A Mordida da Manga

A Mordida da Manga Mariatu Kamara...




Resenhas - A Mordida da Manga


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Edinardo.Junior 03/07/2020

Não sei explicar o porquê, mas até o momento foi melhor livro que eu já li na vida. Me tornei mais humano e passei a compreender alguns valores culturais e sociais que antes eu desconhecia.
comentários(0)comente



Andreia Santana 31/07/2010

Memórias, cicatrizes e superação
Em ano de primeira Copa do Mundo realizada no continente africano, o Brasil descobre Serra Leoa a partir de um livro de memórias. Terceiro pior desempenho em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e um dos recordistas mundiais de mortalidade infantil (161 para cada mil crianças nascidas), o país, na África Ocidental, há oito anos saiu de uma sangrenta guerra civil. O conflito, que durou de 1991 até 2002, fez milhares de vítimas: 50 mil mortos e 500 mil refugiados. Ao menos duas mil pessoas, entre homens, mulheres e crianças, tiveram as mãos ou as pernas cortadas pelos integrantes da RUF (Frente Unida Revolucionária).

Uma dessas vítimas é Mariatu Kamara, que transformou a experiência em bandeira de luta social. Responsável por uma fundação que leva seu nome, cuja missão é ajudar mulheres e crianças vítimas do conflito, Mariatu, 24 anos, virou representante especial do Unicef. Quando tinha 11, perdeu as duas mãos na guerra, decepadas por meninos-soldado da RUF que invadiram seu povoado. “Os rebeldes cortavam as mãos das pessoas, para impedi-las de votar”, conta Mariatu em A Mordida da Manga, livro de memórias lançado em 2008 no exterior, e que teve edição em português este ano, pela Editora Planeta.

A biografia de Mariatu foi escrita em parceria com a jornalista Susan Mclelland, do Canadá, país para onde a adolescente emigrou aos 14 anos, com a ajuda do Unicef. Em suas 208 páginas, o livro revela uma história de superação que, muito antes de trazer uma mensagem edificante do tipo “há mais gente sofrendo no mundo do que imaginamos”, investe no relato cru de uma jovem muçulmana que viu seu país, já pobre e explorado por séculos de colonialismo, ser reduzido ao estado de barbárie e indigência.

Sem vergonha ou papas na língua, Mariatu desfia o rosário, mas o tom não é melodramático. Entre as desditas, há o estupro praticado por um amigo da família, a violência dos rebeldes - conseguida à base de doses de heroína -, a frustração de ter engravidado aos 12 anos (em conseqüência do estupro) e ter perdido o bebê, com dez meses de vida, vítima de desnutrição, quando ela e a família viviam em um campo de refugiados.

Mariatu não esconde nada. Toca em temas-tabu como a mutilação genital feminina (a polêmica extirpação do clitóris praticado em países muçulmanos na África), revela a vida de mendicância pelas ruas de Freetown (capital de Serra Leoa) e revela a expectativa mensal de centenas de famílias que aguardam roupas, comida e remédios caírem do céu, via ajuda humanitária. A missão das crianças mutiladas, depois que saem do hospital, é alimentar a família inteira, porque sem os braços, pernas ou mãos, elas conseguem mais esmolas dos “estrangeiros, jornalistas e dos ricos de Serra Leoa”.

A intenção da obra é a militância e um alerta para o ocidente próspero, como a lembrar ao mundo que oito anos não são nada e que boa parte da África continua miserável e faminta, espoliada primeiro pela escravidão colonial e depois por mineradoras estrangeiras que exploram as riquezas do continente e não revertem nenhum benefício aos países e seus habitantes.

O sucesso do livro fora do Brasil vem da sinceridade da autora. A intenção de Mariatu não é tornar-se referência de rebuscamento literário. Sua obra é uma grande reportagem escrita a quatro mãos e que mistura as lembranças de uma refugiada antes e depois da guerra, a passagem pela Inglaterra em busca de próteses para as mãos, sua nova vida no Canadá e o retorno ao país de origem, em 2004, quando teve um encontro com o presidente para pedir melhores condições de vida aos sobreviventes do confronto.

A tradução em português carece de uma boa revisão. Mas os erros de digitação tornam-se mínimos diante da força da história contada. Para quem gosta de relatos de guerra e de casos de superação, em certos trechos, Mariatu demonstra a maturidade adquirida a custo de muito sofrimento. Já em outros momentos, revela o quanto da criança ingênua de antes da guerra sobrevive dentro dela.

Guerra civil inspirou livro e filme

Serra Leoa só conquistou a independência em meados do século XX e depois disso, viveu longos períodos de ditadura entremeados por governos corruptos e acirrados conflitos étnicos. Além do livro de Mariatu Kamara, a guerra civil também rendeu outra obra literária de não-ficção, Muito Longe de Casa – Memória de um Menino Soldado, escrito pelo sobrevivente Ismahel Beah. Ex-combatente, Ismahel foi resgatado pelo Unicef, imigrou para os Estados Unidos e desde o fim da guerra, se dedica a ajudar outros ex-meninos soldados. É ele quem assina o prefácio da obra de A Mordida da Manga.

O conflito sangrento em Serra Leoa e as memórias do autor serviram de inspiração para o argumento do filme Diamante de Sangue (2006), protagonizado por Leonardo Di Caprio, Djimon Hounsou e Jennifer Connelly. O filme conta a história de Danny Archer (Di Caprio), um mercenário que trafica armas entre Serra Leoa e a vizinha Libéria, e que acaba sendo forçado, por interesse em um raro diamante rosa, a ajudar Solomon Vandy (Djimon), um ex-lavrador que teve a aldeia destruída pelos rebeldes da RUF e cuja família agora vive em um campo de refugiados. Recrutado para minerar diamantes para os rebeldes, Solomon quer salvar o filho mais velho, Dia, aliciado com drogas e transformado em um menino-soldado. Para tirar a família de Serra Leoa, ele conta com o apoio de Maddy Bowen (Connelly), jornalista que trabalha em reportagem de denúncia sobre a rota dos diamantes de sangue, ou seja, as pedras usadas para financiar a guerra.


Marta Skoober 05/01/2013minha estante
Violet, vi este livro hoje na biblioteca e a capa chamou minha atenção. Anotei para pesquisar e depois de ler sua resenha certamente ele vai para minha lista de leituras futuras.




Pandora 24/03/2011

Arrebatador!
Mais resenhas em www.trocaletras.wordpress.com

Ganhei esse livro em um concurso cultural e ele foi uma grata surpresa.
É de uma simplicidade e força arrebatadoras.

Trata-se das memórias de Mariatu Kamara, uma garota de Serra Leoa, África. Mariatu é mais uma das vítimas da brutal guerra civil que deixou milhares de mutilados e o país na mais absoluta pobreza.

Mariatu, como muitas outras pessoas, teve as duas mãos cortadas pelos rebeldes civis, para ser impedida de votar no presidente. Com a ajuda humanitária enviada para Serra Leoa, Mariatu conseguiu ir para o Canadá, onde pôde frequentar a escola e ter uma vida relativamente normal.
Portanto, engana-se quem pensa que esse é um livro amargo, cheio de auto-piedade.
Vemos aqui uma criança, vítima de estupro, mutilação, pobreza, miséria e sofrimento, mas que se reergueu e agora quer contar sua história e mostrar ao mundo como é Serra Leoa.

As últimas páginas foram as mais brutais, porque são um belo soco no estômago.
Mariatu vivenciou os dois extremos: a mais absoluta pobreza e a ostentação dos que vivem em países desenvolvidos.
Vemos, através de suas palavras, as pessoas de seu antigo povoado passando fome, com as roupas em farrapos enquanto o resto do mundo, convenientemente separado por um oceano, fecha os olhos e esbanja.

Uma triste e sombria realidade.
Nem todos podemos fazer muita coisa daqui, mas do nosso lado também existem pessoas que precisam de uma mão que as ampare. Acho que todos devemos pensar nisso.

Um livro excelente e muito recomendado.

*Agradecimentos à Viciados em livros que promoveu o concurso cultural e à editora Planeta, por ter me escolhido entre tantos outros para ganhar esse livro*


comentários(0)comente



Adriana1037 03/01/2013

Resistência e coragem
Este é um texto memorialístico que conta sobre a infância de Mariatu Kamara de Serra Leoa, e principalmente, fala sobre as consequências da guerra para as crianças. Aborda temas como abandono, mutilação genital, preconceito, mutilação de guerra, pobreza, fome e desnutrição.
Poderia ser um livro triste, mas excetuando alguns momentos mais dramáticos, é um livro que nos fala de coragem, esperança e de sermos resilientes. Aprendendo a conviver com as nossas limitações e transformando-nos mantendo as nossas raízes, mas olhando sempre em frente.
comentários(0)comente



Maria Clara 18/02/2021

Realmente muito legal! Uma boa opção para quem gosta de bibliografia e livro de memórias/relatos de guerra.
comentários(0)comente



Suzana Vaz 16/10/2012

Maravilhoso.
Sabe aquela sensação gostosa que sentimos depois de terminar a leitura de um livro? Estou com ela ainda, bendita foi a hora em que passei naquela feira de livros e me interessei por este.
O livro ''A mordida da manga'' trata-se das memórias de Mariatu Kamara, uma garota de Serra Leoa, África. Mariatu é mais uma das vítimas da brutal guerra civil que deixou milhares de mutilados e o país na mais absoluta pobreza. Mariatu, como muitas outras pessoas, teve as duas mãos cortadas pelos rebeldes civis, para ser impedida de votar no presidente. Com a ajuda humanitária enviada para Serra Leoa, Mariatu conseguiu ir para o Canadá, onde pôde frequentar a escola e ter uma vida relativamente normal. Portanto, engana-se quem pensa que esse é um livro amargo, cheio de auto-piedade. Vemos aqui uma criança, vítima de estupro, mutilação, pobreza, miséria e sofrimento, mas que se reergueu e agora quer contar sua história e mostrar ao mundo como é Serra Leoa.

Muito bem recomendado, excelente.
comentários(0)comente



Manuela 10/12/2013

Sobre a vida.
Tenho problemas com biografias. Tenho muitos problemas com biografias. Desde... Bom, desde sempre. E tendo problemas com biografias, tive muita dificuldade em ler esse livro. Um tanto acentuada, para falar a verdade. Algo que me fez questionar de tempos em tempos no decorrer desses dois, quase três, meses.

Por quê?

E então que é ao fim que percebo o meu verdadeiro problema.

Não é a escrita, simples e direta, como bons jornalistas conseguem obter, e que te remete a uma conversa, como se você dialogasse diretamente com aquela que é objeto da história que se desenvolve naquelas linhas.

Não é propriamente o enredo, em meio ao caos que é Serra Leoa, principalmente nos idos de 91 a início de 2002, diante de uma guerra civil tão humanamente inexplicável, considerando que não consigo encontrar a lógica de que, desejosos em derrubar um governo, cidadãos atacam, selvagemente, seu próprio povo.

Mas não, não era isso.

É a voz dela. É a voz que me chega ao lê-la e me faz perceber que aquele mundo, aquilo que ela vive, é tão natural quanto esperado. É perceber que há pouca dor em seu tom, porque talvez não haja espaço para tristeza, porque aquela realidade tão crua, tão rudemente dolorida, é não somente o que ela conhece e reconhece como sua, como também almeja.

Obviamente uma Mariatu mais madura, vivente de outra realidade, consegue perceber aquilo que não via e sentir quão pobre e desoladora é aquela terra. Mas aí, o tempo já passou, o livro já está no fim e não há qualquer permissivo para procrastinação.

Cheguei à 207º página nessa manhã de um quase verão. O tempo estava fresco, eu estava alimentada, mas outra tragédia se desenrolava próximo à mim, alguns bons quilômetros, numa cidade de nome Lajedinho, diante da inesperada força da natureza - ou uma atuação humana indesejada, quem vai saber?

Difícil não ponderar então que talvez seja a vida uma contínua tragédia.
comentários(0)comente



Kell 15/05/2014

A mordida da manga na realidade!
Este é um livro inspirador!! O modo como é contada os acontecimentos que envolve a guerra civil de Serra Leoa e Mariatu Kamara me emocionaram de uma tal forma que me fez pensar que talvez, seja comodo para as pessoas de países ricos, se acomodarem e não fazerem nada a respeito da pobreza e dos problemas sociais do mundo, afinal o que tem haver crianças sendo mutiladas e a revolta de pessoas que não sabem como se expor aos seus governantes??? o livro também me mostrou como é importante a solidariedade de algumas pessoas que ajudaram Mariatu, e varias outras crianças. Essa "biografia" também abriria os olhos de muitas pessoas,principalmente, por que as pessoas não conhecem e muitas vezes nem ouviram falar desse pedacinho de terra chamado "Serra Leoa", muito menos sabem de suas necesidades.
"Entre 1991 e 2002, Serra Leoa foi envolvida por uma brutal guerra civil. Rebeldes armados pela frente revolucionaria unida (FRU) destruíram povoados e fazendas, violaram, mutilaram e assassinaram milhares de mulheres. Hoje, Serra Leoa, situalda na costa ocidentaçl da Africa, é um dos países mais pobres do mundo. Na zona rural, o salário médio é inferior a um dólar por dia, a expectativa de vida é só de 40 anos e a maioria das crianças não frequentam a escola. As mulheres e as crianças foram particularmente atingidas pela guerra. A vida tradicional dos povoados, em que as mulheres eram tratadas com respeito pelos homens, por suas famílias e pela comunidade, não mais existem. Muitas mulheres estão sujeitas a contínuos abusos sexuais, emocionais e físicos, em grande parte causado pela pobreza criada por um desemprego em larga escala. Homens incapazes de suprir suas famílias ficam alienados e furiosos. As crianças, particularmente as meninas, com frequência são vítimas de estupro de homens mais velhos e são quase sempre forçadas a casamentos precoces".
Kelly.Neumann 08/05/2017minha estante
undefined


Kelly.Neumann 10/05/2017minha estante
undefined




Moo 21/11/2019

Um bom livro para enxergarmos a guerra em Serra Leoa através do olhos de quem sofreu nela. Mariatu Kamara através de uma narrativa simples nos leva ao seu processo de dor, medo, desejo e conquistas.
comentários(0)comente



10 encontrados | exibindo 1 a 10


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR