spoiler visualizarNathalia184 09/01/2021
Justum et tenacem propositi virum
O que falar a respeito de um romance clássico que foi readaptado inúmeras vezes? Temos novelas e minisséries baseados nele. É uma obra que você em algum momento, deve ter ouvido algo a respeito: homem inocente é traído e após passar anos na cadeia, planeja sua vingança contra os perpetuadores de seu sofrimento.
O Conde de Monte Cristo, romance clássico de Alexandre Dumas, é uma obra prima recheada de reviravoltas e carregado em drama. É uma obra a respeito de vingança, perseverança e redenção.
Como palco de fundo inicial em Marselha de 1815, seguimos a história de Edmond Dantés, armador do navio Faraó, que por meio de uma tragédia em mar, assumiu o comando do navio até que chegassem em seu destino - Marselha.
Dantés era um jovem ingênuo, humilde. Com uma bela noiva, respeitado por seus colegas e alguém a quem era fácil de se afeiçoar devido à sua natureza quase dócil. Amava seu pai, já idoso, e sua bela noiva catalã, Mercedes.
Sem suspeitar ser vítima da inveja de homens mesquinho, Dantés foi traído na noite do seu noivado, quando Danglars, escrevera uma carta acusando-o de ser um bonapartista (o que na época, era um crime grave); Fernand enviou a denúncia até o procurador do rei em Marselha, e o então substituto do procurador (Villefort) agindo por interesses pessoais, resolve condenar Dantés à cadeia, sem nenhuma chance de sequer descobrir o crime que cometeu para tamanho castigo.
Assim temos início ao desespero do jovem Edmond Dantés, que alheio àqueles que o fizeram mal, fica entre o desespero e a esperança, ora desejando estar morto para não mais partilhar de tamanho sofrimento, ora desejando com todas as forças que Deus concenda-lhe a liberdade novamente.
"Este é um dos orgulhos de nosa pobre humanidade: cada homem se acha mais infeliz do que os outros infelizes que choram e gemem a seu lado."
Depois de anos em calabouço da prisão em que fora jogando, Dantés começa a fazer um ato final de seu desespero: permitir-se morrer.
Enquanto segue firme em tal plano é que entra na vida dele o Abade Faria, homem tido como louco.
Uma forte amizade surge entre ambos e Dantés, que até então desconhecia o crime que cometera, então percebe do que é feito o coração do homem e jura vingança enquanto ao lado do abade, adquire conhecimento e planeja sua fuga, junto com o plano de encontrar o tesouro perdido que o abade diz possuir.
"E agora, adeus bondade, humanidade, gratidão... Adeus a todos os sentimentos que alargam o coração!... Substituí a Providência para recompensar os bons... Que o Deus vingador ceda-me o seu lugar para punir os maus!"
O Edmond Dantés que era bom, confiante e destruído, torna-se então o conde de Monte-Cristo, vingativo, dissimulado, cruel e impassível. Monte-Cristo conseguiu juntar sua riqueza e munido de seus sentimentos de vingança ele começa a escalada na alta sociedade de Paris, plantando informações ocasionais que eventualmente irão gerar a queda de seus maiores inimigos - que após condenarem Dantés, tornaram-se homens poderosos e ricos, gozando de uma boa vida e família.
"Os corações mais corrompidos só podem acreditar no mal quando o veem motivado por alguém interesse: o mal inútil e sem motivo é visto como repugnante anomalia."
É difícil expressar em palavras e falar a respeito da obra sem revelar grande parte de sua genialidade.
O desenvolvimento da trama é demorada e tem uma forma detalhada de ser contada e para te introduzir em acontecimentos passados - você se familiariza com a trama principal e a sub-trama de personagens secundários, que de alguma forma ou de outra, está envolvido com os personagens que são alvos da vingança de monte-Cristo.
Então a cada revelação, a cada nova reviravolta, a cada resolução e conclusão de algum arco, você é jogado novamente no meio de outro desenrolar e se vê totalmente encantada com tudo.
Apesar de ser uma história que foi contada inúmeras vezes ao longo dos anos, definitivamente vale a pena conhecer a obra original e se tornar um cúmplice dos acontecimentos aqui narrados.
É um livro, que apesar de ter algumas ressalvas por conta da época em que foi escrito (e que nada atrapalham a grandiosidade da obra), é um livro que carregarei comigo como um favorito da vida. Valeu a pena cada página lida.
"Não existe felicidade nem infelicidade neste mundo, o que existe é comparação entre esses dois estados, nada mais. Só aquele que passou pelo extremo infortúnio pode sentir a extrema felicidade. É preciso ter querido morrer, para saber como é bom viver."