Ique 06/03/2021A pressa é a inimiga da perfeição. Interessante, mas faltou algo.Agatha Christie foi bem direta e objetiva ao construir a história do livro Os Quatro Grandes, principalmente no que se diz a respeito da introdução e conclusão que são extremamente rápidas. Consequentemente a história pode ser resumida em poucas palavras: “Poirot e seu amigo Hastings estão correndo de uma organização criminosa mundial composta por quatro indivíduos em uma aventura que coloca a vida deles em risco a cada passo dado”.
Os 4 grandes, como os criminosos são chamados, são rapidamente identificados: o destruidor, o cérebro mais aguçado da China, um milionário americano e uma cientista francesa. O objetivo deles é destruir a ordem social existente substituindo-a por uma anarquia na qual seriam ditadores. Sendo assim, ambos estavam promovendo uma série de acidentes aéreos e marinhos, por exemplo, provocando o caos. No entanto, a pedra do sapato deles era Poirot.
Diante do cenário, o detetive belga acaba sendo forçado a se livrar de explosões e de outras situações onde seria praticamente impossível sair com vida, o que é justificado pela incrível capacidade de raciocínio e de compreender todos os pormenores da situação. Forçado? Um pouco para quem se acostuma a não ver tal comportamento do detetive em outras histórias.
O desenvolvimento da narrativa é muito envolvente uma vez que o livro é bem eletrizante e com vários momentos de tensão, o que é ajudado pelo formato que assemelha-se com um conto. Exemplificando melhor: em 1924 sob pressão para lançar um novo livro a autora decidiu juntar diferentes contos de mesma temática com início, meio e fim em uma grande história. O resultado? Um dos livros que Agatha Christie menos gostou, afinal a pressa é uma inimiga da perfeição.
Ah, vale mencionar: embora escrito às pressas, a narrativa se passa durante um intervalo muito grande, chutaria um ano, pelo menos. A edição do livro pela Harper Collins está maravilhosa com uma capa simples que ilustra um dos contos (poderia dizer assim?) presentes na narrativa com uma linguagem atualizada e com curiosidades no final do livro.
Falando no final do livro e voltando para história, como eu disse no primeiro parágrafo: rápido, objetivo e complementando: inteligente, e um pouco sem sal. Não espere aqui a investigação de uma morte (há muitas!), mas sim de uma corrida de rato e gato.