Ari Phanie 05/03/2022Uma surpresa.
Apesar de ter lido e gostado da sinopse desse livro, não criei expectativas. Achei que talvez fosse ser uma leitura legal e só. E logo que eu comecei, pensei seriamente em abandonar porque os nomes japoneses parecidos me confundiram e me deixaram frustrada; eu não entendia quem era quem, portanto não me conectei ao que estava sendo contado. E por toda essa dificuldade, o começo não me pareceu legal. Eu não entendia a discussão entre os namorados, me pareceu confusa e sem sentido. E não gostei deles. Pensei: “nam, vou largar isso aqui, não é pra mim.” Larguei, mas fiquei com a sensação de que deveria insistir mais, que o problema era eu estar sendo impaciente com algo que eu tinha acabado de começar. Então, peguei o livro de novo e comecei a ler com mais calma e mais paciência. E fico feliz por assim ter decidido porque Before the Coffee gets Cold foi uma leitura muito gostosinha e mais emocionante do que eu teria previsto.
A história gira em torno de um Café. E não qualquer Café. O lugar oferece a oportunidade de viajar no tempo. E os leitores acompanham um grupo de personagens, sendo alguns clientes e os donos do Café. A primeira história a ser contada é exatamante a dos namorados. Fumiko e Goro estão se separando porque ele ganhou a oportunidade de trabalhar no lugar com o qual tanto sonhou, mas em outro continente. A separação não é em bons termos, e quando Fumiko fica sabendo da reputação do Café, resolve voltar no tempo para dizer as coisas que não conseguiu antes do namorado partir. Por mais que no começo tenha ficado confusa e não tenha gostado dos personagens, à medida que a história avança, eu comecei a me conectar com o que estava sendo narrado e com os personagens. Para viajar no tempo, Fumiko tem que lidar com uma série de regras e quem explica e debate os termos das regras são outras duas personagens regulares: Kazu e Hirai. Inicialmente, eu não conseguia distinguir quem era quem, nem se se tratava de mulheres ou homens. Mas enfim... a história da Fumiko é uma boa introdução ao mundo dentro do Café, e é realmente bonitinho e terno o que é contado sobre os namorados.
Depois de ambientada ao ritmo e à história, os capítulos que se seguem me pegaram de jeito. Primeiro é contada a história de Fusagi e Kohtake, marido e mulher. Fusagi sofre de Alzheimer prematuro e esqueceu-se quem é a mulher, a qual quer entregar uma carta. Sendo assim, Kohtake volta ao passado para receber a carta e esse encontro muda o modo como ela estava se comportando com o marido. Esse capítulo é bastante emocionante, mas o seguinte partiu meu coração. É a vez de Hirai voltar ao tempo, coisa que ela nunca teve interesse. Mas agora ela tem um motivo especial e triste. E ao fazê-lo, ela tem a oportunidade de se desculpar com alguém que ama e honrar o sonho dessa pessoa. Eu não consegui não chorar nesse capítulo, mas o seguinte foi ainda mais doloroso. Kei, a mulher do gerente do Café é uma das melhores personagens. Ela é alegre e empática, mas tem um coração fraco. Quando descobre que está grávida, sabe que provavelmente não irá sobreviver ao parto de seu filho, então ela resolve ir ao futuro para conhecer o seu bebê. Não preciso nem dizer o quão emocionante foi esse capítulo. Assim como o anterior, me arrancou lágrimas. E quando o livro termina, apesar dos momentos tristes da história, você consegue tirar importantes lições do que está sendo contado.
Foi uma surpresa esse livrinho. Apesar do começo ter me frustrado, eu amei todas as histórias. Sem dúvida, minha favorita foi Mother and Child, mas todas me pegaram de jeito. O ritmo do livro não vai agradar a todos, já que é vagaroso, mas os personagens e suas histórias compensam qualquer dificuldade. Sem dúvida, esse livro merece atenção e vou recomendar sempre.