Talita.Lobo 07/07/2023
Conexão
Para mim, o livro tenta esclarecer uma parte da cultura africana de valorização da conexão. Uma diferença crucial quando comparamos com culturas de base europeia e/ou modernas.
No início de livro já é exposto que na vida tribal - porque a vida individual não é vista com tanta força/importância (o ser individual é uma das partes que compõe o todo) - é necessário diminuir o ritmo e comungar com a terra e a natureza.
Penso que esse é o primeiro convite para a reflexão sobre o que é conexão. Ser paciente, olhar em volta, se sentir englobado??.. o primeiro passo para a conexão envolve a paciência, o eximir-se da pressa, dar tempo a descoberta do outro, a investigação silenciosa e demorada. Portanto, se conectar é estar presente ao que o exterior te conta: ao que a natureza te ensina constantemente, ao que as pessoas que lhe cercam tem a dizer e comunicar, ao que aqueles que já se foram deixaram como experiência e ensinamentos. A intimidade é se abrir ao outro para que o outro venha de encontro.
De uma forma muito bela a autora exalta a conexão ancestral, como ela participa e é importante de ser cultuada, e explora a ideia de como os indivíduos podem/devem se abrir a conexões por meio de rituais. Os rituais seriam uma forma de se ?preparar? a intimidade, se colocar disponível à conexão a medida em que preparamos o encontro, seus detalhes, seus sentidos.
O fato é que, no livro, a autora enfatiza que a força do indivíduo se encontra na comunidade, pois é está que pode lhe ouvir, lhe receber e ajudar a evoluir
?Além disso, a falta de comunidade deixa muitas pessoas com maravilhosas contribuições a fazer sem ter onde desaguar seus dons, sem saber onde pô-los. Quando não descarregamos nossos dons, vivenciamos um bloqueio interior que nos afeta espiritual, mental e fisicamente?
Também é ressaltada, dentro da ideia de conexão/paciência/escuta/ritual, a importância da oralidade. Ora, se conectar é deixar que o outro saiba dos seus sentimentos, é se expressar de forma a se abrir de maneira genuína e verdadeira.
(Acho importante salientar que na minha cabeça de ?resenhista? falar sobre ?o outro? é a maneira mais simples e direta de falar sobre tudo que está a volta do indivíduo: seja ?o outro? um indivíduo, a natureza, o espírito).
?A intimidade, atração natural entre dois seres humanos, é algo movido pelo espírito [?]
O espírito une as pessoas para dar-lhes a oportunidade de crescerem juntas. Esse crescimento é diretamente conectado com as dádivas que as duas pessoas poderão dar à aldeia. É por isso que, quando um casal está em apuros, toda a aldeia está em apuros.?