Igor B 16/02/2022
Considerações sobre a Guerra Mundial Z
Antes de iniciar a leitura/releitura, ao leitor é necessário estabelecer o famigerado pacto com o autor, tendo como VERDADE as seguintes prerrogativas:
1) A pandemia zumbi/O Grande Pânico foi um evento histórico real, ocorrido em inícios do século XXI (a partir de 2006, provavelmente), primeiramente na Ásia, se espalhando em pouco tempo ao resto do mundo através de redes criminosas, como o tráfico humano, a imigração em massa, as mentiras coletivas, etc.;
2) As circunstâncias da pandemia zumbi e a eventual corrosão do tecido social provocada por ela mudaram boa parte da estrutura governamental de vários países - ao menos aqueles que, por meio de uma estratégia um tanto quanto imoral envolvendo o sacrifício de civis e militares, conseguiram se sobressair ao fim de uma década de guerra e cerco;
3) O mundo atual (isto é, no tempo da narrativa) está em processo de reconstrução, a população lentamente recuperando a esperança, após a perda de milhares e possivelmente bilhões de pessoas no planeta;
4) Os danos humanos e ambientais provocados pela Guerra Mundial Z, se não irreversíveis, ao menos afetarão a geração humana durante todo o restante do século, crendo que uma segunda pandemia zumbi será hipoteticamente evitada, uma vez que ela representaria o fim definitivo do que quer que reste de governança no mundo.
Consideradas tais verdades históricas, que realmente ocorreram no mundo em meados do século XXI (assim precisamos aceitar), o leitor terá relatos verossímeis sobre como os governos de vários partes do mundo lidaram com a infestação, da proteção dos civis a seu sacrifício involuntário, das estratégias governamentais coletivistas para a manutenção das comunidades restantes à inversão de papeis políticos e sociais no panorama geopolítico (detalhe para o relato que fala sobre como Cuba lidou com a guerra mundial Z).
Não é segredo que Guerra Mundial Z é uma ficção geopolítica e não uma obra de horror/suspense, em contraste gritante com o equivalente cinematográfico, apesar de estes elementos estarem presentes em quantidades menores. Portanto, não espere calafrios na leitura, caso você venha de Stephen King ou afins. Assim, também não surpreende que os piores capítulos, em minha visão, foram aqueles voltados unicamente a relatos individuais com pouca conexão à forma como a situação dos zumbis foi enfrentada em nível nacional e global; felizmente capítulos assim são raros, e a maioria dá ao leitor a devida relação entre o local e o nacional, fazendo o diferencial da obra.
Destaques especiais para os relatos que falam sobre Israel, Cuba, Sacro Império Russo (um novo Estado que substituiu a Rússia), Coréia do Norte, Japão e Inglaterra.