Paraiso Líquido

Paraiso Líquido Luiz Bras




Resenhas - Paraiso Liquido


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Davenir - Diário de Anarres 01/03/2024

Mergulho profundo na brasilidade da ficção científica
Paraíso Líquido de Luiz Bras é uma coleção de contos de 2010 onde já podemos ver as aventuras narrativas e que marcam sua ficção científica, antes de adicionar o humor que hoje é mais presente nos seus contos. O livro abre com Primeiro contato, uma história que embarca no universo infantil de uma aventura doce e sincera. Virando do avesso, Memórias é uma história que hoje chamaríamos de muito Black Mirror, mas antes de Black Mirror (2011) em que uma mulher duvida de tudo a sua volta, família, casa e relacionamentos. A tensão impera nos diálogos tensos e uma revelação estarrecedora. Nuvem de cães-cavalos parece acontecer no mesmo universo do conto anterior, com um encontro/duelo de um homem e uma jovem alucinação. Já Daimons é uma cruel brincadeira de entidades encarnadas em brinquedos com crianças inocentes, que poderia ser de um terror oitentista mas mais pesado.

Aço contra osso é um jogo de gato e rato virtual. Nostalgia começa como uma história de paranoia, bem philipkdickiana, onde não sabemos o que é real e não, para nos brindar com um final muito intrigante. Déja-vu é uma história de viagem no tempo que pode ser lida de trás para frente. Coisa que fiz assim que terminei o último conto e funciona muito bem. São Paulo, 31 de julho de 2013 é um conto epistolar com uma dose cavalar de sarcasmo, assim como Cruzada, que segue com o sarcasmo sobre a nossa pequenez frente a um grande mistério. Futuro presente é outra história de viagem no tempo, usando uma premissa antiga, um personagem congelado por muitos anos acordando num longínquo futuro, com o diferencial de que ela começa a história nos revelando que sabe quando vai morrer. Singularidade nua nos joga na space ópera com uma missão controlada por crianças trigêmeas criadas para habitarem em suas naves, para investigar um misterioso buraco negro. Protagonistas e figurantes conta a história de um acidente que atravessa a vida de várias pessoas que tiveram o azar de estar no lugar errado na hora errada, juntando um mosaico de pessoas e situações. Um quebra-cabeça cyberpunk. Por fim, Paraíso líquido é o maior conto e, por ter o nome do livro, o que mais me gerou expectativas, contudo, não consegui me conectar com a história e os personagens, que são elementos e emoções.

Mesmo não curtindo o último conto, o livro é muito bom. Como é uma reunião de contos publicados em revistas e antologias, se apresentam em várias abordagens e tamanhos diferentes, mas dali podemos vislumbrar as experimentações, o trato na linguagem e um escritor que vai deixando o pessimismo de lado e começa a abraçar o humor, adicionando a brasilidade na sua ficção científica.

site: http://wilburdcontos.blogspot.com/2024/02/resenha-323-paraiso-liquido-luiz-bras.html
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Davi.Paiva 18/09/2022

Ideia boa. Já a execução...
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Este livro está comigo há muito tempo, pois eu o ganhei em um evento da faculdade. Mas só agora eu resolvi lê-lo porque ele estava (por engano) em uma lista de títulos que eu resolvi ler para decidir se eu o colocava à venda ou se ainda o deixava em minha coleção. E entre as duas opções, tive que ficar com uma terceira graças a um código moral que tenho de não vender livros que ganhei de doações. Portanto, espero que quando esta resenha for publicada ele já tenha sido doado.

Uma coletânea de contos do mesmo autor é sempre um trabalho legal de ser lido. E quando tal coletânea gera em torno de um tema (ficção científica), também é muito bom porque já sabemos o que esperar dele.

O que, a meu ver, não ficou legal: a execução.

Ou os contos começavam bem e terminavam mal ou não começavam bem e nem terminavam melhores. Ora eram ricos em detalhes desnecessários ou ora eram apenas uma enrolação que prejudicava o ritmo da narrativa.

Apesar de tudo, acho que ainda valeu a experiência da leitura. Ficção científica teve um auge muito grande no começo dos anos 2000 graças ao cinema e creio que isso impactou muito na literatura. Ler o livro e ponderar sobre o seu destino procurando um doador digno também foi uma ótima experiência de vida. Mas infelizmente, deste livro eu só vou guardar duas boas lembranças: de ter levado quase dez anos para saber que ele não era tão bom assim e que o conto que mais gostei foi o "Memórias" por falar sobre manipulação mental e mostrar que até os manipuladores podem ser manipulados.

Sem mais.
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Igor Gil 31/05/2020

Procure esse livro
Rapaz, que duas verdades sejam ditas: é difícil achar ficção científica brasileira e é mais difícil ainda achar ficção científica brasileira que seja boa.

Paraíso Liquido é o caso. Uma coletânea de contos maravilhosa, com uma história mais intensa do que a outra. Não lembro ao certo quantos são, mas cada conto possui uma história completamente diferente do outro, indo de alienígenas, divindades anciãs reencarnadas, viagens no tempo e até batalhas celestiais. Todos eles, no entanto, possuem uma característica de começar meio do nada e terminar da mesma forma. É a sensação de pegar o bonde andando e sair dele ainda em movimento.

Isso pode ser um balde de água fria para alguns, mas, por algum motivo, eu amei essa sensação, me deixando algumas várias vezes sem fôlego e sem reação, principalmente no conto "Cruzadas". Acho que ideia de aprender o que é necessário para entender o universo do conto durante a leitura e, no climax, ter de desligar todo esse aprendizado e partir para o próximo universo me deixou meio maluco, mas fissurado.

Se algum dia vocês esbarrem nesse livro enquanto andam por um sebo, biblioteca ou coisa do tipo, aconselho que peguem , abracem e até que mandem cartinha para o escritor.

É bom, bom demais. Deveria ter muito mais reconhecimento.
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Nasa 24/01/2016

Paraíso Líquido de Ideias

Livro de contos com treze narrativas de fantasia e ficção cientifica. Os contos abordam personagens comuns diante do mundo atual e tentando se adaptar, nem sempre com sucesso. Lê o livro foi como andar de montanha Russa, uma sequencia de sustos e surpresas, e reflexões sobre o que poderia ter sido e... Ele faz pensar, na verdade obriga o leitor a sair da área de conforto, buscar soluções e se deparar com o inevitável. A narrativa é simples, mas leva o leitor por um emaranhado de histórias tensas e com conclusões estremas, surpreendentes que te deixam pensando por muito tempo.
Durante nossas vidas de leitores temos de nos aventurar em livros como esse, que nos sacodem e mostram a realidade por uma janela de vidro. Aqui somos observadores até onde quisermos ser.
Sobre os contos:
Primeiro contato – Uma busca, a escolha pela fantasia em vez da realidade. A tristeza, uma festa, a amizade, a morte e a vida seguindo a rotina.
Do Memórias – Confusão e morte. Gostei muito desse conto, mas no fim me senti roubada em algo. Deu vontade de jogar o livro na parede. Queria que a historia houvesse continuado.
O Nuvem de cães-cavalos – Achei complexo, como um gole de vodka. Desceu queimando e no fim me fez perceber como uma historia pode ser contada de modo caótico.
Déjà-vu - A loucura aqui achou seu lugar e pode ser lido de trás pra frente.
Cruzada – Guerra e a morte foram cruciais para contar essa pequena historia dentro de muitas. Achei muito bom e forte.
Paraíso líquido - o último conto me deixou certa de que o livro é um laboratório que o autor criou para nos confundir, chocar e emocionar.
Provocador, confuso, intrigante, um despertar.
Para quem gosta de se perder nos labirintos da mente de um escritor de linguagem séria e inteligente, aconselho a leitura de Paraíso Líquido. Mas deixo a ressalva, não é para todos.
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Môni 29/09/2012

*_* :

..."Somos seres que explodem.Apenas figuradamente, é claro.Não explodimos pra valer,feito esses vasos de argila incandescentes que, lançados diretamente do inferno pagão, riscam o eterno crepúsculo da Terra Santa e atingem a cidade,incendiando tudo.Não somos tão apocalípticos assim.Não explodimos para cima,com estardalhaço,feito os fogos de artifício dos mágicos do Extremo Oriente.Mas nem por isso nossa explosão é menos intensa e devastadora.Explodimos para dentro,em múltiplas camadas de silêncio,às vezes sem chamar a atenção de ninguém.Exceto a dos gatos e a dos anjos,que costumam perceber as menores vibrações.Essas criaturas se alimentam dos estilhaços?Eu digo que sim.Por isso é preciso fugir delas.Qual será o sabor de uma alma em chamas?"

"...eu passei ao seu lado e fui pra fora.Precisava ver urgentemente o céu.O redemoinho de estrelas."

"O velho Maluf tentou me ensinar a ler e a escrever, eu não aprendi, não tive tempo de aprender,a guerra vai e volta,bagunçando a vida e a cabeça das pessoas,eu não aprendi a ler os pergaminhos nem a escrever minha própria história, mas cheguei tão perto desse novo universo que senti a alma profunda da leitura e da escrita. Senti a essência das palavras de tinta, o encanto do conhecimento. E explodi durante semanas. O velho mundo desaparecia para que o novo mundo nascesse."

CRUZADA
Paraíso Líquido, Luiz Bras.



..."Fui virada do avesso: tudo o que existia dentro de mim foi pra fora,e as estrelas e as galáxias vieram pra dentro."

FUTURO PRESENTE
Paraíso Líquido, Luiz Bras.
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Tibor Moricz 13/06/2011

Lido e comentado.
Li o livro de Luiz Bras em quatro dias, feito admirável para alguém que não tem muito tempo livre para isso. Deve ter ajudado (e como!) o fato de já ter lido em vezes anteriores pelo menos um terço dos contos apresentados.

O livro tem doze contos de ficção científica e um fronteiriço, mais pro lado e cá, que pro lado de lá (Primeiro contato). A capa é muito bonita.

Luiz Bras não é um autor que se esforce em escrever bem, dando atenção especial à forma. Isso já é uma coisa que faz parte dele, lhe é inerente. A estética se aplica automaticamente, permeando as linhas com absoluta naturalidade. Brinca com as palavras com segurança, as aplica corretamente, faz acrobacias, experimentalismos e experimentações.

Tem um domínio que poucos têm da arte narrativa.

Por outro lado (e sempre há outro lado), sinto que ele dá o pontapé inicial em alguns contos sem ter uma boa ideia de onde aquilo vai levá-lo. Ele mergulha num torvelinho narrativo muitas vezes confuso, divaga e devaneia, dando reviravoltas súbitas, deixando o leitor meio sem chão, meio sem bengala na escuridão. Permitir que a história se conduza por si própria, dando a ela pernas e braços, tem grandes perigos se o autor não estiver pronto a agarrá-la no laço quando isso lhe parecer necessário. O momento certo de fazer isso determina se a história acabará bem ou só arremedada. No caso em pauta, isso não chega a ser ruim, porque Luiz Bras, como eu já disse, tem um ótimo controle narrativo. Assim, mesmo uma condução que parece confusa acaba por ser simpática. Nós nos deixamos levar pela enxurrada, imersos em expectativa.

Alguns contos terminam de maneira pouco satisfatória. Outros são muito bons.

Luiz Bras fliducha e trupede enroscando-se, por vezes, no próprio laço, enquanto o leitor badulate e clipecapota, vencendo os obstáculos que a narrativa cheia de armadilhas do autor apresenta.

Paraíso líquido é, no cômputo geral, um livro bastante bom. Para quem gosta do gênero e para quem não curte muito, também.

Recomendado.
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Tuca. 15/02/2011

O leitor comum
Comento sobre o livro no link abaixo. Visitem:

http://bit.ly/dGVn5a
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