Roberto Soares 09/01/2024Na terceira das suas sete crônicas C.S. Lewis expandiu seu Universo criativo para além das terras de Nárnia, amadurecendo sua narrativa juntamente com suas personagens. Aqui ele se voltou para o mar, o que contribuiu para tornar esse o meu livro favorito da série até agora.
Ainda temos a participação dos dois irmãos Pevensie mais jovens, Lúcia e Edmundo, que dessa vez serão acompanhados por um primo que é de longe o personagem mais interessante da história: Eustáquio. É em volta dele que os acontecimentos mais transformadores irão se desenrolar.
As crianças participarão, ao lado do agora rei Caspian X, em uma busca por sete fidalgos que se perderam em uma missão para o leste do mundo, onde existem apenas águas não mapeadas nas quais ninguém nunca teve coragem de se aventurar.
Mas lá vão eles, atracando em terras estranhas e desconhecidas, nessa espécie de ?A Odisséia? narniana onde cada parada significa uma nova aventura e uma nova descoberta.
Em alguns locais encontrarão acolhimento e respostas, e em outros ameaças e perigos. Mas cada uma dessas experiências, por mais diversas que sejam, irão seguir um único fio narrativo, onde entra em cena a grande alegoria cristã que é a obra de C.S. Lewis: a jornada espiritual rumo a um propósito superior.
Os personagens passam por várias provações, nenhuma desprovida de sentido simbólico, sejam elas tempestades, dragões, serpentes marinhas, águas mortais e, principalmente, uma terra de sombras onde seus desejos mais íntimos e inconscientes se tornam reais.
Foi nessa última que percebi algo que pra mim foi uma chave de interpretação dessa crônica. Para além das espadas e arcos, cada um usava uma arma muito mais significativa para superar aquela dificuldade: uma virtude, como a coragem ou a fé inabalável no poder superior.
Seriam os sete fidalgos perdidos uma representação das sete virtudes cristãs, que ao serem encontradas (ou conquistadas), uma a uma, através de experiências vividas em momentos bons e ruins, finalmente permitem que seu ?portador? alcance o reino divino superior, aqui representado pelo país de Aslam, ponto final da jornada dos personagens?