Roberto Soares 09/01/2024O filho de um já idoso rei Caspian está desaparecido há anos, um sumiço que envolve a morte de sua mãe e o surgimento de uma misteriosa mulher de beleza inigualável. Para o resgate do príncipe e a aniquilação do Mal que está por trás de seu rapto, Aslam mais uma vez convoca crianças do nosso mundo para uma missão.
Na quarta de suas crônicas de Nárnia, C.S. Lewis expandiu ainda mais seu universo fantástico. Se em ?A Viagem da Peregrino da Alvorada? exploramos o leste de Nárnia, em ?A Cadeira de Prata? nós cruzaremos o norte daquela terra.
Temos aqui a oportunidade de conferir os efeitos da viagem no Peregrino da Alvorada no caráter de Eustáquio: encontramos um rapaz corajoso, mais afetuoso e empático; ainda um pouco crítico, é verdade, mas nada que se compare à criança enjoada e arrogante do ano anterior.
Assim, podemos considerar que Eustáquio está ?pronto?, e dessa forma nossa atenção, bem como a do autor, se volta para as duas novas personagens: Jill Poole e o paulama Brejeiro.
Jill será a criança imatura que chega cheia de falhas para receber de Nárnia e de Aslam os ensinamentos necessários para sua evolução. Já Brejeiro, uma espécie de homem-anfíbio, é o alívio cômico e, de certa forma, um inesperado herói.
A manifestação do Mal em ?A Cadeira de Prata? é, em termos simbólicos, a mais bíblica possível: uma soberana do submundo que surge pela primeira vez como uma serpente num jardim.
Penso na Feiticeira Verde como a encarnação da tentação e do desvio. No geral, suas ações são sempre voltadas ao desígnio de afastar suas vítimas do caminho que elas devem seguir, quase sempre despertando nelas os pecados capitais, como a ira e a luxúria, no caso de Tirian, e a gula e a preguiça, como aconteceu com as crianças.
Quando dominados por esses vícios, aqueles atraídos por ela se afastam de de seu lar e de sua verdadeira natureza, e se tornam escravos dessa força maligna sedutora. Mas é uma escravização da mente, pois não existem correntes que os prendem. Enfeitiçados pelo prazer que esse Mal proporciona aos sentidos, eles QUEREM ser submissos a ele, independente do que isso possa significar para sua liberdade e sua alma.