Alessandro 12/12/2013
Uma grande sequência!
Orador dos Mortos (Speaker for the Dead) é um romance de ficção científica escrito por Orson Scott Card, publicado em 1986, e sequência do livro O Jogo do Exterminador (Ender’s Game). Assim como O Jogo do Exterminador, este livro também ganhou tanto os prêmios Nebula de 1986 como o Hugo de 1987, o que só por isso já valeria a pena a leitura.
Introdução ao roteiro
No encerramento de O Jogo do Exterminador, após Ender destruir mundo natal dos Insecta, uma espécie alienígena avançada que entrou em conflito com a humanidade, ele descobre que na verdade os Insecta não pretendiam ter atacado os seres humanos, eles apenas não compreendiam nossa espécie e depois se arrependeram do ataque inicial. Ender arrepende-se do que fez, e revela estar transportando uma carga preciosas: a última Rainha da Colmeia. Ele pretende encontrar um novo mundo para salvar o que restou da espécie, e suas viagens o levam até Lusitânia, uma colônia de brasileiros estabelecida em um planeta que descobre-se possuir a única espécie inteligente além dos Insecta, chamada de pequeninos ou (porquinhos).
Orson Scott Card viveu alguns anos no interior do Brasil, algum tempo na cidade de Araçatuba, onde também vivi. Nesse livro ele faz uso do seu conhecimento do Brasil e da nossa língua, tanto nos nomes, apelidos como cultura e religião dos colonos.
Agora Ender não é mais o menino prodígio e gênio militar. Ele arrependeu-se de ter causado o Xenocídio dos Insecta e tornou-se uma espécie de missionário, conhecido como Orador dos Mortos, inicialmente com o objetivo de redimir os Insecta e contar a verdadeira estória deles. Ele segue viajando entre as 100 colônias (que surgiram quando a humanidade começou a colonizar os planetas que antes eram colônias Insecta), dessa vez Orando pelos mortos humanos, sendo convocado quando alguém precisa descobrir a verdade sobre alguém falecido.
O autor é muito coerente na tecnologia de viagens espaciais, e explora bem os efeitos relativísticos de viagens com velocidade próximas a da luz. Como Ender não ficou nunca mais de 6 meses em cada planeta em sua peregrinação, ele agora tem quase três mil anos de idade, mas envelheceu apenas até os 35 anos.
Lusitânia tem uma ecologia muito peculiar, com pouquíssimas espécies, e o mistério tem algo a ver com uma estranha doença chamada Descolada.
As espécies sobreviventes desenvolveram ciclos de vida radicais, com metamorfoses drásticas: espécies parecidas com cabras, mas que em uma fase da vida são parecidas com gramíneas; uma espécie de pássaro que em outra fase é uma videira; e os porquinhos que no final da vida transformam-se em árvores.
Um assassinato de um xenobiólogo pelos porquinhos acaba levando Ender até Lusitânia, onde ele acredita ter uma chance de encontrar um lugar propício para libertar a última Rainha da Colmeia, e ao mesmo tempo ajudar os colonos a resolver o mistério e aprenderem a conviver com a espécie dos porquinhos.
Considerações sobre o livro
Neste livro Orson Scott Card foi muito menos dinâmico. No primeiro livro o foco era o treinamento intenso e cruel das crianças que eram transformadas em máquinas de guerra, e no combate contra os Insecta.
Já em Orador dos Mortos, ele focou muito na estranha biologia de Lusitânia, na religião dos colonos (catolicismo) e na tentativa de redenção de Ender.
Mas mesmo assim ele conseguiu escrever um livro muito interessante, e curioso para nós brasileiros, devido aos nomes e referências ao Brasil.
Sem dúvida leitura obrigatória para quem leu O Jogo do Exterminador!