Carla.Parreira 18/11/2023
Falo? ou não falo? Expressando sentimentos e comunicando idéias (Fátima Cristina de Souza Conte e Maria Zilah da Silva Brandão).
O livro me fez pensar nas diversas situações onde nos sentimos provocados e, ainda assim, discutir ou brigar será sempre a pior reação. Existem dinâmicas de relacionamento onde uma parte faz a outra se sentir especial e poderosa. A parte manipuladora se coloca sendo "propriedade" do outro e transmuta essa "posse" entre o ganhar e perder. Assim surge o extremo prazer e depois a profunda raiva. A parte manipuladora causa raiva propositalmente. O pior tipo de raiva é causada pela indiferença. Emoções padronizadas criam um hábito emocional e a mente fica condicionada a necessidade de sentir aquilo. Emoções fortes viciam. E se depois do pico de emoção negativa vem a positiva, isso vicia mais ainda, porque quanto maior for o estresse gerado, maior será a sensação de bem estar quando vier a calmaria. Inconscientemente somos levados a buscar fatores estressantes que nos causem emoções negativas para compensar, posteriormente, com o prazer da resolução que gera um gatilho emocional de paz como forma de recompensa. Uma pessoa propensa a cair em provocações facilmente será um alvo fácil para esse tipo de manipulação. E o livro reforça a ideia de que não devemos ter medo de deixar a questão de lado e simplesmente não confrontar.
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Melhores trechos: "...Quem acolhe, só ouve e basta! Não é preciso dar conselhos, nem explicar opiniões contrárias, nem ser sincero para com o outro. Sentir-se acolhido, significa ser compreendido na hora que precisamos; significa ser recebido e aceito. Isto é fundamental para aquela hora em que nos sentimos tristes, sozinhos, confusos ou bravos. Quando estamos bravos e somos acolhidos, a nossa auto-estima agradece, percebemos que alguém pode gostar da gente mesmo quando demonstramos sentimentos negativos. A sensação de não ser acolhido só não é pior do que a de ser mal com preendido. Quem já tentou ser assertivo com alguém que ouve tudo como crítica, reage colocando palavras na nossa boca, agredindo verbalmente porque falamos uma coisa e ela entendeu outra, sabe o quanto isso é difícil! Uma pessoa que tem auto-estima baixa pode viver fa/endo interpretações equivocadas sobre o que queremos dizer a ela e acabar nos agredindo quando somos assertivos. É muito importante mantermos a assertividade perto de pessoas assim. Ser assertivo envolve não ?entrar? na agressividade do outro e não acre ditar na interpretação errônea e discutir isso com ele. Ao sentirmos a agressão não devemos provocar ou alimentar a raiva da pessoa; podemos apenas repetir resumidamente nosso ponto de vista e sair da conversa. Se a melhora do relacionamento não depende de nós, pois a pessoa é uma individualista extremada, pare! Chega de tentar! Vamos acender velas para outro santo!... Para que nós saibamos falar das coisas que gostamos ou de nossas ideias, é preciso ter tido convivência com outros seres humanos que além de nos ouvirem, nos aprovaram; nos deram atenção, carinho ou simplesmente satisfizeram nossas necessidades básicas de comida, agasalho e proteção, quando pedimos isso a eles. Se o que nós pensamos ou sentimos é sempre ignorado ou punido pelas pessoas que nos cercam, a sensação é ruim. Começamos a acreditar que há poucas chances de nosso espaço se firmar no mundo dos relacionamentos e podemos começar a duvidar de nossas opiniões e até mesmo de nossos sentimentos. É que nós, como seres humanos, somos muito sensíveis aos contatos sociais, e a falta persistente de aprovação dos outros pode comprometer nossa auto-estima e nos fazer evitar o relacionamento com os demais... Guardar cartas na manga não é assertivo! Não vamos levar nossos relacionamentos como se fosse um jogo, mas se você jogar, jogue limpo!... O melhor jeito de vencer o medo de perder é perdendo. Perdendo: deliberadamente, de propósito, de vontade própria, por querer! É um exercício. Você começa um exercício devagar, se acostumando a ele. Em outras palavras, se não é contra a lei, se você não vai arriscar um pedaço do seu corpo ou do corpo dos outros, se o lugar para onde você quer ir não for um beco sem saída, ligue o seu botão de DANE-SE e vá em frente! Se você tiver errado na sua escolha, já teve um grande lucro: conheceu mais um caminho que não foi bom para você e você venceu o medo deperder... Quando estou cuidando de mim, da minha vida, fazendo as minhas escolhas, se o outro me desaprova, ele tem um problema e, assim, cabe a ele resolvê-lo. Se, após refletir com honestidade, você estiver segura de que não está fazendo isso para machucar os outros de pro pósito, de que é um direito seu, então, siga em frentel Caso contrário, da próxima vez que você quiser fazer alguma outra coisa que seja importante para você e que seja do seu legítimo direito decidir, e isso, por qualquer razão ilegítima, incomodar ao outro, adivinhe só o que o outro vai fazer? Isso mesmo; vai desaprovar você, sabendo que, se ele fizer isso, você vai se sentir mal autom aticam ente e, para licar livre deste sentimento de mal-estar, vai acabar fazendo o que ele quer. Uma boa maneira de se livrar do medo da desaprovação do outro, da desaprovação social, é sendo desaprovado pelo outro. Expondo-se à desaprovação social: deliberadamente, de propósito, por vontade própria, por querer!... Se você começa a agir de forma a agradá-lo (la) sempre, independentemente dos seus sentimentos em relação a isso, você pode abdicar de seus direitos e ainda assim correr o risco de ficar só. Até quando você terá que fingir? Por quanto tempo irá engolir sapo? Se a pessoa não gostar de você do jeito que você é, deixe para lá! Na boa, sinceramente. O que você vai fazer com alguém que não gosta de você? Porque se a pessoa gostar de você do jeito que você não é, é porque não gosta de você! Ela está gostando de alguém que, na realidade, não existe!... As 'verdades' nas quais acreditamos e usamos para compreender os nossos relacionamentos parecem aplicáveis a todas situações. Estas 'verdades' nos levam a crer que temos 'bola de cristal' e, portanto, sabemos exatamente 'qual era a intenção' da outra pessoa. Imaginamos que sabemos o que o outro quer dizer ou fazer mesmo antes que ele diga ou faça. Isto nos afasta da realidade que está sendo vivida a cada momento. Pessoas que não observam a realidade em que estão vivendo tornam-se inadequadas: muitas vezes caluniam, acusam, são intolerantes, agressivas e não deixam o outro falar. Elas não são assertivas. Não sabem conversar. Não sabem ouvir. Perguntar para a outra pessoa o que ela quis dizer ou fazer é sempre bom. É ter comportamento assertivo. Ser assertivo não pode ser confundido com fazer afirmações partindo de adivinhações sobre o comportamento do outro... Rubem Alves, citando Nietzsche, afirma: 'Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice? Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar'... Pais que protegem muito a criança, tentando assim evitar que ela sofra, podem vir a gerar sofrimento maior que é o da sensação de incompetência. Ksta criança aprende que não é suficientemente competente para administrar suas questões e pode comportar-se no ambiente de forma insegura ou extremamente dependente. Como já discutimos, as reações de cada indivíduo vão moldando também as diferentes interações. Assim, a criança ao comportar-se de forma tímida ou dependente no ambiente, passará a ditar suas relações futuras com este padrão de respostas, e o ciclo vicioso se perpetua... Pais que reagem com intensidade exagerada aos 'erros' da criança, apenas afazem sentir que fez algo 'errado' e não lhe permitem refazer - ou lhe dão modelos de como agir podem estar comprometendo a sua capacidade de solucionar seus problemas... Frente a qualquer relato da criança, devemos nos comportar como o fazemos com um amigo. Ouvimos, apoiamos (e apoiar não é estimular o erro) dizendo que entendemos como está se sentindo com esses problemas e só então oferecemos ajuda para pensar numa maneira de tirá-la daquela situação difícil. Ao se sentir ouvida e apoiada, a criança aceita com mais facilidade discutir quais os comportamentos alternativos que poderiam ajudá-la a mudar aquela situação..."