Resenhas - Lolita

Jamile.Almeida 10/11/2020

Um livro que acabei entre nauseas e aplausos
Como foi sofrível e maravilhoso ler Lolita.

Um livro sobre um tema pesado, cheio de gatilhos, mas não se enganem com o que possam ter te falado: o assunto não foi romantizado (apesar de Nabokov saber usar como ninguém a prosa floreada, que as vezes até te engana sobre o quão grave é a situação).

Essa não é uma história de amor, essa é uma historia de obsessão - obsessão visceral com todos os ?ismos? dos extremos. Estamos falando de um homem (Humbert) que não guarda apenas assuntos sexuais mal resolvidos de sua infância, mas que tem graves problemas mentais e o autor deixa isso bem claro.

Não estamos falando de uma menina que sabe suas armas de sedução e as usa para prender o narrador/criminoso em sua teia. Estamos falando de uma criança, cujo relacionamento com o pai desconhecemos, péssima relação com sua mãe, sozinha no mundo aos nove anos, hipersexualizada (mas isso esta longe de saber o que é prazer sexual), que sabe o que é errado, mas não tem noção das consequências de seus atos.. apenas que, com eles, consegue atenção, proteção, doces e revistinhas.

Não se deixe enganar pela Humbert, ele não é um coitadinho que não resistiu aos encantos de uma criança de um metro e quarenta. Ele é um homem com sérios problemas psiquiátricos, que sabe a arte das letras e da escrita e que narra sua história sobre o SEU ponto de vista... de um homem cuja razão, bom senso ou sanidade, passaram longe da sua cabeça.

Esse também não é um livro pornográfico, as descrições da interação dos dois estão longe do erotismo, beiram a discrição em palavras e, quando não, trazem desconforto pela suposição. A ideia do Nabokov não é trazer a sensação de prazer, mas de mal estar, pois estamos falando de uma relação não natural, aceitável, ou perdoável.

Mas afinal, por que, depois de falar tudo isso, achei a leitura boa?

Só vivendo a experiência para entender o que é brilhantismo em forma de escrita. Nabokov traz movimento dentro de sua prosa, as palavras dançam, rodopiam, te tocam e fazem palpitar seu coração de tão perfeita que é sua escrita. Um domínio sem igual da prosa floreada... e pensar que sua língua natal é russa e ele fez isso em outro idioma que não o seu, em inglês ... se isso não é ser o gênio das letras, não sei mais o que é.

Heloisa.Vulcanis 07/02/2024

Entendo o porquê de muitos não gostarem
A história é única e exclusivamente narrada por Humbert, e em certos momentos em que se vitimizava e falava do seu ?amor? pela Dolores, senti uma dó momentânea, por esse motivo. Até perceber que se trata de um estuprador, pedófilo, narcisista, que corrompeu a infância de uma menina de doze anos. O que ele tinha por Dolly não era amor, e sim uma obsessão. Apesar do tema não ser nada leve, a forma com que o autor escreve e pensa nos mínimos detalhes me encantou, principalmente quando esclarece toda a história no posfácio.

Fabi 23/03/2022

Ninguém é inocente
Eu fiquei chocada e em algumas partes bem enjoada. Não foi uma leitura fácil, mas entendo a importância desta obra para a literatura mundial.

A narrativa é feita pelo personagem principal: um homem bonito, culto e de meia idade, mas pedófilo. Lolita tem 12 anos e é seu alvo em uma relação doentia e obsessiva.
Toda a história é desenvolvida tendo ele como contador. Não há outro ponto de vista.

A historia é bem desenvolvida, mas tive problemas quando o personagem/ narrador mergulhava em pensamentos mais profundos e confusos.

O final é e não é clichê.

Enfim, trata-se de um livro bem perturbador.

jungkpls 09/01/2023

Particularmente, é um clássico
Li por pura curiosidade, porém queria ter uma opinião concreta e não me basear em outras resenhas. Como escreve e penetra na mente esse Nabokov

Larão 03/01/2023

simplesmente meu livro preferido
Nota-se no livro apenas a visão do Humbert. Enquanto eu lia, imaginava as atrocidades que podem ter acontecido que não foram listadas no livro.
Não é um livro fácil, e eu não recomendo pra todo mundo, não são todas as pessoas que querem se deparar com absurdos e todo aquele foco nos mínimos detalhes dos acontecimentos.
Cada vez que eu voltava a ler, eu tinha uma visão totalmente diferente do conteúdo. A forma que eu li há 4 anos atrás é totalmente diferente do jeito que eu enxergo, hoje, cada detalhe. A psiquê doentia do Humbert e a inocência e dependência da Dolores me fez refletir muito durante todos esses anos.
Vale ressaltar a minha revolta pela adaptação hollywoodiana da obra e da recepção do público, que acabou romantizando e sexualizando tudo isso e fez com que perdesse a principal essência da narrativa.

Thamiris.Treigher 14/07/2021

Lolita...
Lolita, na minha opinião, NUNCA será uma história de amor. É uma assombrosa história doentia e de ruína, que narra a relação obsessiva de Humbert Humbert com Lolita, uma criança de apenas 12 anos.

Acho que não tem muito como eu contar detalhes sem dar spoilers!

O livro é muito bem escrito e tudo muito bem aprofundado, e isso fez com que eu sentisse vontade de continuar lendo, pois a história e o tema são muito pesados e revoltantes. A aversão que a gente cria por Humbert e insuportável!

Porém, é um livro muito bom! Li por indicação da @acarollgomes e da @carolinetreigher e super recomendo também! Mas prepare seu estômago!

caspaeletrica 16/02/2023

8/10: cumprindo meu papel como fã da lana del rey
Eu me sinto um pouco culpado por ter realmente gostado desse livro em meio à tanta polêmica, entretanto, a escrita é IM-PE-CÁ-VEL. A trama é super bem feita e Vladmir não falha na intenção e em deixar o escritor extremamente desconfortável.

Embora um tabu servido em um prato cheio, eu não poderia negar que é um livro primordial. Parte de ser uma leitura imprescindível se deve ao fato de que a cultura e os diretores misógino-estruturais transformaram os filmes baseados em Lolita em histórias totalmente diferente que se perpetuaram na cultura. O livro é totalmente diferente do que as vias midiáticas massificaram durante anos e a leitura seria bacana pra desarticular essa ideia, embora singular, importante.


"Como caso clínico, Lolita por certo será cisto como um clássico nos meios psiquiátricos. Como obra de arte, transcende seu aspecto expiatório. Todavia, mais importante do que sua relevância científica é o impacto ético que o livro deve exercer sobre o leitor sério [....] Lolita deveria fazer com que todos nós ? pais, educadores, assistentes sociais ? nos empenhássemos com diligência e visão ainda maiores na tarefa de criar uma geração melhor num mundo mais seguro."
? John Ray Jr, Filósofo, 1995

Loba Literária 30/03/2022

Que livro! Achei que não ia gostar da escrita, mas me diverti muito. É perturbador, pesado, mas com uma técnica invejável. Tomara que eu acabe estudando esse na universidade.

luiznasc 29/04/2023

Repugnante de escrita admirável
Na leitura desse livro, o inevitável asco pela obsessão doentia do pedófilo é atenuada pela escrita magistral do autor, que quase torna poético um tema problemático, tão ignorado e pouco abordado (ou mesmo denunciado) na nossa hipócrita sociedade. A leitura fez-me pensar com indignação que nesse mundo existe muitos pervertidos por aí dissimulando, disfarçados de bons cidadãos e senhores respeitáveis, e por isso tantas crianças são abusadas ou aliciadas todos os dias. O livro é um clássico muito bem escrito que de certa forma expõe corajosamente um comportamento doentio mais comum do que percebemos. E me fez atinar para uma triste realidade desse nosso mundo miserável.

gabriela cardoso 06/03/2022

lolita
eu jurava que ia odiar esse livro mas a escrita impecável me fez amá-lo. o autor deixa claro que hh é um personagem completamente obcecado e doente, um pedófilo que abusa de dolores várias e várias vezes. quem romantizar essa história e/ou interpretar de outra forma não será nada além de mais um ignorante entre os leitores de lolita. é uma história repulsiva, tive que parar a leitura várias vezes pra dar uma respirada. esse não é um livro pra ser divertido ou agradável de ler, é pesado e horroroso. leia com a mente atenta a esses fatos e sua leitura talvez seja boa, mas nunca será confortável.

André Lucena 28/03/2021

Obra-prima de Vladimir Nabokov
Demorei muito para ingressar nesta leitura, porém, quando comecei fui tomado por ela e não consegui mais parar. O modo como o autor nos faz simpatizar com o personagem principal (que não, não é a Lolita e sim o Edgar Humbert Humbert) é magistral, pois, Nabokov nos mostra o ponto de vista do Humbert, seu modo distorcido de enxergar o mundo, o qual se dá todo o enredo da trama. Uma verdadeira obra-prima.

Ted 12/03/2021

Finalmente entendi porque amam ou odeiam esse livro
A história é na primeira pessoa, e o narrador não é confiável e não faz a gente se conectar, principalmente por expressar coisas doentias o tempo inteiro. A leitura no início foi bem arrastada , o personagem tem devaneios o livro INTEIRO, creio que foi proposital para mostrar a obsessão dele pela Lolita, mas teve momentos que imaginei se isso iria parar em algum ponto, mas não para.
Tentei ler esse livro muitos anos atrás e abandonei, e agora entendo, pois quase havia desistido de novo. O livro possui pouquíssimos diálogos, o que dificulta bastante a avançar. Entretanto a escrita do autor é muito boa e possui várias passagens em francês, sempre combinando bem com os contextos.
Sinceramente eu esperava mais, e vou ver o filme pra tentar melhorar minha percepção.
Creio que será bem difícil encontrar alguém que me sinta à vontade de indicar essa história

Mariana Fonseca 19/08/2011

Entre a loucura e o amor
Lolita, ainda hoje, é vista como uma obra moderna. Uma história que para os desavisados pode parecer imoral, mas que, ao serem lidas as primeiras páginas, tudo muda de figura. Humbert Humbert manipula o leitor (como Bentinho em Dom Casmurro) - quem nunca, em alguma passagem, torceu por H.H.? -, e fica dividido entre o amor e a malícia. Não somente um caso de um homem doente, mas um caso de amor insano. Uma garota que às vezes é inocente, mas às vezes é perversa. Como um homem acaba por destruir a infância de uma garota - ou talvez tirá-la de uma mãe egoísta e de uma realidade fadada à rebeldia...? Nabokov não retrata somente um caso amor peculiar, mas também faz um panorama nacional da época.

Em questões de estilo, Nabokov mais uma vez revela-se mestre em descrições e eufemismos, que passariam batido por leitores desatentos. É preciso tomar cuidado para não ser levado pelo relato omisso de H.H., que em partes exagera e em partes esconde, tudo com maestria. Nabokov também descreve com perfeição o ambiente estadunidense pelo qual Humbert viaja com Lolita - tanto que, em partes, a descrição torna-se enfadonha.

A trajetória do relato de Humbert desenvolve-se desde um primeiro momento em que este conta sua infância e conquistas triunfalmente até a segunda parte do romance, onde esta personalidade até mesmo arrogante passa a viver em um mundo de medo e dúvidas. A ameaça da fuga de Dolores a qualquer momento tortura H.H., que acaba por confiná-la e transformar seu sonho pré-adolescente de conquista em um pesadelo.

Entramos em um mundo em que não sabemos culpar - ao mesmo tempo em que não se pode condenar H.H. por amar insanamente, não podemos culpar Lolita (que menina de 12 anos nunca se atraiu por um homem mais velho e quis seduzi-lo?). Só podemos observar e verificar o saldo nulo de uma tragédia de dois opostos que se complementam perigosamente.


E não há de se julgar o teor erótico deste livro. Ame, chore e sofra por amor e há de se entender o desespero de Humbert ao recriar sua Anabel em Dolores Haze.





Recomendo.

readbyme 03/01/2023

me decepcionou
Desde muitos anos atrás eu tinha a curiosidade de ler Lolita e quando me deparei com esse livro comecei a ler no mesmo instante, mas não esperava que a história seria realmente ruim.
H.H. é um pedófilo sem dúvida, ele associa essa falha de caráter a um episódio de sua infância, mas não de uma maneira ruim, pois admirar ninfetas (meninas ainda com a mente e o corpo sendo formado) é que dá prazer para vida dele, em certos momentos a história me deixou enjoada, como pode existirem pessoas assim no mundo real? É triste ver como a vida da Lolita foi totalmente traumatizada e destruída por conta de seu abusador desde o momento em que ela o conheceu.
Outro ponto que me fez não gostar tanto da história foi a escrita. Quem narra é o Humbert, um homem de 40 anos que adora descrição e francês, tudo isso foi muito cansativo ainda mais com o enredo que é pesado em si. Fiquei decepcionada com a experiência, infelizmente.

giig 02/12/2021

Livro com a escrita boa e história perturbadora.
Pedofilia, violência, gatilhos emocionais entre outras coisas são o principal tema do livro. Apesar de ser uma história que foi muito romantizada antigamente hoje em dia é extremamente óbvio que não se trata de uma história de amor e sim de abuso de menor e exploração de uma criança emocionalmente problematica e carente. O protagonista tem noção que sente atração por uma CRIANÇA e sabe que oq faz é nojento mas utiliza da perda de sua namorada de infância para "justificar" os seus atos.