Felicidade e Outros Contos

Felicidade e Outros Contos Katherine Mansfield




Resenhas - Felicidade e Outros Contos


14 encontrados | exibindo 1 a 14


Dan 07/03/2021

*A contista das contistas*
Amo contos, sobretudo aqueles intimistas com toques poéticos. Katherine Mansfield escreve assim. Para Virginia Woolf, é o nome maior do conto de língua inglesa. Não duvido. De todos os contos da literatura inglesa que li, nenhum se compara aos melhores feitos de Mansfield. Assim como Tchékhov, a neozelandesa consegue adentrar no mistério da vida por meio de acontecimentos aparentemente corriqueiros. Ela não se preocupa em criar enredos surpreendentes, "a vida do dia a dia" é que a interessa. Tal qual Jane Austen, Mansfield consegue transformar coisas comuns em obras de arte do mais alto nível: um casal de amigos descobrindo estar apaixonados um pelo outro; o namoro ingênuo entre dois jovens; uma mulher solitária que encontra consolo na companhia de um canário etc. Qualquer coisa em suas mãos transforma-se em algo profundo e belo. E, com base em pequenas coisas, descortina o interior das personagens, revela os abismos da alma. Os contos "Psicologia" e "O canário" ,desta coletânea, estão entre os mais lindos e tocantes que já li, principalmente o primeiro; é preciso ter um coração ds pedra para não se comover com o desfecho. De escrita lírica, simples, porém ao mesmo tempo complexa, Mansfield inspirou inúmeros escritores do século XX, dentre eles a própria Virginia Woolf; Érico Veríssimo; Marques Rebelo; Clarice Lispector, que certamente não teria sido quem foi, caso não tivesse conhecido na adolescência esta que é uma das maiores contistas de todos os tempos...
comentários(0)comente



Leila de Carvalho e Gonçalves 15/07/2018

Nas entrelinhas
A neozelandesa Katherine Mansfield faleceu aos 34 anos de tuberculose, deixando cerca de 88 contos. Boa parte foi publicada postumamente e eles inseriram definitivamente seu nome no rol dos melhores escritores do século XX.

Usando pessoas simples e situações do dia a dia, suas narrativas exibem um cuidadoso trabalho de criação em que nenhum detalhe é gratuito. Nas entrelinhas, sempre há uma outra história surpreendente, pois a escritora jamais conta de modo direto o que há de mais importante.

Esse livro apresenta um total de oito contos de sua autoria. Eis a lista e uma breve descrição na ordem que são apresentados:

"Felicidade" (1920)
Publicado em 1939, essa narrativa discute sexualidade e infidelidade, apresentando referências astrológicas. Sua protagonista é Bertha Young, uma mulher moderna, que acredita viver na mais completa harmonia ao lado da família e dos amigos, contudo, durante um jantar sua convicção cai por terra.

"Psicologia" (1920)
Trata-se de um conto repleto de cores, pequenos detalhes e belas metáforas. Nele, o leitor assiste ao funeral de uma paixão que mal indiciada, acaba velada por um buquê de violetas murchas. Trabalhando com o monólogo interior, sua protagonista é uma artista plástica, amiga de um escritor solitário que eventualmente vem visitá-la em sua casa. Esse é um de meus contos preferidos de escritora.

"Um Dia De Reginald Peacock" (1920)
Em apenas doze páginas, é narrado um dia na vida de Reginald Peaock, um professor de canto cujo ego inflado não permite que ele enxergue nem mesmo seus mínimos erros e limitações. Culpa unicamente a esposa pelo fracasso do casamento, nutre pouco afeto pelo filho e sonha ter um caso com suas alunas. Abordando o autoengano e com um desfecho patético, eis outra boa história de Katherine Mansfield.

"A Pequena Governanta" (1915)
Uma jovem vai da França até Munique de trem para assumir o posto de governanta numa nova casa. Temeroso e solitária acaba fazendo amizade com um senhor de idade que faz lembrar seu avô, porém, logo ela descobre que o perigo está onde menos se espera. As metáforas são o ponto alto da narrativa.

"As Filhas Do Falecido Coronel" (1922)
Constantia e Josephine, duas irmãs solteironas, após a morte do pai tem de aprender a lidar com os aspectos práticos da vida desde o funeral até a herança, mas o mais traumático é enfrentar o futuro sem a presença de um homem para protegê-las. Abordando morte, dependência, confusão e medo, os diálogos revelam um irônico humor.

"Marriage À La Mode" (1921)
Sem a habitual profundidade e sutileza de Mansfield, esse conto foi escrito para custear seu tratatamento no final da vida, inclusive, foi acusado de plágio graças as semelhanças com "Gafanhoto" de Tchekov. Sua história gira em torno de William, um marido pisoteado pelo egoísmo da esposa Isabel, preocupada unicamente com a ascensão social após mudar para uma bela casa. Servindo de chacota, a jovem é apelidado de Titânia pelos amigos, uma personagem de "Sonhos de Uma Noite de Verão" que apaixona-se por um burro.

"Um Tanto Infantil, Mas Muito Natural" (1914)
Publicado postumamente, um poema de Samuel Taylor Coleridge introduz a narrativa. De cunho impressionista, ela transita entre a realidade e o sonho, apresentando as diferentes perspectivas da paixão entre um casal adolescente. Enquanto Edna tem uma visão platônica do sentimento, Henry nutre uma sentimento impulsionado pelo desejo, abrindo um abismo entre eles.

"O Canário" (1923)
Esse é o último conto escrito por Mansfield. Trata-se de uma experiência modernista, pois exibe pouco desenvolvimento narrativo e ausência de acontecimentos dramáticos. Sua narrativa revela o apego da protagonista, uma senhora de idade, por um canário, fiel companheiro de muitos anos. Vale observar que a ave revela seus sentimentos, um aspecto costumeiramente empregado pela escritora.

Para finalizar, desejo uma boa leitura.
Dan 08/03/2021minha estante
Leila, suas resenhas são ótimas! Sejam aqui ou na Amazon, sempre vale a pena ler!


Leila de Carvalho e Gonçalves 08/03/2021minha estante
Grata. Fico feliz que você goste, aliás, é muito bom receber um elogio numa segunda-feira de manhã. Vou começar a semana com pé direito. Abraços!




Dave 17/01/2012

A doce febre de Mansfield
Quando eu tinho dezesseis anos e era muito apaixonado pela Clarice (claro que hoje continuo sendo, até mais), li uma crônica na qual ela expunha todos os livros fundamentais na sua vida (ou, como escreve ela, "o livro de cada uma das minhas vidas"). E eis que entre esses livros estava o volume Felicidade, de Mansfield. Fiquei curioso e instigado a conhecer esta escritora que não tem muito reconhecimento no Brasil (no Google, os resultados de pesquisa pelo nome de Mansfield, em português, não são lá essas coisas), e que, segundo a autora de Água Viva, quando a mesma entrou em contato com Felicidade, sentiu que o que estava naquele volume era ela mesma: "Eu entre muito altiva em uma livraria para comprar um livro, mexi em todos e nada me dizia nada, aí eu li um e disse isso aí sou eu. Eu não sabia que Katherine Mansfield era famosa, eu descobri sozinha."

Pois é, deu-se que, com vinte aninhos, eu também entrei em uma livraria, não tão altivo, e encontrei o Felicidade. Eu já tinha entrado em contato com a prosa vanguardista do início do século XX, mas não estava preparado para o esplendor, a força verbal, nem para o ardor da prosa de Mansifield: era mais que identificação, era calor, era febre, era o doce magma mansfieldiano, que me deixou perplexo e maravilhado. Não, não preste atenção aos movimentos nem aos atributos físicos dos personagens, deixe o seu interior fundir-se com o deles, sinta a sua respiração, sinta esse BLISS com a protagonista do primeiro conto, sinta a melancolia e a saudade com a protagonista do último, deixe-se invadir e verá que Mansfield não quer mudar a ordem externa das coisas, mas quer se enraizar no fundo do seu coração e da sua alma.
Ruan 06/08/2014minha estante
Que beleza o seu comentário. Eu lembro que passei dias encantado com um conto da KM, sem saber quem ela era. Não lembro o nome do conto, e nem o livro em que o li. Mas ainda lembro do encanto.
Você lembra o nome desta crônica da Clarice?


Dave 07/08/2014minha estante
Thank you. O nome da crônica é "O primeiro livro de cada uma das minhas vidas", e está no volume "A descoberta do mundo".




Ricardo Rocha 13/08/2014

The sun was not yet risen
Segundo Oscar Wilde, o texto que tem o início acima citado está entre os mais belos da literatura. Faz parte do conto Na baía. Não tem qualquer utilidade na história, e isso mais o credencia pois para Oscar a arte existe em si mesma, sem qualquer outro valor. Deve ser bela e nada mais. Quanto a isso não sei se concordo. E essa bela introdução cumpre pelo menos dois papéis: Seduz o leitor e introduz elementos da trama, e o ambiente em que se passará.
Os contos de Katherine sempre tiveram esse fascínio, sempre, sobre outros escritores. Virgínia Woolf disse que a única escritora cujos textos ela, Virgínia, gostaria de ter escrito, era ela, Katherine. Ana Cristina César não só amou essa pequena obra como quis ter a honra de traduzi-la. É dela a tradução do magnífico Bliss. Também Clarice Lispector, que segundo reza a lenda, decidiu ser escritora após ter folheado numa livraria The Garden Party.
O que existe nesses contos que arrastam assim os leitores que também escrevem? Talvez seja porque neles estão o que todo escritor almeja, ou deveria, que é a perfeita união entre vida e obra. Ler Katherine é ver Katherine, sem a necessidade de um único elemento autobiográfico. Não é algo dizível. Sua vida trágica encerrada aos 34 anos está viva em seus textos.
Renata CCS 18/09/2014minha estante
Adoro ler contos, e sua resenha é tão apaixonante que foi impossível não colocar este livro na lista de futuras aquisições.


Arsenio Meira 14/11/2014minha estante
Fui injusto com Mansfield. Li este livro traduzido pelo grande Erico Verissimo. Não dei cinco estrelas. Acontece com a melhores famílias, rsrs. Vou reler. Sua resenha é um chamado. O conto Na Baía é um joia rara. É belíssimo e ponto. Sem mais ou todavia. O texto não precisa de arrimo algum. Wilde - de bandeja - nos legou a lição.




ana 08/09/2022

É difícil resenhar um livro com tantos contos, mas falando de forma geral, é tudo isso que as pessoas falam!!! eu claramente não gostei de todos os contos, alguns foram maçantes pra mim, mas a linguagem é sempre um ponto muito forte, outros contos eu senti uma singeleza tão plena, tão única! fofo, em geral eu gostei
comentários(0)comente



Bruna 10/04/2023

Felicidade e Outros Contos
Confesso que esperava mais... não achei nada de muito extraordinário nos contos... nada que me fizesse sentir qualquer coisa, mas foi bom pra passar o tempo.
O conto Felicidade foi meu favorito, o conto Canario o menos favorito.
Achei a escrita parecida com pessoas de Sagitário (uma coisa que faz sentido só na minha cabeça).
comentários(0)comente



Serena 06/01/2011

Suave no cotidiano da época,em todos seus detalhes, ser humano como deveriamos ser. Lindo lindo e lindo!

" Por breve momento ficaram ambos silenciosos à luz que dançava.
No entanto, por assim dizer, eles sentiam nos lábios sorridentes
o sabor do suave choque daquele encontro. Seus eus secretos sussurravam:
- Para que falar? Isso não é o bastante?
- Mais que bastante. Só agora é que compreendo...
- Como é bom o simples fato de estar contigo...
- Assim...
- É mais que suficiente."
[Katherine Mansfield - Psicologia]



Ruan 06/08/2014minha estante
Bela passagem!




sonia 21/11/2009

sensibilidade feminina
com maestria, a autora aborda com sutileza a ilusoria e fragil felicidade humana, embasada amiúde em ignorância e ausencia da percepção do outro.
um dos melhores livros que já li - e olha que li muitos.
Ruan 06/08/2014minha estante
É verdade. São tantas as pessoas que eu namorei e que pareciam não ver quem eu realmente era. Geralmente os namoros terminavam por isto.
Mais um motivo para eu ler a KM.




Adriana Scarpin 16/08/2015

Gente, mas que coisa linda. Sempre tive problemas em gostar de contos como gosto de romances e novelas, mas essa seleção da Mansfield é irretocável.
comentários(0)comente



Isabela Zamboni | @resenhasalacarte 10/11/2016

Sensível e irônico
Posso afirmar que nenhum livro de contos até hoje mexeu tanto comigo quanto Felicidade e Outros Contos, da Katherine Mansfield. Já tinha ouvido falar que ela era uma contista inigualável (a própria Virginia Woolf dizia isso), mas só lendo para conferir o quão incrível é.

Composto por 8 contos, Felicidade é o mais conhecido (Bliss, em inglês) e um dos mais fortes também. Mais forte no sentido de que, ao final, você fica um pouco em choque, um pouco desanimado e, talvez, desapontado. Mas não surpreendido. Hahaha, dá pra entender? A delicadeza com que Mansfield conduz a narrativa é incrível e, aos poucos, entramos na cabeça daqueles personagens e nos espelhamos neles.

Os outros contos são tão bons quanto: Psicologia, Um dia de Reginald Peacock, A pequena governanta, As filhas do falecido coronel (um dos mais elogiados), Marriage à La mode, Um tanto infantil, mas muito natural e o último – e mais triste – O Canário.

Cada conto é recheado de sutileza, detalhes importantes – mas nem um pouco cansativos – e a leitura flui muito bem! Os temas são recorrentes do cotidiano, e diversas vezes tornam-se atemporais, como no caso de O Canário. A ironia da autora pode ser percebida nas entrelinhas, lembrando bastante o estilo de autoras brasileiras como Clarice Lispector e até um pouco de Lygia Fagundes Telles.

[RESENHA COMPLETA NO BLOG RESENHAS À LA CARTE]

site: http://resenhasalacarte.com.br/resenha/resenha-felicidade-e-outros-contos-katherine-mansfield/
comentários(0)comente



vinicius.sales.90 04/04/2020

Conto: Um tanto Infantil mas Natural
Que conto lindo mas com um final que trás várias emoções.
comentários(0)comente



Wellington Wanderley 04/06/2017

LEITURA 29/2017: "Felicidade e Outros Contos de Katherine Mansfield"⭐⭐ ⭐ ⭐
A leitura dos contos da escritora neozelandesa Katherine Mansfield é como um encontro com uma força vívida e voluptuosa que desafia a cada um de nós a nos reconectar com a energia criativa dos sonhos que embalaram nossa infância e que enchem de fé e esperança a história da humanidade em sua busca pueril por felicidade. .

Katherine Mansfield é magnificamente genial! Sua escrita afetuosa e ao mesmo tempo rebelde plasma na ficção aquela essência doce e quente que anima nosso desejo de amor e revelação entre os galhos da árvore realidade, à sombra da qual escolhemos para aspergir o singelo banquete do nosso piquenique de domingo. .

#LeituraComoEstiloDeVida #Projeto12Poetas12Cronistas12Contistas #felicidadeeoutroscontos #KatherineMansfield #EditoraRevan #Contos #Leitura #Ler #AmoLeitura #AmoLivros #livros #ViciadosEmLivros #Literatura #Kindle #KindleBrasil #Blogueiro #LeiturasDeWellingtonWanderley
comentários(0)comente



Biahhy 27/09/2017

Muito bem escritos..
Um livro de contos de uma das maiores autoras de contos, Katherine Mansfield. Neste livro felicidade e outros contos muitos contos sobre felicidade, amor, família, desilusão e muito mais. O conto o Canário foi um dos meus favoritos e que recomendo minha segunda experiência lendo a autora e quero ler mais coisas delas para me aprofundar na obra e entender mais seu jeito genuíno de escrever.
comentários(0)comente



Eliane406 17/01/2024

Bliss
??Conheci Katherine Mansfield, através de Clarice Lispector. Falando assim, faz parecer que foi uma amiga que me indicou, mas, me sinto muito próxima da alma de Clarice. Lendo sua biografia completa em uma das passagens de sua vida ela cita este livro, o primeiro que pode comprar na vida, com seu salário, e quando leu, observou que o livro era ela.
O que dizer de Katherine?Como muitas pessoas que enxergam além dos paradigmas impostos pela sociedade, ela foi assim, irrequieta, e dona de sua vontade, recrimina por seus próprios padrões, como nós ainda somos por ser diferente. Dona de uma criatividade literária extraordinária, ela em sua breve vida, foi intensa, e transbordou essa intensidade verdadeira no papel, no lugar solitário, na solidão dos que são ousados e se atrevem a viver!
?Felicidade ou Bliss, no original (tal como saudade em português, Bliss é uma palavra inglesa sem correspondente exato em outras línguas. Êxtase,felicidade, total, euforia, há muitas tradições possíveis, mas nenhuma atende a todas as nuances da palavra original. Preferimos felicidade, simplesmente, por ser a opção mais simples, não excessiva, embora fique faltando alguma coisa), possui pinto contos, mas não se prenda a fórmula dos finais felizes ou mesmo de um final qualquer, ele é diferente, aqui as palavras por mais simples que possam ser, são carregadas de sentido, e o sentido cabal é de autoria do leitor!
comentários(0)comente



14 encontrados | exibindo 1 a 14


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR