spoiler visualizarNathalia 24/02/2020
Não gostei do mocinho
Não gostei do mocinho
Eu poderia dar 1 estrela para esse livro, mas não posso tirar o crédito da escrita da autora, dos belos cenários, das ideias (mesmo que trágicas).Nessa resenha, eu não vou poupar os spoilers, porque quero deixar bem claro o motivo da minha angustia, ao finalizar a leitura.
Talvez, eu seja um pouco rancorosa, mas a minha raiva pelo enredo é por causa do mocinho. No começo da leitura, tudo ia bem, ele era um amor, mas passou a agir como um ciumento obcecado, o que tornou a paixão antes doce em amarga, transformou um relacionamento fofo, meigo e lindo em abusivo, até que a obsessão é tanta que ele passa a acreditar que a mocinha está o traindo. Daí, ele abandona ela nas garras (ou nos caninos) dos lobos da sociedade londrina, ele que dizia ama-la, que se intitulava de cavalheiro e de duque.
Mas o que aconteceu para que o duque considerasse que ela estivera o traindo? Essa cena é engraçada e bizarra ao mesmo tempo e só de lembrar, tenho vontade de rir (apesar de não ter gostado do mocinho, essas situações engraçadas e loucas do livro, fazem com que eu goste da obra, por isso quis fazer essa resenha, para ver se consigo explicar todo esse meu sentimento com palavras): a mocinha decide tomar um banho no rio, o cachorro dela vai junto e joga o vestido da protagonista na correnteza. De roupas intimas, com a sua futura sogra, a mãe do duque, e outros parentes e amigos nobres na casa, incluindo o seu esposo, ela se vê perdidamente “lascada”. Era uma das comemorações de seu recente noivado, e dá para imaginar a enrascada em que a coitada se enfiou. Aí o amigo de infância aparece, e acontece aquele clichê que o mocinho acha que a mocinha está o traindo com o amigo de infância, e blablabla.
Certo, aí ele tem uma discussão com a Kathelyn – a nossa protagonista e sua noiva – e eles se resolvem, o que me surpreendeu, só que aí eu vi que estava bem no começo do livro, então eu compreendi que eles não se acertariam de uma forma tão simples, infelizmente. Depois disso, a prima invejosa louca entrega uma carta ao duque, que dava a entender que a mocinha o traia. Ai é só loucura, mesmo que seja uma loucura plausível para os padrões da época.
O pai de Kath expulsa a filha de casa (um fato triste, mas comum), ela se vê pobre na rua, sem saída, por isso busca a ajuda de um primo (mas que família ruim a dela) que a estupra, ele queria que ela se tornasse sua amante, mas ela obviamente desiste da ideia.
Então, ele dá dinheiro para ela – depois de violenta-la - e a garota vai fazer a sua vida no exterior, tentando se recuperar de todos os traumas e tentando se esquecer de tudo o que passou. O problema é que o mocinho – se é que podemos chamar ele assim – resolve reaparecer, tratando a Kath como se fosse uma meretriz. Ele ilude a mocinha – na verdade eu acho que ele ama ela, mas é aquilo, ele é obcecado e isso destrói o amor – a coitada acha que eles vão se casar, que tudo irá se resolver, eles tem relações sexuais, ela se apaixona novamente e BUM (uma bomba explode), a mocinha descobre que ele está noivo, e que ele só quer ela como amante, e é nessa parte que eu fiquei de saco cheio desse sem-vergonha. Então você leitor pode pensar: ele deve desfazer o noivado, só que ele tirou a virgindade da outra pobre dama iludida que é a nova noiva dele.
Ele que dizia que seria um esposo fiel, que se dizia cavalheiro fala que a nova noiva dele NÃO É NADA PARA ELE!!!! Ele queria continuar com o caso mesmo com tudo o que aconteceu, porque agora Kath é uma pária na soecidade, como ele – um duque imaculado – poderia se casar com uma pária? Ele não faz sacrifícios em nome do amor, e só pensa nele mesmo e no desejo que ele sente pela mocinhaa.
Rídiculo, daí depois a autora fala que ele se transforma e tal, nesse período Kath já tinha até ido morar em outro país, até já tinha um filho bastardo do duque – sem ele saber – porque ela fugiu grávida. Eu também fugiria desse maluco. Assim, vocês percebem a razão da minha raiva, eu não consegui engolir que o duque se transformou, talvez eu tenha lido rápido demais, e tanta coisa aconteceu que eu não consegui digerir o meu rancor, nesse curto intervalo de tempo. A questão é que ele destruiu a família dela, em meio a tantas tragédias, até a MÃE da protagonista morreeeeu, o pai ficou doente (super doente), a irmã mais nova virou uma pária por ser vítima do escândalo, e o pai ainda teve que pagar uma dívida enorme para o desgraçado do duque, porque o contrato de casamento foi anulado, o que deixou a família endividada e despedaçada.
Ele destruiu a família dela. Eu não perdoo o que o pai da Kath fez, porque ele expulsou ela de casa e foi bem chato, mas poxa o duque conseguiu acabar com tudo o que ela tinha, e depois voltou para destruir a vida nova que ela tinha construído.
Sei lá, eu gostaria mais se ela tivesse percebido que não precisava desse cara na vida dela. Realmente, tem que amar muito para ignorar todo o passado e viver essa nova etapa, sem temer que o cara se torne novamente abusivo. Agora, voltando a história para o nosso tempo, nós vemos tantas tragédias de mulheres que voltam a se relacionar com “homens” assim, e que depois são agredidas fisicamente e verbalmente em suas próprias casas...Talvez algumas mulheres vejam esse livro e acreditem que todos os homens podem mudar, mas não é bem assim, não acreditem que um cara que destruiu a sua vida, pode se transformar em um príncipe. Estejam com um pé atrás SIM nessas relações, e tomem cuidado porque ainda existem cafajestes como esse duque no nosso tempo.