Os detetives selvagens

Os detetives selvagens Roberto Bolaño




Resenhas - Os Detetives Selvagens


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Rodolfo Vilar 03/10/2021

Um labirinto
É sempre assim, quando estou lendo Roberto Bolaño (como aconteceu em Noturno do Chile) eu fico me perguntando "pra onde essa história está me levando? SOCORRO! Risos. Mas o bom de ler Bolaño é exatamente essa sensação de vertigem que a literatura dele propõe. Você ao mesmo tempo pertence e não pertence a história.
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Em Detetives selvagens acontece a mesma coisa. Logo na primeira parte do livro quando somos apresentados ao personagem que dá voz a narração, Garcia Madero, sentimos que estamos caminhando numa trilha. García Madero nos conta, através de seu diário, um pouco sobre sua vida, principalmente sobre seu processo de amadurecimento, da sua busca pessoal em ser quem quer ser e sua aventura pela literatura mexicana. É nesse momento que ele é aceito por um grupo seleto de intelectuais chamado "Real-visceralistas", um grupo totalmente deslocado, excêntrico e que eles próprios não entendem o conceito do Real-visceralismo proposto pelos seus líderes Arturo Belano e Ulisses Lima. É durante essa narração das aventuras do personagem, e exatamente quando um fato x acontece, que somos transportados para a segunda parte do livro.
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Ao adentramos a segunda parte do livro somos inundados por mais de 30 vozes, com inúmeros personagens e situações numa espécie de "investigação selvagem", onde personagens emprestam a sua voz para relatar sobre sua relação com os dois principais sujeitos do grupo intelecto: Ulisses e Arturo. Contando fatos que se ligam ao dois (ou não), conhecemos as facetas e histórias de vida dessa dupla excêntrica em busca da fundadora do grupo Real-visceralista. Datas, fatos, comédias, dramas e muita muita referência literária é embutida nessa parte, fazendo de nós leitores os próprios "Detetives selvagens".
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Ler Bolaño não é fácil, mas é uma daquelas leituras que transformam ao fim. Repleto de humor, mas tbm de partes bem tristes e pesadas, o autor consegue usar de forma bastante madura o seu estilo de literatura, que busca levar o leitor a enxergar a arte e a literatura com outros olhos, dando ênfase que leitor e obra pode e devem estar sempre conectados. Deixo a minha indicação de uma obra bastante aclamada, cheia de camadas e transformadora.
Monara 21/04/2022minha estante
Que incrível.




EduardoCDias 28/09/2021

Considerado o romance mais importante da América Latina
Um grupo de jovens com pretensões literárias na cidade do México, resolve ressuscitar um movimento chamado re@l-visceralismo da década de 20, cuja musa e maior expoente era a poeta Cesarea Tinajero, da qual não se conhece nenhuma obra e que desapareceu sem deixar rastros. Os líderes do movimento decidem então sair pelo México à procura de pistas da poetisa. Dividido em três partes, esse livro considerado experimental é a obra-prima de Bolaños e seu principal personagem é seu alter-ego: Belano.
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arthur966 25/02/2021

na américa latina acontecem essas coisas, e é melhor não quebrar a cabeça tentando achar uma resposta lógica, quando às vezes não existe resposta lógica.

o que será que havia detrás da janela?
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Ju 04/02/2021

Caminhos
Bolaño é genialmente louco. Eu vi nesse livro os caminhos e as voltas que a vida dá por olhares externos. Os depoimentos mostram visões diferentes das mesmas pessoas, o diário do início e fim mostra a visão mais inocente.

Os real visceralistas e todo o seu redor. Dois poetas desajustados e toda uma geração de rebeldes.
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Alan360 12/10/2020

Simplesmente leia!
Livro sensacional. Difícil fazer uma resenha. Simplesmente leia!
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djoni moraes 06/10/2020

Construindo a literatura latinoamericana
OS DETETIVES SELVAGENS - ROBERTO BOLAÑO

Quem me conhece sabe que eu não perco a oportunidade de enaltecer a literatura hispano-americana. Grande parte desse carinho vem do fato de meu eu-leitor ter sido forjado a partir de leituras de Cortázar, Borges, Mutis, Márquez (e, por que não, Allende e Llosa). Sempre passei de lado da leitura de livros do Bolaño porque, para ser sincero, a curiosidade nunca foi tão grande ao ponto de me tirar da inércia. E que tonto eu fui!

Analisar esta obra indica dividir-nos em mil fragmentos diferentes que nos permitam, assim, observar de mil ângulos diferentes cada um dos temas abordados aqui (e estes são bastante variados: literatura, poesia, sexo e drogas (e rock and roll), revolução, filosofia, política, ditaduras, peregrinação em busca de si próprio, amor, ódio, esperança, medo e loucura.

O livro é dividido em três partes. A primeira e a terceira, narradas em primeira pessoa de forma epistolar/diário com a voz do jovem García Madero, e a segunda parte (sendo esta a maior parte do livro) contada através de vários personagens, que tem (ou eventualmente não) a ver com o enredo principal: a busca pela poetisa realvisceralista Cesárea Tinajero. Na segunda parte do livro, um investigador implícito procura pelo Belano e Ulises Lima, poetas centrais da nossa história. Esta busca acontece nos quatro continentes, e o registro da mesma se dá através das entrevistas a esporádicas testemunhas que o investigador interpola no seu caminho. Nesta parte do livro, o autor tenta conter as pesquisas principais para formar (quase que de uma forma de bildungsroman ou romance de formação - alô Thomas Mann) a narrativa, a linha de tempo totalmente caótica e o caráter de nossos protagonistas.

A busca por Cesárea Tinajero é praticamente uma desculpa para a reflexão crítica sobre a literatura. O que perseguem Lima e Belano, através de Tinajero, é uma das origens da poesia moderna mexicana, representada pelo movimento do “real visceralismo”, uma escola fictícia que graceja sobre os movimentos poéticos vanguardistas no México (e na américa latina). Quando vemos a busca por Belano e Lima, observamos que está construída numa série de crônicas que visa representar os personagens de uma juventude latinoamericana que encontrava-se no seu auge quando os grandes acontecimentos já tinham, enfim, acontecido - as revoluções sociais já tinham fracassado ou tinham se tornado instituições recém criadas, e a poesia vanguardista tinha estagnado.
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“...Segundo ele, os atuais real-visceralistas andavam para trás. Como para trás, perguntei. - Andam de costas, olhando para um ponto mas se afastando dele, em linha reta, rumo ao desconhecido” - Os detetives selvagens.

Um livro que pode ter mil interpretações, que te prende como um romance policial e que se constrói de maneira genial até alcançar um clímax que nem eu, nem você, estamos esperando. Se você é alguém que gosta de um bom “suspense” não-criminal e que gosta de (ou tem interesse em) discutir literatura, esta é uma ótima indicação.
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André Vedder 24/09/2020

Brilhante e original!
Bolaño dá uma aula de narrativa ao trazer um enredo com dezenas de vozes, onde o "personagem" principal da trama é a poesia e o espírito aventureiro que permeia seu enredo. E os verdadeiros “detetives” somos nós, leitores, que aos poucos vamos descobrindo e montando a trajetória dos poetas do chamado “Realismo Visceral”.
Acredito que seja um livro que se torna melhor ainda em uma possível releitura.

"Jacinto dizia enquanto preparava a comida de Franz e passeava pela nossa casa, o que os olhos não veem, o coração não sente, viver na ignorância é quase como viver na felicidade."

"Belano, falei, o cerne da questão é saber se o mal (ou delito, ou o crime, ou como quiser chamar) é casual ou causal. Se for casual, podemos lutar contra ele, é difícil de derrotar, mas há uma possibilidade, mais ou menos como dois boxeadores do mesmo peso. Se é causal, pelo contrário, estamos fodidos. Que deus, se é que ele existe, nos perdoe. Tudo se resumo a isso."
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Paulo 30/08/2020

Interpretamos a vida em momentos de máximo desespero
Este é um livro quase impossível de resenhar e absolutamente impossível de resumir o que é, ao mesmo tempo, incrível e frustrante. Bolano criou uma narrativa que tenta capturar a energia, as personalidades, a juventude e a argamassa que uniu os poetas mexicanos e latino-americanos em meados da década de 70. Parece que ele pegou todas as imagens poéticas, ideias e papéis de todos os poetas mexicanos perdidos durante os últimos 50 anos e os colocou sobre veludo preto para serem examinados. Encontrou poesia nós excessos dos reais visceralistas e em suas confissões semi autobiográficas. Bolano salta de capítulo em capitulo, de cidade em cidade, personagem a personagem e continua reinventado seu romance enquanto o escreve. Bravo!
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Ari 23/05/2020

Os detetives selvagens de Roberto Bolaño é um daqueles livros cuja a experimentação narrativa se mescla ao contexto político da ação. Em pleno subúrbio mexicano Arturo Belano, e Ulises Lima, vivem suas paixões intensas. Dentre elas a poesia e a literatura.
Dira 23/05/2020minha estante
Amiga, finalmente já tenho em mãos. O meu encontro com esse lindo vai acontecer ainda neste semestre. To alternando, autores negros, literatura nacional, clássico literário e literatura latina. Um por vez, tem lugar pra todo mundo. Hahahaha


Ari 23/05/2020minha estante
Que lindo! Assim poderemos falar sobre a experiência que é esse livraço. ?




Geian.Tregelles 03/05/2020

Um livro libertino e autêntico
O telos da obra é retratar um renascimento poético com traços biográficos. O livro deve ser dividido em duas partes, sendo a primeira fluida e de uma leitura agradável, na verdade até mesmo envolvente. Já na segunda parte, quando os traços biográficos começam a ser contados em dias como em um diário, a leveza começa a desaparecer. Vale a pena, uma das coisas relevantes é a demonstração do que acontece na aristocracia mexicana: sexo, drogas, brigas, risos etc, etc. É um livro que certamente te apresentará de forma autêntica uma maneira mexicana-libertina de ver o mundo.
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Romeu.Silveira 16/03/2019

entre protagonista e coadjuvante, ou vice-versa
Meu primeiro Bolaño e uma leitura sensacional. É como se o personagem coadjuvante do livro se tornasse o protagonista e os protagonistas virassem coadjuvantes, porque tudo que sabemos sobre eles é através de outras pessoas ou através do coadjuvante, que não é coadjuvante, mas o narrador da primeira e terceira parte do livro e que também não pode ser considerado protagonista, porque na verdade quem é o protagonista da história é o leitor, que é o verdadeiro detetive em busca de desvendar o paradeiro dos dois poetas real-visceralistas. A segunda parte, que é o miolo do livro, na minha opinião pode ser considerado um livro de contos, já que a variedades de histórias e acontecimentos sem qualquer relação com a história é imensa; e isso não é uma crítica, porque a construção de tudo é genial, e diria até, viciante. Acho que sentirei saudades dos personagens do livro.
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Leo 18/09/2018

A realidade é visceral, amigo.
Ontem li um rapaz comentando que derrubou os livros de uma moça; ajudou-a a recolher e então lembrou dos filmes onde grandes paixões nascem assim. Abriu um sorriso e ela, ao notar, comentou algo como: "o que é tão engraçado em derrubar meus livros, babaca?"

E foi embora. O rapaz, resignado, concluiu: a realidade é uma merda.

A tragicômica história tem muito a ver com o livro que, por coincidência, terminei ontem: Os Detetives Selvagens, clássico da literatura chilena escrito por Roberto Bolaño.

A ficção é feita para ser conforto. Esteriótipos de felicidade, sucesso, bem estar, preenchem telas e páginas. O casal feliz, o objetivo cumprido, o bem vencendo o mal, o herói derrotando o vilão. O coração dispara, a barriga gela, ficamos tensos. No final, dá tudo certo, e podemos viver nossas vidas com um sorriso a mais no rosto.

Não em Detetives Selvagens.

A trama gira em torno de um grupo de jovens poetas: os real-visceralistas. Universitários, boêmios, matam aulas em bares ou cafés, conhecendo as drogas e o sexo, alimentando sonhos de viajar pelo mundo. O livro não apresenta qualquer poema real-visceralista. Todavia podemos entendê-lo ele próprio dentro desta definição.

A despeito dos sonhos e boemia, existe uma realidade, dura e visceral, que se impõe aos personagens sem que haja muito a ser feito. Dificuldades de emprego, amores frustrados, impotência sexual, morte, doenças, golpes de Estado, guerras civis. Amizades que se iniciam e acabam, pessoas que vem e vão.

Não há grandes planos, um Destino manifesto que nos garanta a felicidade dos filmes de herói e bandido. A vida segue seu rumo, e este pode acabar em uma estabilidade que te mate de tédio ou, quem sabe, num precipício que te acabe de vez. Não espere redenção, não espere sentido, não espere o sorriso. Nada te garante.

Quando comecei a obra, pensei em se tratar de um romance policial. Enganei-me. Os detetives do título não são personagens do livro: somos nós, leitores. A investigação não é sobre algum crime violento, é da própria realidade e de como é selvagem, fluída, anárquica, muito distante das utopias da juventude e do felizes para sempre antes dos créditos finais.

Detetives Selvagens é uma obra áspera, filosófica e complexa.

Uma das mais prazerosas que li. A sensibilidade e profundidade das diversas personagens, as ideias refinadas, as reflexões plurais e diversas.

Uma das mais dolorosas que li. É duro ter esfregado na cara que seu grande amor não vai acontecer de um esbarrão. Ou que, mesmo que aconteça, este mesmo grande amor pode se tornar um fracasso que passa os dias comendo para engordar e bebendo até a embriaguez.

Afinal, a realidade é selvagem, camarada.
A realidade é visceral.

Não recomendo a ninguém.
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