Tamy 24/02/2011Confesso: me decepcionei.Eu já perdoei os clichês de embasamento de Iron King por uma narrativa bem construída, com suspense e uma agitação crescente. Aceitei o clássico de “Dona Flor e seus dois maridos” por um personagem secular e um perigoso príncipe sedutor.
Porém, se eu pensei que o conto Winter’s Passage teria um gostinho de quero mais de Iron Fey, nossa, broxei completamente agora que terminei.
Para começar, a autora perdeu alguns pontos comigo quando fez a retrospectiva histórica de Meghan CHase: 363 páginas em dois parágrafos e meio, como se tudo o que eu li pudesse ser jogado fora por um “remember me?” de dois segundos. Tudo bem, algumas vezes isso é necessário, quando, por exemplo, J.K Rowling – Salve, salve! – iniciava os livros seguintes da série Harry Potter apresentando um “Nos episódios anteriores...”, porque havia um espaço grande entre eles e seu universo era completamente novo e complexo. Daí você diz, e agora é diferente? Sim e não. Julie pode ter seu próprio mundinho particular, mas isso é um conto, é um extra dentro da série, não um livro isolado ou a continuação, que precisa ser reapresentada. É um episódio ocorrido depois da última linha de Iron King e a apresentação era totalmente dispensável. Talvez tenha sido uma tática para começar o texto. #Fail.
Depois, até mesmo o meu anti-herói favorito e bonitão me decepcionou. Parecia que ele estava sofrendo de transtorno bipolar, mudando de idéia a cada piscar de olhos. Primeiro, era o cara sexy que abraçava Meghan e jurava ao pé do ouvido que iria protegê-la; em seguida, era uma cópia de Edward Cullen - semelhante até na frieza de seu ser (fisicamente falando, é claro) - alegando ser perigoso para a princesa.
E aquela cena “Você não deve confiar em ninguém, nem mesmo em mim” / “Eu confio em você” / “Não, você não pode”. GZUZ! Quer coisa mais crepusculesca e novelamexicanesca que essa? Julie, my dear, eu esperava mais de você nesse Iron Fey #1,5, truly. Em pensar que eu descaradamente elevei Julie Kagawa a um patamar acima, estilo De La Cruz, e ela me lança essa versão Meyer?
Bom, ao menos o Lobo Mau é mau de verdade, persegue mesmo e me faz torcer os dedos em apreensão temendo que finalizasse o trabalho para o qual foi “contratado” – ou desafiado, segundo ele. Uma caçada mais absorvente até mesmo que a de Meghan e Puck, mas, infelizmente, com uma justificativa meio desanimadora para algo tão misterioso e intenso.
Espero que Iron Daughter evolua na escala Richter a partir de Iron King e que Julie não o inicie com uma ”retrospectiva sobre Winter’s Passage para os fãs que não chegaram até ele”. Eu quero ação, suspense, sentir aquela apreensão que tanto me conquistou no início. Por favor, Julie Kagawa, não me decepcione. E não acabe com o Ash.