Regiane 14/09/2010
Amor, não! Paixão desmedida e doentia.
"Heathcliff diz a Catherine: - Não é fácil perdoar, olhar para esses olhos e agarrar essas mãos mirradas. Beija-me e não me deixes ver os teus olhos! Perdoo-te o mal que me fizeste. Eu amo quem me mata. Mas... como poderei perdoar quem te mata?"
Se alguém achar que encontrará um amor doce e puro ao ler esse livro, irá se enganar. Morro dos Ventos Uivantes trata-se de uma paixão obsessiva, acompanhada de ódio e orgulho. Uma história que não há limites para causar dor, não importa o quanto destrua ao redor, o prazer está na sede de vingança.
A história se intercala entre a narração do Sr. Lockwood e Nelly. As descrições da autora são perfeitas, melhor que isso, são impecáveis. Muito detalhado, onde o leitor consegue imaginar cada cena, cada momento, e com muita precisão, até mesmo os cheiros e climas.
Tudo começa quando o Mr. Earnshaw em uma de suas viagens trás para O Morro dos Ventos Uivantes uma criança que aparentemente parece ser um cigano, mas que ninguém sabe ao certo de onde veio. Seu nome é Heathcliff, o qual se tornou o filho preferido e digno de receber todas atenções do senhor daquele lugar. Isso acabou despertando ciúmes dos seus filhos legítimos, especialmente de Hindley. Heathcliff consegue porém conquistar a atenção de Catherine, irmã de Hindley. Tudo corre relativamente bem até que infelizmente o benfeitor morre, e com isso Heathcliff acaba ficando à mercê das maldades de Hindley, o que faz com que ele cresça “selvagem” – e daí que inicia-se o sentimento por vingança.
Sem modos e sem muita instrução, Heathcliff deixa de ser uma opção para Cathy como seu futuro marido, mesmo sendo apaixonada por ele. Com uma visão bastante fútil e gananciosa, apoiada pelo seu irmão Hindley, ela acaba ficando noiva de Edgar Linton - um excepcional cavalheiro e herdeiro da Granja dos Tordos - decepcionado com a escolha e com o abandono de Cathy, Heathcliff vai embora do Morro dos Ventos Uivantes.
Dois anos mais tarde - após Catherine já ter se casado com Edgar - Heathcliff retorna como um perfeito cavalheiro e misteriosamente rico. Nesse momento ele já se sente preparado para colocar em prática sua vingança contra aqueles que colaboraram pela separação dele e Cathy.
Heathcliff se torna cego e cruel em nome da vingança. Não se importando com nada, nem mesmo com aqueles que tem uma ligação com ele, prefere até mesmo tirar proveito disso, usando-os como instrumentos para suas ações diabólicas. Um personagem digno de ódio e repúdio por todas suas maldades absurdas, porém também é digno de pena, pois ser um homem só, que ninguém mais, além de Cathy o amaria.
Sinceramente eu estava sem esperanças de gostar desse livro, pois o começo é muito enrolado e monótono, mas conforme fui avançado eu comecei a gostar e fiquei muito ansiosa, assim como o Sr. Lockwood, para saber o desfecho da história de Cathy e Heathcliff, contado por Nelly - a governanta que acompanhou a vida do casal.
Depois de eu dar a chance de entender melhor os sentimentos dos personagens e de me envolver com a história, O Morro dos Ventos Uivantes se tornou um dos meus livros preferidos.