Mateus 12/06/2020
Aquele clássico que todo leitor deve conferir
Pouco tenho a dizer de inovador sobre “O Conde de Monte Cristo” que já não tenha sido exaustivamente comentado por milhares de leitores e críticos nos últimos 200 anos (ou quase isso). Mas para não deixar a leitura passar em branco, gostaria de destacar dois pontos que tornaram a obra uma das melhores que já li.
Primeiro, a escrita de Alexandre Dumas é maravilhosa. Na infância, tive a oportunidade de ler a versão resumida de “O Conde de Monte Cristo”, mas se tivesse em mãos a história integral, não teria nenhuma dificuldade em acompanhá-la. A escrita de Dumas é extremamente envolvente, empática e democrática — e uso democrática aqui no sentido de que é quase certo que agrade a 90% dos leitores. Não é difícil ou cansativa como outros clássicos da literatura, mas é complexa e longa o suficiente para torná-la um desafio.
Segundo, a história de “O Conde de Monte Cristo” é fascinante. O jovem herói preso injustamente, que encontra um tesouro e volta a encontrar seus algozes para desferir sua vingança, inspirou e sem dúvida continuará inspirando milhares de outras histórias. Basicamente, é a narrativa perfeita — cada personagem e cada acontecimento tem seu lugar, peso e importância, sendo concluídos com excelência ao final, sem nenhuma ponta solta.
Eu só tenho ressalvas quanto aos disfarces de Monte Cristo, que constantemente se transforma em outros personagens e não é reconhecido por ninguém, o que não é algo nem um pouco crível. Além disso, o herói enfrenta pouca ou nenhuma adversidade em sua vingança, algo difícil de imaginar em qualquer história. No entanto, isso não é nada relevante frente à grandiosidade do livro. Não dá para negar: “O Conde de Monte Cristo” é uma das histórias mais belas e envolventes já escritas.
Por fim, destaco a versão que tenho em mãos, da editora Civilização Brasileira, lançada em 1936. Herdei o livro de minha avó, há muito falecida, e como a versão tem mais de 80 anos, já podem imaginar seu estado: páginas amareladas, soltando e rasgando ao menor toque brusco. Assim, a leitura precisou ser feita com calma, passando as páginas lentamente, exigindo todo o cuido e carinho que ela merece. Dificilmente esta edição conseguiria vencer as belíssimas versões atuais, mas não há alegria maior para mim do que ter um livro quase secular em mãos (que não pode nem mesmo ser cadastrada no Skoob, uma vez que não possui ISBN).