O caçador de apóstolos

O caçador de apóstolos Leonel Caldela




Resenhas - O caçador de apóstolos


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blyef 08/02/2011

"O caçador de Apóstolos - Leonel Caldela" Nada no céu...
Leia também aqui: http://towerofreading.blogspot.com/2011/01/resenha-o-cacador-de-apostolos-leonel.html



Haverá dois soldados. Um de Deus e um do diabo...

É assim que Leonel Caldela convida o leitor a mergulhar no mundo de “O caçador de apóstolos” e nos garante uma viagem em grande estilo.

Confesso que esta é a primeira vez que leio algo do autor, e posso dizer com convicção total: Ele é o cara!


Para quem já leu algo do Rubem Fonseca, acaba se identificando bastante com a leitura fluida e envolvente do livro de Caldela. E eu tive o prazer de ler uma coletânea de contos do Rubem uma semana antes de iniciar a leitura de “O caçador de apóstolos” e achei incrível. Não que Caldela copie o estilo nem nada, apenas porque se utiliza da mesma sintonia com o leitor na hora de contar a história como se realmente tivesse acontecido, levando-nos a crer que o autor não é Caldela, e sim o próprio Iago.


A história gira em torno de um escritor de origem humilde que, tendo seu talento descoberto pela igreja graças a uma companhia de teatro que ele acaba integrando e que chega a principal cidade, Ruiturus. Pode parecer pouco, mas Iago, além de narrador, é o principal responsável pelos momentos de tensão descritos no livro. Primeiro, porque a igreja se encanta tanto com ele que acaba por contratá-lo para escrever para eles. Mas não é tão simples. Acostumam-no na mordomia, mas tudo sempre tem um preço e, depois de pagar o seu, Iago torna-se a peça chave de um quebra-cabeça que é montado ao longo da história.

Urag que me perdoe, porque que soldado de Deus que nada, bom mesmo é o Atreu que, além de lindo (minha imaginação romântica realmente gostou dele), é, de longe, o filho-da-puta mais encantador da história, com o perdão da expressão. E ele nada mais é do que o soldado do diabo, em carne e osso. Ou somos levados a acreditar nisso, ou Urag nos pune dolorosamente. O papel dele, aliás, também é muito importante, pois ele nada mais é do que um dos fantoches do fantoche Iago. E a história em “O caçador de apóstolos” é a maior peça já escrita por Iago, onde todos os personagens sofrem de verdade, morrem de verdade e sofrem as consequências de seus atos como todo mundo. Com a única diferença de que este elenco gigante envolve o povo, generais, rebeldes e profecias. E os cardeais nada mais são do que os verdadeiros diretores desta eletrizante aventura cheia de guerra, sangue, derrotas, vitórias, fé e ceticismo, onde a palavra máxima pode vir da boca de Deus... Ou da boca dos homens.

Sinceramente, achei a história digna de um longa com pelo menos duas horas de duração, achem-me exagerada ou não, mas a leitura contamina com um desejo ávido de assistir na tela tudo o que somos capazes de imaginar apenas lendo.

As muitas páginas intimidam no início, mas basta ler a primeira para não querer mais largar o livro, e eu falo isso porque até em meio a um black-out no meu bairro em um certo dia de chuva não me fez parar de ler. Gastei velas e pilhas de lanterna lendo por horas, até a luz voltar, correndo o risco de aumentar o meu grau de miopia, mas por um delicioso motivo.

Com elementos geográficos e históricos riquíssimos demais saídos da mente de um único escritor, não tenho muito a dizer mais senão dizer que o Leonel Caldela me conquistou total como leitora e com o belo Atreu. Se eu fosse dar nota de 0 a 10, daria 5 por um único motivo, e espero que ninguém me odeie por isso: Quero ler “Deus Máquina” agora em 2011! Porque, se seguir o mesmo ritmo de “O caçador de apóstolos”, por não poder dar 20, terei que dar 10.

Mas, brincadeiras a parte, o livro é nota Dez, e eu mais do que recomendo a leitura. Simplesmente compre o seu ingresso e viaje loucamente pelas páginas desta história deliciosa e estonteante.


by Blyef @towerofwords/Tower of Reading (http://towerofreading.blogspot.com)
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Nando 10/12/2010

Minha Resenha no Sobre Livros:
Originalmente publicada em:

http://www.sobrelivros.com.br/resenha-o-cacador-de-apostolos-leonel-caldela/

“A vida era linda e cheia de complexidades, e a maior parte delas fazia alguém sangrar.”

Na resenha de hoje, apresentarei a vocês O Caçador de Apóstolos, obra do autor Leonel Caldela, que foi gentilmente cedida para resenha pela Jambô Editora. Antes de entrar nos méritos do enredo, quero dar os parabéns pelo excelente trabalho editorial. Apesar de a capa ser fosca, a arte é belíssima e traduz muito bem o livro em si.

Agora, sem mais delongas vamos a história:

Ambientado em uma época medieval, o livro relata a opressão de um povo por parte da Igreja governante, destacando bem as diferenças sociais existentes, e focando em grupos rebeldes que lutam contra essa tirania.

Nota-se durante toda a leitura, uma profunda critica ao fanatismo e um eterno questionamento se realmente há um Deus – no caso do livro denominado Urag – assistindo aquilo tudo e interferindo de alguma forma.

Guiando-nos por esse mundo, temos o dramaturgo Iago, que narra e participa da historia, e deixa claro desde a primeira página que não viu tudo o que esta relatando. Em suas próprias palavras: “Vou estofar como bonecos todas as partes que não vi”. Porém na maior parte das vezes em que ele floreia ou mesmo “imagina” como uma situação pode ter sido, ele tem uma espécie de “remorso” e sempre acaba nos revelando.

Iago teve apreço e respeito por parte do alto escalão da Igreja, mas se rebelou contra isso, estando no começo do livro no papel de fugitivo.

O inicio da historia nos revela duas profecias que acabaram de se cumprir: a primeira revelando a corrupção da Voz de Urag (título dado a uma mulher que se torna uma espécie de “receptáculo terreno de Deus”, ou seja, a profetisa que faz a comunicação dos homens com a divindade) e do surgimento de dois heróis para derrubá-la.

E a segunda diz que na verdade um dos dois heróis era um Soldado do Diabo disfarçado.

Mas e se tudo isso for mentira?

A narrativa acompanha principalmente mais dois personagens: Atreu e Jocasta.

Atreu é um guerreiro letrado e inteligente que não crê em Deus, e faz parte do grupo rebelde, sendo talvez, o centro de toda a narrativa. É considerado o Soldado do Diabo da profecia descrita anteriormente. Posteriormente ficamos sabendo suas motivações e como a Igreja o manipulou (ou deveria dizer, continua manipulando?).

Jocasta é uma menina pobre e inteligente que aparenta possuir alguma conexão com o sobrenatural e terá um destino muito maior do que imaginava para si.

Considero esse um dos melhores livros que li esse ano, e me arrisco a dizer que seja um dos melhores livros nacionais lançados. Leonel Caldela mostra uma narrativa adulta e uma criatividade espetacular. Sem contar os questionamentos levemente filosóficos a respeito de religiosidade escondidos no meio do enredo.

“Uma das coisas mais atraentes na religião, algo que mesmo agora não deixa de ter atrativos, é o raciocínio retroativo. Acontecesse o que acontecesse, era a vontade de Urag.”

Dois pontos nessa obra que me chamaram muito a atenção foram: a ambientação e a narrativa não linear.

Leonel não nos apresenta no primeiro capítulo todo o universo em que a historia esta inserida, mas permite que nós o descubramos aos poucos à medida que os personagens e suas historias são mostradas. Nesse caso a não-linearidade explorada pelo autor foi bem interessante, pois temos a oportunidade de saber mais a respeito do passado dos personagens.

Esse é um livro visceral. As mesmas páginas que falam a respeito de fundamentalismo religioso e dominação pela coerção, também estão cobertas de sangue e dejetos.

Quando falo visceral, quero dizer que Leonel não nos mostra aquela idade média bela e romântica de algumas obras, porém nos descreve com excesso de realismo, detalhes, sujeira, batalhas, ações bizarras e cinismo dos personagens. Nunca pensei que usaria essa palavra, mas determinados trechos da obra, são até “escatológicos”.

Devo adverti-los do vocabulário um pouco chocante usado no livro (fortemente NÃO recomendado aos mais novos). O autor não poupa o leitor com suas descrições. Destaque para a passagem de uma falsa profetisa pela vila da personagem Jocasta, que culminou em uma loucura coletiva e também a invasão feita pela Igreja, na Academia onde Atreu estudou quando jovem.

No entanto minha única critica a esse livro, está nos diálogos. Não que eles sejam superficiais, ou vazios, muito pelo contrário. Porém há uma dificuldade do autor em usar um verbo diferente de “dizer”, mesmo quando os personagens estão fazendo perguntas.

Trechos como “- Você é Iago? – DISSE o cardeal” são recorrentes.

Porém independente disso, o livro é excelente, e é um grande orgulho dizer que se trata de um autor nacional. Não sou critico literário, mas sei quando estou diante de um autor com potencial para ir muito longe.

Indico a todos que gostem de temáticas medievais e livros no estilo de Bernard Cornwell.

Não indico o livro aqueles que não gostem de criticas a religiosidade em geral, pois no livro a Igreja é colocada na posição de mera manipuladora da massa para beneficio próprio.

“Será minha vergonha para sempre – mas ali conheci os encantos da conformidade. Troquei minha mente por um delicioso cabresto. Entendi porque nada pode abalar os que abrem mão de si mesmos. Eles se entregam a um poder maior, dependem de qualquer coisa que venha de fora. A sensação de impotência era maravilhosa.”

Devo acrescentar que a frase final do livro me deixou louco para ter a continuação em mãos. Agora fico no aguardo de “Deus Máquina” que será lançado em 2011. Boa Leitura =]
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