruz".