Amante dos Livros 07/10/2020
A vida é aquilo que acontece de maravilhoso e absurdo entre o primeiro e o último suspiro.
O romance acompanha a vida da nossa protagonista, Alice. Iniciando pelo seu presente, em uma cena comovente que a traz saudosas recordações.
Logo em seguida, a Fernanda Pernitza nos transporta ao passado mais precisamente ao ano de 1969, onde conhecemos Rosana (ou Rosa) e Roberto.
Rosa e Roberto se conheceram em um momento onde tudo à sua volta inspirava amor, e mesmo após ter sofrido algumas decepções, Rosa deixou-se entregar a um amor patológico. E mesmo nos momentos em que se sentia sufocada, a dedicação excessiva de Roberto a fazia continuar. Isso às vezes lhe custava, mas não conseguia deixá-lo.
Em meio a esse relacionamento repleto de sentimentos complexos, pena, amor, superproteção, submissão... Um casamento com base na dependência um do outro, na renúncia, rotina, normas sociais a serem seguidas, e certo “aprisionamento” mutuo, nasce Alice, que recebe uma educação inicial para que se adapte a realidade onde vive, sem protestar.
Porém, em meio ao caos, Alice ver uma porta se abrir e mesmo sentindo-se esmagada pelos seus traumas, segue seus anseios de mudanças.
A Fernanda possui uma escrita fluida e contagiante, nos traz nesse romance uma narradora singular que envolve o leitor, e em muitos momentos nos pegamos em um diálogo com a mesma, entre concordâncias e discordâncias de opiniões em meio à trama.
O livro possui uma influência musical também marcante, logo no início, a autora nos convida a realizar a leitura ouvindo sua trilha sonora, que se encontra em uma playlist no Spotify “até o último suspiro”.
Gosto de romances fortes, marcantes, que nos tiram da nossa zona de conforto aos provocar reflexões e encarar a realidade.
A trama foi muito bem construída, os fatos e narrativas bem conduzidos, e o crescimento dos personagens em sua alta descoberta é extremamente relevante.
Os personagens secundários também ganham destaque, em especial cito Samuca, gostaria de ter visto mais sobre ele.
Para finalizar, destaco também a forma que a Fernanda colocou a “morte”, algo que na maioria das vezes é extremamente sombrio e tratado com certo tabu, foi introduzido na historia de forma natural e bem significativa.
“Qual o ritmo você quer dar para os seus dias? Qual estilo musical será o mais tocado? Você vai dançar ou fazer cara de poucos amigos? Vai compor o próprio repertório ou interpretar o dos outros? Vai plagiar a canção de alguém ou valentemente tocar sua autenticidade?”
Quanto à diagramação, amei a capa desde o primeiro momento e tem tudo a ver com a história. O livro possui folhas amareladas, fonte de um ótimo tamanho para leitura, os capítulos são pequenos e sempre iniciados com um trecho de uma música, e não encontrei erros ortográficos.
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