O caçador de apóstolos

O caçador de apóstolos Leonel Caldela




Resenhas - O caçador de apóstolos


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Eduardo Spohr 11/09/2010

Caldela, o Cornwell brasileiro
Memorável esta obra de Leonel Caldela, a quem considero, honestamente, o "Cornwell brasileiro". Fiquei muito bem impressionado com a narrativa e com o curso da história. Recomendo a todos.
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Matheus 31/05/2020

"A guerra foi minha peça, o mundo foi meu palco."
Com o escritor no papel do protagonista, Leonel Caldela consegue mostrar a literatura como uma arte emocionante, convincente e traiçoeira. Até mesmo possuindo a capacidade de ditar e mudar a história como bem entender.

Apesar disso, achei um livro com um grande potencial, mas com uma execução não muito boa. O início a história não me prendeu, e comecei a me interessar mesmo no final da primeira parte. O universo que é criado e sua mitologia instigam mais do que a trama principal, o que eu acho um problema.

No geral é um Bom livro, com bons personagens e uma ótima mitologia, cativante, cheia de segredos. Mas, se o enredo principal fosse melhor, poderia ter alcançado o Ótimo.

Agora, rumo ao próximo!

Espero que o segundo - e último - volume seja mais cativante.
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Tibor Moricz 13/06/2011

Lido e comentado.
Leonel Caldela é autor dos livros O Inimigo do Mundo, O Crânio e o Corvo e O Terceiro Deus, todos baseados no jogo de RPG Tormenta. Não li esses livros, o que me impede de fazer um paralelo entre eles e esse recente, analisando, dessa forma, a evolução (ou não) do autor.

O caçador de apóstolos foi publicado pela Jambô Editora.

Não posso negar que vinha nutrindo certa curiosidade em conhecer seu trabalho após ler resenhas elogiosas e também críticas a seus livros.

O caçador de apóstolos conseguiu me fisgar nas primeiras páginas, mantendo-me absorto na leitura até cerca de um quarto de seu volume. Impossível não reparar nas falhas técnicas de narração, mas o ritmo intenso me impedia de dar a eles a atenção devida.

A narrativa gira em torno de três personagens principais: Iago, Atreu e Jocasta. Baseia-se na criação de mitos, em lutas encarniçadas, em traições, reviravoltas e surpresas, na figura da igreja como inimigo (e amigo) permanente e na de Urag (Deus) como salvador. Não vou me estender aqui sob o risco de começar a revelar spoilers.

O caçador de apóstolos alterna momentos de ritmo alucinante com outros sonolentos. O livro poderia perder pelo menos cem páginas sem que a história fosse prejudicada. A redução em benefício da concisão e da objetividade. As 408 páginas acabam se revelando cansativas.

Às vezes o autor é muito econômico na narração, principalmente nos diálogos, tirando a possibilidade de explorar melhor as nuanças da ação e de aprofundar um pouquinho mais a personalidade dos interlocutores (que são, via de regra, superficiais). Também pontua a ação e os diálogos com frases curtas (ou meras palavras solitárias) que os seguem em parágrafos próprios.

Parecem recursos de texto teatral, rubricas que marcam situações. Soam muito estranhos num texto literário. Exemplo: “pausa”, “silêncio” e os bizarros: “madeira”, “pisquei”, “piscou”.

Os diálogos parecem ser o ponto fraco do autor, embora não sejam ruins nem propriamente insatisfatórios. Incomodou-me muito o fato dos personagens sempre estarem “dizendo” alguma coisa, mesmo quando estão fazendo perguntas. Vou explicar melhor com um trecho do livro:

— Pai, mãe, que saudade – disse a filha Jocasta.

— Precisa de alguma coisa, filha? – disse o pai.

— Deus dá tudo de que preciso.

— É uma santinha – disse a mãe, já lacrimejando.

— Deus lhe deu uma família que a ama muito.

— Rezamos por você todos os dias.

— Pensei que nem se vissem – disse Jocasta

— Sua mãe e seu pai querem o seu melhor – disse a mulher.

— E você quer o nosso melhor também, certo? – disse o homem.

— Soubemos que falou com a voz – disse o pai.

— Contei que meus pais me trouxeram para esta peregrinação sagrada – disse Jocasta.

— Que bom que sabe disso – disse o homem.

— Como é a voz? – disse a mulher.

E por aí vai, a fórmula sendo repetida inúmeras vezes ao longo da obra.

Há também formações estranhas e estruturas mal concebidas:

“Senti arrepios agonizando a partir das mãos, descendo a espinha e espremendo meu esfíncter”.

“Gordura veterana”.

“pedregulhos insolentes”.

E algumas pérolas como: “Por onde eu olhava, havia algo a ser visto”.

Claro que o autor poderá sempre recorrer-se do argumento de que quem erra não é ele e sim o narrador (Iago), que se trata de escritor com qualidades técnicas duvidosas, embora de criatividade esplendida.

Há também pontas soltas e cenários e situações mal exploradas (e que deixam o leitor “boiando”) que, se espera, sejam resolvidas no livro que seguirá a esse em 2011, intitulado Deus máquina.

Mas não são essas constatações que tiram o brilho do livro. Leonel Caldela ainda não está em condição de ser apontado (como o foi em resenha recente) como o apóstolo número 1 da alta fantasia brasileira (talvez o seja, então, por falta de concorrentes), mas caminha com passos seguros para se tornar uma das principais referências no gênero. O caçador de apóstolos dosa ação e humor, introspecção e explosão. Escrito para ser uma autêntica obra de entretenimento, consegue atingir o seu objetivo.
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anisios 24/05/2020

Absurdamente viciante.
De TODOS os livros que já li de Leonel Caldela, esse foi o mais intenso, bem escrito, viciante, elaborado, e direto. Texto e roteiro são absolutamente instigantes. Vários personagens interessantes e uma narrativa original intercalada entre Atreu e Iago.
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Jef 12/09/2017

O caçador de apóstolos e riqueza espantosa de como se fazer uma boa história
Leonel Caldela escreve muito bem. Os personagens são muito bem escritos e descritos. O enredo é bem feito, amarrado, sem pontas soltas soltas ( perceptíveis), muitas reviravoltas. Com temas polêmicos sobre religião, Deus, fé, ateísmo, idealismo em uma plot envolvente e marcante. "O Caçador de apóstolos", cuja continuação é "Deus máquina", me conquistou por tudo isso e muito mais. Um dos meus livros favoritos. E há ignorantes que acreditam que literatura nacional é só a clássica, quem não há bons autores novos; claro que há, abram seus olhos que TEM MUITA LEITURA BOA ESPERANDO PARA SEREM LIDAS!
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Leonardo Felix 21/10/2022

Perfeito
Um livro perfeito. Narrativa implacável, personagens muito bem construídos, um mundo sufocante e brutal, prende a atenção e cativa como se fosse mágica.

A genialidade de Leonel é confirmada de forma máxima nesse livro.
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danilo_barbosa 11/11/2010

Como alguém escreve com tanta propriedade e qualidade?!
Este livro foi uma grata surpresa para mim em todos os sentidos. A literatura nacional não me decepciona mesmo!
Um enredo rico em personagens e tramas que se desenrola num ritmo alucinante... Nada menos que isso para definir em poucas palavras O Caçador de Apóstolos.
Em um universo paralelo ao nosso, mas com muitas coisas parecidas, encontramos um país em plena guerra, devido a duas profecias que foram pronunciadas pela Igreja de Urag (Deus). Comprovando o poder da escrita, estes dois pequenos textos colocam o povo e o clero em lados opostos de uma batalha sem precedentes.
Nesse jogo de traições, verdades e batalhas estão em jogo a vida de vários personagens: a própria Voz de Urag, a "representante oficial do Divino na Terra", que na verdade nada mais é que uma jovem isolada dos olhos e pensamentos mortais. Controlada pelos seus apóstolos, ela está na Terra apenas para presenciar o que se encontra além do mundano e ouvir as ordens divinas, enquanto à sua volta, toda a Igreja exerce o seu poder com punhos de ferro sobre os povos. Do outro lado, contra esta religião que quer ser dona de tudo e de todos, encontramos Atreu, um guerreiro atormentado por escolhas que pesam em sua alma e seu ambíguo companheiro Iago, um escritor de teatro que nos narra esta história cheia de reviravoltas.
Veja resenha completa no Literatura de Cabeça:
http://literaturadecabeca.blogspot.com/2010/09/chegou-por-aqui-o-cacador-de-apostolos.html
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Literatura 09/01/2012

Como alguém escreve com tanta propriedade e qualidade?!
Este livro foi uma grata surpresa para mim em todos os sentidos. A literatura nacional não me decepciona mesmo!
Um enredo rico em personagens e tramas que se desenrola num ritmo alucinante... Nada menos que isso para definir em poucas palavras O Caçador de Apóstolos.
Em um universo paralelo ao nosso, mas com muitas coisas parecidas, encontramos um país em plena guerra, devido a duas profecias que foram pronunciadas pela Igreja de Urag (Deus). Comprovando o poder da escrita, estes dois pequenos textos colocam o povo e o clero em lados opostos de uma batalha sem precedentes.

Leia mais no Literatura de Cabeça
http://www.literaturadecabeca.com.br/2010/09/chegou-por-aqui-o-cacador-de-apostolos.html
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Ace Barros 13/01/2012

O Caçador de Apóstolos
Título: O Caçador de Apóstolos
Autor: Leonel Caldela
Formato: 15,5 x 23 cm, 416 páginas, brochura
ISBN: 978858913447-7
Editora: Jambô

Sinopse:

Haverá dois soldados. Um de Deus e um do diabo.
Foi o que disse a segunda profecia. A primeira falou da corrupção da Voz de Urag, da época em que a líder da Igreja trairia seu povo e faria a guerra contra os cardeais. As profecias avisaram sobre a Voz de Urag, a Voz de Deus, tornada maligna, uma serva do inferno. O surgimento de dois heróis para derrubá-la. E a queda de um deles, revelado como o Soldado do Diabo.
Mas e se for tudo mentira?

O Caçador de Apóstolos apresenta um mundo fantástico, medieval e opressivo, imerso no turbilhão de uma guerra civil. A Igreja governa a terra, mas está sem liderança após a corrupção e morte da última Voz. Os rebeldes lutam numa batalha desesperada contra o domínio da teocracia, contra a própria religião. Uma nova messias se ergue, para levar seu pequeno povo à capital e ocupar seu lugar de direito, cumprindo a vontade de Deus. O fantasma de uma civilização há muito arruinada paira sobre tudo, com seus mistérios e os fragmentos de seu minério divino. Um perplexo escritor observa e narra, misturando verdade e ficção, revelando e escondendo seu próprio papel nos acontecimentos.
O Caçador de Apóstolos é uma história de guerra, religião, idealismo, tragédia e teatro. Um embate entre a fé e o cinismo, o pensamento e a obediência. Em que a verdade e a mentira podem vir da voz dos homens, da voz dos santos — ou da Voz de Deus.

Se você está acostumado a mergulhar nas belezas e glorias da fantasia mediável, preparesse para encara-la com o frio toque da realidade. O quarto livro do escritor brasileiro Leonel Caldela é uma estupenda historia carregada de tudo aquilo que te atrai para a literatura medieval, mas mantendo uma proximidade do real bastante forte. Como algo pode ser fantástico e real ao mesmo tempo Ace, é o que deve estar se perguntando agora. Através da linguagem e descrição eu vos respondo. A forma como é retratada a violência, os palavrões e cenas de sexo, saem do padrão conservador e transporta para o fantástico, a dureza da realidade. O que isso tem de bom? Torna a trama mas consistente, mas crível e mais próxima do leitor.
O narrador, um dramaturgo chamado Iago, um personagem ativo e essencial para o desenvolvimento da trama, conta a história de um ponto de vista teatral, deixando claro que durante suas descrições existem exageros e mentiras, afinal ele é um escritor. Ele não esconde as mazelas da sociedade em que vive por conta da opressão ideologia, religiosa e pelo fanatismo. Aí é que entra o outro ponto da coisa toda: Um levante rebelde contra a opressão da igreja, liderado por aquele que um dia foi um de seus peões, o cavaleiro do povo. Existe no livro uma gama de personagens fascinantes como Atreu, Jocasta, Ganimedes, Benedict, Oberon, Penélope, D’Agostini, Desdêmona,; e o próprio Iago, descrevendo suas trajetórias de vida que acabam sendo ligadas e manipuladas pelas mãos de cardeais.
Mas devo dizer que além da narração da história ser deveras interessante, a linha do tempo completamente irregular é um atrativo a mais. É realmente como se fossemos nós descobrindo fatos e contando em uma linha de raciocínio temporal. No final, fica bem claro que a linha do ceticismo está aberta e você pode interpretar da forma que quiser. Uma leitura recomenda, principalmente se você não se ofender muito com questionamentos a Deus. Vejo vocês na próxima semana se Urag quiser!

Para mais resenhas e leitura acompanhe:
http://coisasdemeninasarteiras.blogspot.com/
http://pergaminhoembranco.blogspot.com/
Ace Barros
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Maisa 01/07/2013

Ótima história
Estava com grandes expectativas de ler esse livro. Primeiro pela a nota altissima no skoob, segundo por conta de vários elogios de amigos e conhecidos e terceiro pela curiosidade por ser um autor brasileiro.

O livro logo de cara me cativou pela ideia que Leonel usou de como narrar a história. Ele criou o personagem Iago, escritor, que participou em grande parte das aventuras retratadas do livro e as narra para nós humildes e ansiosos leitores.

A mudança entre as várias tramas e as mudanças temporais que acontecem no livro e que foram muito bem feitas, acrescentado a uma escrita objetiva, tornou o livro muito dinâmico e extremamente gostoso de ler. A história por si só é muito legal, há constantemente o conflito entre a religião e o ceticismo das pessoas. A exaltação de personagens heróis, poderosos e guerreiros, foi outro ponto muito bom e muito marcante da narrativa. O único ponto que acho que poderia ser melhorado foi que em algumas passagens do livro, o autor foi simplório demais em sua descrição, se houvesse uma elaboração melhor do cenário, dos diálogos e das cenas poderia ter causado um impacto bem maior aos leitores. Mas está critica não tira de forma alguma a beleza da obra.

Recomendadíssimo para quem gosta de histórias fantásticas, guerreiros lendários e combates épicos !

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Paulo Weber 10/04/2014

Minha Resenha em video do O Caçador de Apóstolos
Falei num episodio de Quero Na Minha Estante sobre O Caçador de Apóstolos

site: https://www.youtube.com/watch?v=RwxlCgBhUlE
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Caio 16/07/2010

O Caçador de Apóstolos
O "Novo" Romance do Leonel Caldela, para mim, superou as expectativas. Como não é relacionado ao mundo da tormenta, ouvi muitas pessoas com receio, mas venho dizer que vale muito a pena.

A história gira em torno de alguns personagens principais, mas o protagonista é Atreu, considerado o Soldado do Diabo.

O mais interessante é que a história é contada por um outro personagem, o Yago, um escritor. A narrativa é genial, e o personagem que conta a história, afirma não saber de todos os fatos, e diz que inventa ou floreia algumas partes.

A história se passa em um mundo onde a igreja comanda. As pessoas são bem rurais, e muito cegas em relação a igreja. São fiéis por medo ou adoração, e a igreja faz de tudo para que isso continue assim. A igreja é comandada pelos bispos, que tem funções diferentes.

Deus, ou Urag, se comunica com a igreja através de uma mulher, que o representa na terra, A Voz de Urag.

Houveram diversas Vozes no mundo, mas a última voz de urag foi profetizada Serva do Diabo, e foi morta por dois cavaleiros sagrados, também profetizados, O Cavaleiro Imaculado e o Guerreiro do Povo. Após a concretização da primeira profecia, descobre-se outra, na qual um dos cavaleiros é na verdade o Soldado do Diabo.

Ao Longo da história, vemos personagens carismaticos, traições, loucuras, amor e muitas outras coisasque só se passam na mente humana. e o mais importante, vemos que nem tudo é o que parece.
há diversos mistérios, que vão se conectando ao longo do livro. e há tambpem um mistério que pouco se fala, do Mundo Antigo, antes da ascenção da igreja, do qual ninguém se lembra, e pouco resta.

É uma leitura muito boa, que recomendo a todos.

é algo que realmente me da orgulho nacional.
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Nando 10/12/2010

Minha Resenha no Sobre Livros:
Originalmente publicada em:

http://www.sobrelivros.com.br/resenha-o-cacador-de-apostolos-leonel-caldela/

“A vida era linda e cheia de complexidades, e a maior parte delas fazia alguém sangrar.”

Na resenha de hoje, apresentarei a vocês O Caçador de Apóstolos, obra do autor Leonel Caldela, que foi gentilmente cedida para resenha pela Jambô Editora. Antes de entrar nos méritos do enredo, quero dar os parabéns pelo excelente trabalho editorial. Apesar de a capa ser fosca, a arte é belíssima e traduz muito bem o livro em si.

Agora, sem mais delongas vamos a história:

Ambientado em uma época medieval, o livro relata a opressão de um povo por parte da Igreja governante, destacando bem as diferenças sociais existentes, e focando em grupos rebeldes que lutam contra essa tirania.

Nota-se durante toda a leitura, uma profunda critica ao fanatismo e um eterno questionamento se realmente há um Deus – no caso do livro denominado Urag – assistindo aquilo tudo e interferindo de alguma forma.

Guiando-nos por esse mundo, temos o dramaturgo Iago, que narra e participa da historia, e deixa claro desde a primeira página que não viu tudo o que esta relatando. Em suas próprias palavras: “Vou estofar como bonecos todas as partes que não vi”. Porém na maior parte das vezes em que ele floreia ou mesmo “imagina” como uma situação pode ter sido, ele tem uma espécie de “remorso” e sempre acaba nos revelando.

Iago teve apreço e respeito por parte do alto escalão da Igreja, mas se rebelou contra isso, estando no começo do livro no papel de fugitivo.

O inicio da historia nos revela duas profecias que acabaram de se cumprir: a primeira revelando a corrupção da Voz de Urag (título dado a uma mulher que se torna uma espécie de “receptáculo terreno de Deus”, ou seja, a profetisa que faz a comunicação dos homens com a divindade) e do surgimento de dois heróis para derrubá-la.

E a segunda diz que na verdade um dos dois heróis era um Soldado do Diabo disfarçado.

Mas e se tudo isso for mentira?

A narrativa acompanha principalmente mais dois personagens: Atreu e Jocasta.

Atreu é um guerreiro letrado e inteligente que não crê em Deus, e faz parte do grupo rebelde, sendo talvez, o centro de toda a narrativa. É considerado o Soldado do Diabo da profecia descrita anteriormente. Posteriormente ficamos sabendo suas motivações e como a Igreja o manipulou (ou deveria dizer, continua manipulando?).

Jocasta é uma menina pobre e inteligente que aparenta possuir alguma conexão com o sobrenatural e terá um destino muito maior do que imaginava para si.

Considero esse um dos melhores livros que li esse ano, e me arrisco a dizer que seja um dos melhores livros nacionais lançados. Leonel Caldela mostra uma narrativa adulta e uma criatividade espetacular. Sem contar os questionamentos levemente filosóficos a respeito de religiosidade escondidos no meio do enredo.

“Uma das coisas mais atraentes na religião, algo que mesmo agora não deixa de ter atrativos, é o raciocínio retroativo. Acontecesse o que acontecesse, era a vontade de Urag.”

Dois pontos nessa obra que me chamaram muito a atenção foram: a ambientação e a narrativa não linear.

Leonel não nos apresenta no primeiro capítulo todo o universo em que a historia esta inserida, mas permite que nós o descubramos aos poucos à medida que os personagens e suas historias são mostradas. Nesse caso a não-linearidade explorada pelo autor foi bem interessante, pois temos a oportunidade de saber mais a respeito do passado dos personagens.

Esse é um livro visceral. As mesmas páginas que falam a respeito de fundamentalismo religioso e dominação pela coerção, também estão cobertas de sangue e dejetos.

Quando falo visceral, quero dizer que Leonel não nos mostra aquela idade média bela e romântica de algumas obras, porém nos descreve com excesso de realismo, detalhes, sujeira, batalhas, ações bizarras e cinismo dos personagens. Nunca pensei que usaria essa palavra, mas determinados trechos da obra, são até “escatológicos”.

Devo adverti-los do vocabulário um pouco chocante usado no livro (fortemente NÃO recomendado aos mais novos). O autor não poupa o leitor com suas descrições. Destaque para a passagem de uma falsa profetisa pela vila da personagem Jocasta, que culminou em uma loucura coletiva e também a invasão feita pela Igreja, na Academia onde Atreu estudou quando jovem.

No entanto minha única critica a esse livro, está nos diálogos. Não que eles sejam superficiais, ou vazios, muito pelo contrário. Porém há uma dificuldade do autor em usar um verbo diferente de “dizer”, mesmo quando os personagens estão fazendo perguntas.

Trechos como “- Você é Iago? – DISSE o cardeal” são recorrentes.

Porém independente disso, o livro é excelente, e é um grande orgulho dizer que se trata de um autor nacional. Não sou critico literário, mas sei quando estou diante de um autor com potencial para ir muito longe.

Indico a todos que gostem de temáticas medievais e livros no estilo de Bernard Cornwell.

Não indico o livro aqueles que não gostem de criticas a religiosidade em geral, pois no livro a Igreja é colocada na posição de mera manipuladora da massa para beneficio próprio.

“Será minha vergonha para sempre – mas ali conheci os encantos da conformidade. Troquei minha mente por um delicioso cabresto. Entendi porque nada pode abalar os que abrem mão de si mesmos. Eles se entregam a um poder maior, dependem de qualquer coisa que venha de fora. A sensação de impotência era maravilhosa.”

Devo acrescentar que a frase final do livro me deixou louco para ter a continuação em mãos. Agora fico no aguardo de “Deus Máquina” que será lançado em 2011. Boa Leitura =]
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blyef 08/02/2011

"O caçador de Apóstolos - Leonel Caldela" Nada no céu...
Leia também aqui: http://towerofreading.blogspot.com/2011/01/resenha-o-cacador-de-apostolos-leonel.html



Haverá dois soldados. Um de Deus e um do diabo...

É assim que Leonel Caldela convida o leitor a mergulhar no mundo de “O caçador de apóstolos” e nos garante uma viagem em grande estilo.

Confesso que esta é a primeira vez que leio algo do autor, e posso dizer com convicção total: Ele é o cara!


Para quem já leu algo do Rubem Fonseca, acaba se identificando bastante com a leitura fluida e envolvente do livro de Caldela. E eu tive o prazer de ler uma coletânea de contos do Rubem uma semana antes de iniciar a leitura de “O caçador de apóstolos” e achei incrível. Não que Caldela copie o estilo nem nada, apenas porque se utiliza da mesma sintonia com o leitor na hora de contar a história como se realmente tivesse acontecido, levando-nos a crer que o autor não é Caldela, e sim o próprio Iago.


A história gira em torno de um escritor de origem humilde que, tendo seu talento descoberto pela igreja graças a uma companhia de teatro que ele acaba integrando e que chega a principal cidade, Ruiturus. Pode parecer pouco, mas Iago, além de narrador, é o principal responsável pelos momentos de tensão descritos no livro. Primeiro, porque a igreja se encanta tanto com ele que acaba por contratá-lo para escrever para eles. Mas não é tão simples. Acostumam-no na mordomia, mas tudo sempre tem um preço e, depois de pagar o seu, Iago torna-se a peça chave de um quebra-cabeça que é montado ao longo da história.

Urag que me perdoe, porque que soldado de Deus que nada, bom mesmo é o Atreu que, além de lindo (minha imaginação romântica realmente gostou dele), é, de longe, o filho-da-puta mais encantador da história, com o perdão da expressão. E ele nada mais é do que o soldado do diabo, em carne e osso. Ou somos levados a acreditar nisso, ou Urag nos pune dolorosamente. O papel dele, aliás, também é muito importante, pois ele nada mais é do que um dos fantoches do fantoche Iago. E a história em “O caçador de apóstolos” é a maior peça já escrita por Iago, onde todos os personagens sofrem de verdade, morrem de verdade e sofrem as consequências de seus atos como todo mundo. Com a única diferença de que este elenco gigante envolve o povo, generais, rebeldes e profecias. E os cardeais nada mais são do que os verdadeiros diretores desta eletrizante aventura cheia de guerra, sangue, derrotas, vitórias, fé e ceticismo, onde a palavra máxima pode vir da boca de Deus... Ou da boca dos homens.

Sinceramente, achei a história digna de um longa com pelo menos duas horas de duração, achem-me exagerada ou não, mas a leitura contamina com um desejo ávido de assistir na tela tudo o que somos capazes de imaginar apenas lendo.

As muitas páginas intimidam no início, mas basta ler a primeira para não querer mais largar o livro, e eu falo isso porque até em meio a um black-out no meu bairro em um certo dia de chuva não me fez parar de ler. Gastei velas e pilhas de lanterna lendo por horas, até a luz voltar, correndo o risco de aumentar o meu grau de miopia, mas por um delicioso motivo.

Com elementos geográficos e históricos riquíssimos demais saídos da mente de um único escritor, não tenho muito a dizer mais senão dizer que o Leonel Caldela me conquistou total como leitora e com o belo Atreu. Se eu fosse dar nota de 0 a 10, daria 5 por um único motivo, e espero que ninguém me odeie por isso: Quero ler “Deus Máquina” agora em 2011! Porque, se seguir o mesmo ritmo de “O caçador de apóstolos”, por não poder dar 20, terei que dar 10.

Mas, brincadeiras a parte, o livro é nota Dez, e eu mais do que recomendo a leitura. Simplesmente compre o seu ingresso e viaje loucamente pelas páginas desta história deliciosa e estonteante.


by Blyef @towerofwords/Tower of Reading (http://towerofreading.blogspot.com)
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RoFolDo 02/08/2012

Uma fantasia encantadora, ainda que imunda como a realidade.
Confira a resenha no blog Elhanor
http://elhanor.blogspot.com.br/2011/10/resenha-o-cacador-de-apostolos.html
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