ira_rafael 24/10/2020
Após os eventos caóticos e desesperadores de La Belle Sauvage, em A Comunidade Secreta acompanhamos a juventude de uma imatura, egocêntrica e intransigente Lyra. A garota parece até ser uma pessoa diferente da empática criança que conhecemos sete anos atrás, resultado das influências de um mundo acadêmico dominado pela literatura negacionista e pouco questionadora. Consequência disso é o atrito da jovem com seu daemon, Pantalaimon, que decide partir em sua própria jornada de autoconhecimento, na tentativa de resolução dos problemas com sua ?dona?.
Em uma realidade em que a Igreja está no poder, sentia falta de maiores detalhamentos sobre questões políticas nos volumes anteriores. Aqui, porém, o autor aborda esses jogos de poder de maneira satisfatória e assustadora. Talvez distopias atuais tenham sido a inspiração, pois é possível observar algumas semelhanças com O Conto da Aia.
O livro é mais lento que o anterior e, em um determinado momento, a narrativa se torna arrastada e nos faz questionar se alguns eventos realmente são necessários, pois acrescentam pouco ou nada para a estória. Além disso, a Guerra contra a Autoridade, ocorrida em A Luneta Âmbar, parece não ter tido consequência alguma, dando a impressão de que boa parte da trilogia anterior não foi importante.