Naiana 29/01/2022
Uma verdadeira obra prima
José de Alencar sempre foi um dos meus autores favoritos nacionais, gosto muito da forma como ele escreve e descreve os cenários e personagens, a natureza de cada um e os que motiva, parte dessa paixão também tem relação com a fase literária em que ele está inserido, adoro o Romantismo Nacional, é o meu preferido de longe e nele José de Alencar foi mestre.
Não tive muita sorte com Iracema, mas crio que isso se deu pela forma e fase em que li o livro, na escola, para fazer uma avaliação, pretendo dar outra chance a ela, mas O Guarani me cativou imediatamente, achei a leitura fácil e fluida, mesmo precisando ir as vezes ao dicionário, isso não atrasou nem dificultou, até por muitas palavras, mesmo desconhecidas serem fáceis de entender no contexto da obra.
A descrição do cenário de um Brasil nativo, pouco explorado, com mínimas descrições da fauna e flora locais, assim como dos povos que aqui habitavam, índios, fidalgos portugueses, aventureiros das mais variadas nações e índoles enriquece de tal forma a construção narrativa que o torna único e precioso.
Peri é de longe meu personagem preferido, sua inteligência e percepção são incomparáveis, tornando os portugueses até burros próximos a ele. Apesar de submisso e cativo a Ceci, Peri é livre e fala isso a todo tempo, livre para escolher o que fazer e como fazer, livre para pensar, agir e raciocinar, conhece a natureza e é um só com ela, assim como a natureza humana, do índio ao branco ele sabe discernir como cada um pensa e age.
O amor de Isabel e Álvaro também me comoveu bastante, a forma sútil como ele foi se desenvolvendo e envolvendo os dois, e claro que um bom romance não podia fugir a tragédia em algum momento. Dom Antônio de Mariz muito nobre e cavalheiresco, é outro personagem muito estimado e justo, talvez não totalmente justo com Peri ao exigir que este se converta à sua religião, mas é possível se descontar isso pelos excessos de zelo de pai diante o perigo.
Não tenho críticas a essa obra, só elogios, a narrativa toda bem amarrada e um final dúbio, na minha opinião, deixando ao leitor a interpretação que melhor lhe convém para o destino de Peri e Ceci ao final.
Ame este livro e se tornou um dos livros da vida, agora quero mais que nunca conhecer toda a obra de Alencar, assim como sua vida. Essa edição da Ática aguçou essa vontade ao descrever a vida e obra do autor e nela me mostrar o tanto de treta que Alencar tivera com Dom Pedro II, tretas estas que nunca tinha ouvido falar...