Resenhas - Lolita

Heloisa.Vulcanis 07/02/2024

Entendo o porquê de muitos não gostarem
A história é única e exclusivamente narrada por Humbert, e em certos momentos em que se vitimizava e falava do seu ?amor? pela Dolores, senti uma dó momentânea, por esse motivo. Até perceber que se trata de um estuprador, pedófilo, narcisista, que corrompeu a infância de uma menina de doze anos. O que ele tinha por Dolly não era amor, e sim uma obsessão. Apesar do tema não ser nada leve, a forma com que o autor escreve e pensa nos mínimos detalhes me encantou, principalmente quando esclarece toda a história no posfácio.

Aurea25 07/02/2024

Não não não
Não consigo deixar de pensar que esse livro só se tornou um clássico porque homens gostariam de ter relações com crianças só pra saber como é. Essa minha impressão é motivada apenas pela minha própria maternidade, pelas experiências que eu tive com homens ao longo da vida e por medo do que pode acontecer com a minha filha se ela encontrar um Humbert ao longo da vida.

Não gostei da escrita, achei que ele descreve demais coisas desnecessárias e passa batido em pontos essenciais da história. Dito isso, não é um romance romântico, nem uma romantização da pedofilia. É só a história de um pedófilo que abusou da enteada durante anos, sempre achando que não tinha nada de errado no que fazia, mas plenamente ciente que a sociedade condenava suas atitudes. Um homem mau em todos os aspectos, sempre se vitimizando e colocando a criança como perversa e consciente do que fazia, muito embora ele mesmo deixasse claro que a forçava.

Homens que leram esse livro: aprendam o que não fazer com crianças.

favplacecth 04/02/2024

Necessariamente Perturbador.
Vamos começar dizendo que as cinco estrelas se tratam da avaliação de ?Lolita? como obra literária, extremamente bem escrito e desenvolvido e sobre isso, ninguém pode tirar as glórias de Nabokov.
Leitura extremamente recomendada! Porém delicada.
Mergulhar nesse livro pode causar gatilhos enormes, já que diferente da romantização criada encima da obra, por nichos específicos e influenciados por toda uma atmosfera errônea, vendida como um ?romance proibido? por muito tempo, Lolita retrata a história de um pedófilo, que apesar de apaixonada e obcecado por sua ninfeta, tem total consciência dos crimes que está cometendo.
Nabokov não se esforçou para enfeitar o mostro que Humbert é, pelo contrário, em cada página, cada interação deste senhor com a sua Dolly, fica cada vez mais claro o quão perturbado ele é.
O fim de H.H chegou a me lembrar da sensação que tive ao finalizar ?O retrato de Dorian Grey?, ambos personagens, apesar de terem tido fins condicentes com sua postura horrenda, não tiveram um arco de redenção, muito pelo contrário, finalizaram transferindo a culpa sempre ao outro. Humbert com Quilty e Dorian com o pintor. Vi essa linha muito semelhante no fim dos dois.
Se tiverem estômago para o assunto, leiam! E para completar a experiência assistam aos dois filmes produzidos baseados no livro, que trazem atmosferas diferentes e que nos fazem compreender o porquê, por muito tempo, ?Lolita? caiu dentro de um arco de ?dark romance?, quando nunca deveria.

honeyfields 03/02/2024

Fascinante
Humbert humbert tem a capacidade e dom de dissimular toda e qualquer ação feita pela criança com quem ele passa a viver, e todas as crianças que ele conhece antes dela. me recuso a usar a palavra ninfeta porque essa palavra transforma essas crianças em objetos desejáveis, em mulheres maduras, em pessoas já sexuais, o que me traz de volta ao talento narrativo do autor.

é fácil esquecer que estamos falando de uma menina de 12 anos quando a forma com que ela é descrita é sempre com características adultas, quando todas as suas ações e características são erotizadas por um homem doente. o próprio humbert diz que ele não possuiu dolores (também é fácil esquecer que ela tem um nome), mas sim uma outra versão dela, lolita, que é mais afável, calma e que se encaixa melhor na sua fantasia. dolores já não é mais uma pessoa. ela é uma categoria em um site pornô.

mas o mais interessante, pra mim, é como ele se enxerga. na primeira vez em que ele abusou de dolores, após o ato, ele se parabeniza por não a ter "danificado", e por ter conseguido fazer o que queria sem feri-la. não apenas isso, mas também a capacidade que ele tem de estar ciente de um fato (de que ele é um pedófilo, ele inclusive usa essa palavra mais de uma vez para se descrever) e deturpá-lo para si mesmo, passando a acreditar que o que ele sente por dolores é de fato amor, e não sua mente podre e suja.

ele se vê como moralmente superior, e diz que não é um monstro, mas um romântico. ele escolhe ignorar os choros, as caras feias, as relutâncias e as birras de dolores, e interpreta eles da forma que bem entende, convenientemente lembrando que ela é uma criança apenas quando ela o nega, e ameaçando-a quando ela tenta se afastar. no fim, ele admite que causou danos irreversíveis a ela, embora continue enxergando seus sentimentos como amor, e não partes de sua doença.

por fim, preciso celebrar o autor por sua habilidade com palavras e seu senso de humor interessantíssimo, que me faz querer ler mais de suas obras.

Luciano442 03/02/2024

Inclassificável!!
Genial?! Magnífica!? Impressionante?!...Sempre faltarão palavras para classificar uma obra que já nasce como um Clássico(Sim, com C maiúsculo!!). Sinto-me um privilegiado por ter lido esta obra prima.

Bíh948 02/02/2024

Um dos piores livros que eu já li
Eu não sei nem por onde começar essa resenha, porque eu poderia facilmente escrever umas vinte páginas sobre o que foi minha experiência com esse livro.

Primeiramente, é fato, e acredito que ninguém discorda disso, que se trata de um livro sobre pedofilia. Até porque isso é dito diversas vezes durante o próprio livro. O próprio Humbert Humbert diz sim que é pedófilo e convenhamos que não precisa ser nenhum gênio pra ver que o interesse sexual de um adulto por volta dos seus quarenta anos por uma menina de 12 anos não poderia ter outro nome.

Porém, vejo muita gente avaliando esse livro positivamente como se fosse uma "cartilha anti-pedofilia", o que não é! O próprio autor fala isso no fim do livro! Ele diz que não têm um propósito em mente quando escreve um livro e que "Não escrevo nem leio obras de ficção com fins didáticos, e, a despeito da afirmação de John Ray, Lolita não traz nenhuma moral a reboque." Ou seja, ele afirmou que escreveu um livro sobre pedofilia sem nenhuma intenção moral!!!

Outro argumento que vi bastante foi de que a escrita do Nabokov é primorosa e blá blá blá, o que também vou ter que discordar. Achei a escrita dele muito ruim. Além de ser podre 90% do tempo, os outros 10% a história é apenas entediante e repetitiva. Muito descritiva, cheia de rodeios, cheia de passagens que não tem cadência lógica. Os personagens são todos chatos, inclusive a própria Lolita - o que não muda nada o fato de você sentir total empatia por ela e pela forma como o Humbert Humbert destrói a vida dela e arranca a infância e os sonhos dessa menina) - mas sim, ela não é uma personagem que você consegue se apegar, assim como nenhum outro.

E o que dizer de Humbert Humbert? Um dos piores protagonistas e mais nojentos. Eu já livros narrados por protagonistas completamente problemáticos, como o Alex de Laranja Mecânica, mas nem dele eu senti tanto ódio. Até porque qual é a evolução que o Humbert Humbert tem? Na minha opinião pouquíssima. Apenas muito no final ele tem um resquício de reconhecimento pelas cagadas que fez, mas fica por isso mesmo. Sei que pedofilia, muito mais do que uma questão criminal, é um transtorno, mas isso não significa que nós devamos passar pano para as atrocidades que ele comete.

Cada vez que eu achava que não poderia ficar pior o livro ia lá e ficava. Foi uma das leituras mais difíceis que eu já fiz. Apesar dos pesares, me proporcionou uma certa reflexão sobre como a pedofilia pode acabar com a vida de alguém. Mas o meu ponto, é que eu não senti que foi pra isso que o autor escreveu o livro. Então, me questiono com qual propósito alguém escreve uma coisa assim se não com o propósito de gerar uma conscientização sobre o tema? Até porque, esse clássico (que até agora estou tentando entender como se transformou em um) foi o responsável não por diminuir, ou por colocar em pauta, mas por disseminar a "temática Lolita", muito utilizada no k-pop por exemplo, da "ninfeta", de mulheres adultas se vestindo e utilizando traços e objetos infantilizados, mas agindo de forma provocadora e sexual.

Enfim, após ver tantas avaliações positivas estou até me questionando se eu sou louca e interpretei tudo errado, mas sinto que não... Poderia falar muito mais, mas acho que já descarreguei uma boa parte da minha raiva e asco por esse que se não é O, é pelo menos UM dos piores livros que eu já li.

joolivis 01/02/2024

Não gostei. não gostei muito da escrita nem do fluxo narrativo. eles me deixavam cansado.

sobre o tema: não acho que o autor romantiza nada. é tudo muito estranho e inquietante. Me chama muita atenção uma estratégia bastante popular nesses casos: ele responsabilizando a vítima (dizendo que ela que instigava, ela que queria). CARA, VOCÊ É UM GRANDE DE UM MERDA!

Lolita era uma criança e uma vítima, e não tem culpa. Nada narrado por ele pode ser considerado confiável.

Stuart 31/01/2024

Praticamente único
É um livro que faz jus à sua fama.

A história, já resumida pela própria edição apontada aqui, consiste em um homem, Humbert, que teve uma trajetória conturbada, envolvendo um romance em tenra idade que lhe causou traumas devido à morte inesperada de sua amada e outras coisas, como a fixação que ele desenvolveu por meninas pré-púberes e a sua relação com Lolita, uma menina que ele conheceu ao ir morar em uma cidade indicada por parentes. Com um desenrolar que deixou a menina em sua guarda por conta da morte da mãe dela, que havia se tornado sua esposa, sua vida ganha novos ares através das viagens que ele faz com ela pelos Estados Unidos. Abusos, chantagem e degeneração são alguns dos temas tratados nesse enredo, que termina com ela, após conhecer um dramaturgo em um teatro de uma nova escola que ela foi matriculada, fugindo de Humbert com ele, sendo encontrada somente anos depois devido a uma carta que ela mesma enviou para ele pedindo dinheiro; ela estava grávida e com um novo marido. O protagonista, sentindo-se culpado pela destruição da infância da menina, a ajudou e descobriu a história por trás de sua fuga, o que o levou a ir atrás do tal dramaturgo para matá-lo. Descobriu que pouco ele fez com ela além de simplesmente ajudá-la a escapar do "padastro monstro", apesar de ter fetiches estranhos e ter largado ela na rua após ela não querer se envolver com eles. Após matá-lo, Humbert acaba por se sentir um pouco mais livre das amarras sociais e reflete sobre sua relação com Lolita, que havia se recusado veementemente a um dia voltar a ter uma relação com ele. Ele descobriu logo após a fuga de Lolita, quase que em forma de autocrítica, que o que mais o incomodava não era a ausência dela ao seu lado, e sim a falta da sua voz no coral de sons que ele escutava de cima da uma montanha que estava enquanto olhava para a cidade lá embaixo. No fim de sua vida, ele parece ter reconhecido o pecado que foi roubar a vida de Lolita, que morreu em um parto pouco tempo depois de partir com o novo marido para o Alasca por conta do trabalho dele. Ele termina dizendo que escreveu o livro para tornar ele e Lolita imortais, quase como um tributo à pessoa que ele tanto amava.

Vemos aqui uma história muito complexa e boa. Creio que o desenvolvimento dos personagens poderia ser mais profundo, entretanto isso tornaria o livro ainda mais longo. A trama foi de altíssimo nível, trabalhando por exemplo o quão influente foi essa vida conturbada que Humbert deu à Lolita na personalidade dela; ela era uma criança extremamente diferente das outras, com ela mesma admitindo isso em alguns momentos. E também a trama foi excelente no final, desenvolvendo o conceito de arrependimento em um personagem mau como Humbert, o que trouxe mais complexidade para a obra. No fim, a história conseguiu criar personagens com nuances e camadas.

No geral, gostei do livro; é um clássico. Acho que poderia ser melhor e mais envolvente em alguns fatores, mas ainda assim é uma grande história que, por mais polêmica que seja, é muitíssimo interessante de se ler. Recomendo!

mari.rsp 30/01/2024

Que livro difícil de ler, cruel e indigesto.
uma sucessão de tragédias. quem pensa que esse livro é uma romantização ou apologia à ped0f1l14 está completamente enganado. vale a pena a leitura.

protejam suas crianças ?

Alina.Oliveira 28/01/2024

Lolita
Pra mim, foi uma grande surpresa. Muito mais do que um livro sobre pedofilia, foi mais um livro sobre tragédia.
Muito bem escrito.

clara santos 27/01/2024

Alô? É a polícia federal
Primeira obra de Nabokov que leio e me surpreendeu sua escrita, não foi tão rebuscada como eu achei que seria, ao contrário, consegui fluir a leitura, não sei se pelo tema polêmico kk mas foi isso. Lolita te leva a ver esse lado horrível do ser humano, a descrença na moralidade, e em como a vítima é a pessoa que provoca (minha percepção) foi intenso e difícil terminar este livro, acho que gatilhou real, mas valeu a experiência.

Cat 26/01/2024

Uma escrita genial
Eu diria que este foi um dos livros mais difíceis que já li, não pelo tema, mas pela escrita do autor, que é incrível, mas me levou um tempo para estabelecer um ritmo.

O fato de Humbert ser um narrador não confiável deixa tudo mais interessante, pois o leitor fica na dúvida de se muitas coisas realmente estão acontecendo ou se são apenas fruto do delírio e da paranoia de Humbert.

Ao longo do livro Humbert se diz a si mesmo e tenta convencer ao leitor, de que ele tinha os melhores interesses de Lolita em mente ?aquela paródia de incesto, que a longo prazo, era o melhor que eu podia oferecer àquela criança perdida?.

Pedro 25/01/2024

Singular, cruel e agoniante
Uma obra sem igual, com escrita singular e envolvente, por vezes se esquece do que se trata e do quão repulsivo é o que o protagonista faz. Com exceção de algumas partes repetitivas e arrastadas - há uma prosa poética porém ainda assim é cansativo, essa história é muito bem escrita. Mesmo sem descrever uma única cena de sexo sequer (de forma explícita), ele consegue nos enojar, chocar e revoltar.

Ali 23/01/2024

Louco nojento perturbador impecável
Não sei se concordo ou discordo da minha nota, pq ao mesmo tempo que eu queira diminuir pra fazer jus à minha experiência pessoal, eu entendo que em termos de literatura essa obra é impecavelmente e primorosamente bem escrita. o fato é que as descrições minuciosas sempre são um grande problema pra mim, fica arrastado e muito difícil de levar, mas no caso de Lolita eu enxergo esse recurso como uma maneira de retratar o funcionamento da mente doentia de Humbert Humbert. H. H. quer que acreditemos em uma história de amor, retratada através de uma pegada quase poética da linguagem, mas que serve apenas para mascarar o fato de que essa não é uma história de amor, mas sim, uma história doentia de obsessão. o narrador não é confiável, quer que o leitor (que assume papel de júri) opte por defendê-lo, criando um cenário que de fato é digno de empatia, mas que não me fisgou. H. H. quer que acreditemos que Dolores era maliciosa, promíscua, quando na verdade era uma inocente vítima de 12 anos. como eu disse, a obra é magnífica literariamente falando, mas a história me fez sentir suja, conivente, enojada, impotente, e a escrita me fez até pensar em abandonar. finalizar esse livro é um alívio, 1 estrela. a existência dessa obra é de uma coragem inigualável, e de um talento indescritível, 5 estrelas.

mari 19/01/2024

Um dos livros mais tristes que já li
Lolita é definitivamente uma história muito difícil de se ler sem fazer pausas contínuas para respirar um pouco. Durante toda a história, que por um acaso é narrada apenas pelo lado do monstro do Humbert, solidarizamos com a pobre criança que Dolores é e vemos o quanto é triste o quanto o livro retrata a realidade de muitas crianças.
essa é uma história que não deve ser romantizada, hora nenhuma aquilo foi amor, mas sim o mais cruel dos abusos contra uma criança que não tinha para onde ir.